“Há um bom tempo não fazia uma exposição individual. Calhou de ela ser inaugurada justamente em Belo Horizonte, de onde saí aos 18 anos. Tenho uma relação afetiva com BH, embora pouco frequente. Achei muito bacana esse retorno. Sem contar que das nove obras expostas, sete foram produzidas a partir do meu reencontro com o Brasil. É uma volta completa mesmo”, comenta.
Apesar de ter como tema principal os jogos, a alteridade e a identidade, Chico destaca que Tropikos reflete muito de suas vivências.
De Rondônia, Amaral viajou cerca de três mil quilômetros de ônibus até Brasília, onde sua carreira se consolidou. “Cheguei a trabalhar na editoria de arte de vários jornais, inclusive do Correio Braziliense (onde colecionou vários prêmios), e fiz faculdade de artes no Dulcina de Moraes e depois na Universidade de Brasília (UnB). Naquela época não tinha curso de design e me encantei com o universo artístico”, relembra.
Chico Amaral começou a participar de salões, mostras e outros eventos de artes visuais. “Descobri esse caminho tardiamente, por volta dos 27 anos, e me encantei. Na virada de 1999 para 2000, estava no auge tanto no jornalismo quanto nas artes plásticas, mas acabei me mudando para Barcelona, onde trabalhei com design gráfico”, conta.
Em 2011, ainda na Catalunha, ele foi um dos vencedores do Prêmio Ibram de Arte Contemporânea, na categoria artista emergente, com Retrato falado. “Com essa premiação, sustentei três meses da Paradigmas, galeria e espaço cultural que abri em Barcelona com minha mulher”, destaca.
RIO Chico Amaral ficou 12 anos na Espanha. Voltou ao Brasil a convite de O Globo, onde trabalha até hoje. No Rio de Janeiro, além de se dedicar ao jornal, o mineiro mantém ateliê no bairro portuário do Santo Cristo. A maior parte das obras da nova exposição foi criada lá.
“A questão dos jogos está presente no meu trabalho há muito tempo.
Outra obra, que prioriza a interatividade, é o conjunto de liga-pontos impresso em papel no formato A4. Quando o público entra no jogo, gravuras formadas por pontos coloridos numerados revelam várias coisas, como frases, notas sobre o entorno e a pessoa. A regra é simples: basta ligar os pontos seguindo a numeração. “A mostra é um recorte interessante da minha produção recente”, resume Amaral. (ACB)
CHICO CONVIDA CHICO
O designer e artista plástico Chico Amaral já perdeu as contas de quantas vezes o confundiram com o compositor e saxofonista Chico Amaral. Ambos nasceram em Belo Horizonte e se dedicam ao universo das artes. “Fisicamente, nunca nos confundiram, pois não somos parecidos. Mas muita gente, quando fala em mim, faz associação com o músico. É uma confusão legal, ele também é multiartista.
Tropikos: Anotações sobre o entorno e a pessoa
Obras de Chico Amaral. Abertura na quarta-feira (13/9), às 19h.
Em cartaz até 6 de novembro, no CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários)
De quarta a segunda-feira, de 9h às 21h. Entrada franca.
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