Exposição de arte é cancelada após pressão de grupos conservadores

Mostra 'Queer Museum: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira' estava em cartaz desde agosto e despertou críticas de grupos religiosos e do Movimento Brasil Livre

Diário de Pernambuco
Um dos quadros expostos retratava imagens que simbolizavam crianças, com as frases 'Criança viada deusa das águas' e 'Criança viada travesti da lambada'. - Foto: Facebook/Reprodução
Uma exposição sobre ''diversidade sexual na arte'' foi cancelada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, após receber uma série de críticas de grupos conservadores. Com mais de 270 obras de 85 artistas a exposição contava com obra de artistas consagrados como Leonilson, Lygia Clark e Adriana Varejão.

A mostra Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira  entrou em cartaz no Santander Cultural da cidade no dia 15 de agosto e recebeu protestos e reclamações nas redes sociais e na própria instituição por promover ''imoralidade'', ''blasfêmea'', ''pedofilia'' e ''zoofilia'', de acordo com o Movimento Brasil Livre (MBL) e grupos religiosos, que capitanearam o boicoite.
 
Em nota, a instituição afirmou reconhecer que as obras presentes ''desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas'', o que ''não está em linh''" com a visão de mundo da empresa. 

Um dos quadros expostos retratava imagens que simbolizavam crianças, com as frases ''Criança viada deusa das águas'' e ''Criança viada travesti da lambada''. Outra obrava continha Jesus Cristo crucificado com vários braços, segurando um celular, um cachorro quente, um tênis e outros objetos. Havia, também, a representação de Nossa Senhora segurando um bebê macaco, ao lado da personagem infantil Galinha Pintadinha
 
''Sim, o MBL pressionou para que não acontecesse. Uma coisa é defender que todos sejam tratados de maneira igual, independentemente de orientação sexual, outra coisa é usar dinheiro da Lei Rouanet para financiar uma amostra para crianças que conta com pedofilia e zoofilia. Criem vergonha na cara, canalhas!'', argumentou Kim Kataguiri, um dos representantes do grupo. Nelson Marchezan Jr. (PSDB), prefeito de Porto Alegre com apoio do MBL, também se posicionou contra a mostra. 

''O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão.
Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade'', diz o comunicado da empresa. ''Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana'', acrescenta. 
 
 
.