Artista Plástico Chico Amaral retorna a BH com exposição inédita

Mostra Tropikos: Anotações sobre o entorno e a pessoa estreia nessa quarta-feira, no CCBB

Ana Clara Brant

 

 

O lugar das coisas, de Chico Amaral, integra a mostra Tropikos, que será aberta nessa quarta-feira - Foto: Wilton Montenegro/divulgação

A palavra tropikos, de origem grega, significa volta completa. Por uma feliz coincidência, o artista plástico e diretor de arte Chico Amaral, de 53 anos, retorna a BH, onde nasceu, para apresentar uma exposição inédita. A mostra Tropikos, Anotações sobre o entorno e a pessoa será aberta na quarta-feira (13/9), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e ficará em cartaz até 6 de novembro.


“Há um bom tempo não fazia uma exposição individual. Calhou de ela ser inaugurada justamente em Belo Horizonte, de onde saí aos 18 anos. Tenho uma relação afetiva com BH, embora pouco frequente. Achei muito bacana esse retorno. Sem contar que das nove obras expostas, sete foram produzidas a partir do meu reencontro com o Brasil. É uma volta completa mesmo”, comenta.


Apesar de ter como tema principal os jogos, a alteridade e a identidade, Chico destaca que Tropikos reflete muito de suas vivências.

Uma aventura adolescente o fez deixar Minas rumo a Porto Velho, onde morava um amigo. Acabou ficando um ano e meio na capital de Rondônia, onde começou a trabalhar em um jornal. “Fui pra lá motivado pelas artes. A gente mexia com serigrafia, teatro de bonecos, e aí surgiu a oportunidade de ir para a redação. Fazia de tudo um pouco – diagramação, era repórter”, conta.


De Rondônia, Amaral viajou cerca de três mil quilômetros de ônibus até Brasília, onde sua carreira se consolidou. “Cheguei a trabalhar na editoria de arte de vários jornais, inclusive do Correio Braziliense (onde colecionou vários prêmios), e fiz faculdade de artes no Dulcina de Moraes e depois na Universidade de Brasília (UnB). Naquela época não tinha curso de design e me encantei com o universo artístico”, relembra.


Chico Amaral começou a participar de salões, mostras e outros eventos de artes visuais. “Descobri esse caminho tardiamente, por volta dos 27 anos, e me encantei. Na virada de 1999 para 2000, estava no auge tanto no jornalismo quanto nas artes plásticas, mas acabei me mudando para Barcelona, onde trabalhei com design gráfico”, conta.


Em 2011, ainda na Catalunha, ele foi um dos vencedores do Prêmio Ibram de Arte Contemporânea, na categoria artista emergente, com Retrato falado. “Com essa premiação, sustentei três meses da Paradigmas, galeria e espaço cultural que abri em Barcelona com minha mulher”, destaca.

RIO Chico Amaral ficou 12 anos na Espanha. Voltou ao Brasil a convite de O Globo, onde trabalha até hoje. No Rio de Janeiro, além de se dedicar ao jornal, o mineiro mantém ateliê no bairro portuário do Santo Cristo. A maior parte das obras da nova exposição foi criada lá.


“A questão dos jogos está presente no meu trabalho há muito tempo.

Em Tropikos, há Desassossego, feito com baralhos. As trilhas de cartas vão mudando e suscitam histórias que podem ser minhas ou não”, explica.


Outra obra, que prioriza a interatividade, é o conjunto de liga-pontos impresso em papel no formato A4. Quando o público entra no jogo, gravuras formadas por pontos coloridos numerados revelam várias coisas, como frases, notas sobre o entorno e a pessoa. A regra é simples: basta ligar os pontos seguindo a numeração. “A mostra é um recorte interessante da minha produção recente”, resume Amaral. (ACB)

 

 

CHICO CONVIDA CHICO
O designer e artista plástico Chico Amaral já perdeu as contas de quantas vezes o confundiram com o compositor e saxofonista Chico Amaral. Ambos nasceram em Belo Horizonte e se dedicam ao universo das artes. “Fisicamente, nunca nos confundiram, pois não somos parecidos. Mas muita gente, quando fala em mim, faz associação com o músico. É uma confusão legal, ele também é multiartista.

Minha irmã, a cantora Patrícia Ahmaral, o conhece, mas nunca o encontrei. Até pedi pra alguns amigos em comum o convidarem para a abertura da minha exposição em BH. Vai ser divertido se nos encontrarmos”, afirma.

 

Tropikos: Anotações sobre o entorno e a pessoa

Obras de Chico Amaral. Abertura na quarta-feira (13/9), às 19h.

Em cartaz até 6 de novembro, no CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários)

De quarta a segunda-feira, de 9h às 21h. Entrada franca.

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