Ambos têm muito em comum, começando pela espionagem. Le Carré, cujo nome real é David Cornwell, trabalhou para os serviços de Inteligência britânicos entre 1950 e 1964 e se dedicou inteiramente à literatura após o sucesso de O espião que saiu do frio, o primeiro papel importante de Smiley, em 1963.
Além disso, o autor completará 86 anos em outubro, e seu personagem fictício tem em torno dessa idade. Os dois atuaram na Guerra Fria que opôs o bloco comunista aos países ocidentais, uma mina para romances de espionagem. A inspiração de Le Carré não sofreu com a queda do Muro de Berlim. Seu romance seguinte sobre o comércio de armas, The night manager (O gerente noturno), em 1993, foi adaptado para uma série de televisão de sucesso.
CARÁTER
John e George compartilham certos traços de caráter. “É difícil para ambos lembrar momentos felizes. Não é algo que aconteça comigo naturalmente, eu tenho que me esforçar”, explicou o escritor ao Times. Eles compartilham a discrição, e é inútil procurar Le Carré nas colunas sociais.
As ideias políticas de ambos também são próximas. “Escrevi o livro em uma espécie de frenesi durante Trump e o Brexit. Odeio toda essa operação do Brexit, assim como Smiley”, desabafou Le Carré ao Times, referindo-se à decisão britânica de deixar a União Europeia. “Todos os governos culpam a Europa por seus próprios fracassos, porque nunca se envolveram com a ideia de uma Europa unida”, critica.
Embora as aborrecidas negociações para a saída da UE dificilmente inspirem um romance de espionagem, o Smiley de A legacy of spies se mostra profundamente europeu. Quando seu ex-assistente Peter Guillam pergunta ao espião se ele trabalhou toda a sua vida para o Reino Unido, ele responde: “Não, para a Europa”.
Le Carré abordou a questão, explicando que a Guerra Fria consistiu, para Smiley, na luta pela “alma da Europa”. “Foi, para ele, a frente de batalha da Guerra Fria. Foi onde lutou pela alma da Europa. Então, quando olha para trás – como eu faço, neste caso –, ele vê a futilidade de tudo isso.” (AFP)
Homem de Aço protege imigrantes
Os vilões já não são mais os gênios do mal ou alienígenas invasores: Super-Homem tem agora a missão de proteger imigrantes dos abusos de supremacistas brancos.
Na última edição da série Action comics, que publica as aventuras do Super-Homem desde 1938, o Homem de Aço age para impedir um operário desempregado de matar imigrantes.
Com camisa azul e bandana com as cores da bandeira dos Estados Unidos, o vilão bigodudo representa todos os clichês que cercam o trabalhador americano pobre. De arma na mão, ele ameaça mulheres de véu e arremete contra hispânicos, os quais acusa de roubar seu emprego.
“Trabalham por quase nada, não falam inglês e assim não podem exigir nem um centavo a mais. Tomaram o meu trabalho! Meu modo de vida! Por tudo isso, vão pagar”, diz o operário antes de atirar. Porém, no momento exato aparece o Super-Homem, desviando as balas com seu peito para salvar os imigrantes. “A única pessoa responsável por sua escuridão, que sufoca a sua alma, é você”, diz o herói de capa vermelha ao supremacista branco.
O episódio evoca a recente violência em manifestações de extremistas de direita nos Estados Unidos, como ocorreu em agosto passado, em Charlottesville, na Virgínia.