Festival da Gentileza convida o cidadão a não se tornar refém da ditadura do tempo e da intolerância

Praça Floriano Peixoto receberá shows, feiras, piquenique e aulas de yoga

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Márcia Maria Cruz
Em 2016, fitas coloridas com frases convidando à reflexão sobre a vida encantaram os participantes do 1º Festival Gentileza, realizado na Praça da Liberdade.
Muita gente aproveitou para fazer selfies e gravar vídeos no portal montado por lá. De hoje a domingo, ele ficará na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia. “A vontade era podermos circular por todas as praças da cidade”, afirma Patrícia Tavares, idealizadora do projeto Verbogentileza, que promove o evento.
Domingo à noite, a cantora paulista Ná Ozzetti vai se apresentar com o irmão, Dante - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press
A iniciativa tem três frentes: criação de conteúdo inspirador no ambiente on-line; ações que inspirem o engajamento no dia a dia da cidade (como pintura de muros abandonados ou distribuição de flores); e o festival em si.

“Em 2016, as pessoas tinham de escrever no mural o que gostariam de fazer antes de morrer. Elas querem falar, colocar a emoção pra fora. Porém, a escuta está muito difícil atualmente”, diz Patrícia. O evento oferecerá aulas de kundalini yoga, piquenique, feira de publicações independentes e de design, contação de histórias, gastronomia e cinema. Tudo de graça.

Para propor ações que tornem a metrópole mais gentil, foram convidados os coletivos Benfeitoria, Nossa Grama Verde, Quartoamado, Beagá Cool, Micrópolis, Cine Growler e Mordô Gourmet.
Será montado o mapa da gentileza, em que as pessoas poderão apontar ações já realizadas em BH. “Tem muita gente trabalhando pelo afeto e por uma vida urbana melhor. Queremos potencializar essas ações”, pondera Patrícia.

Para chegar ao tema desta edição – tempo, cidade e arte –, a organização buscou compreender por que as pessoas estão deixando de ser gentis. “Uma resposta é a questão do tempo. Ele nos massacra, as pessoas não conseguem ter uma boa interação. Estão sempre ocupadas, com pouco tempo para contemplar. Diante de tanto conteúdo no mundo, apresentado de maneira desorganizada, elas andam como baratas tontas. O tempo é opressor”, afirma Patrícia.

SHOWS Os irmãos Ná e Dante Ozzetti vêm de São Paulo para se apresentar. “É a nossa versão duo. Vamos mostrar um pouco de cada disco que lançamos”, diz a cantora. O show contará com a participação de Patrícia Bastos, de Macapá. “Quando nos fizeram o convite para o festival, pensei: será maravilhoso. Neste mundo de hoje, em que as pessoas não têm tempo, precisamos de espaços que chamam a atenção para a gentileza.
Essa ideia só poderia partir do povo mineiro”, afirma Ná.

Desvio, Mustache e Os Apaches, Iconili, Marcos Frederico Quinteto e Raquel Coutinho são outras atrações. Hoje, haverá encontro de chorões. Cícero Gonzaga (acordeom), Helio Pereira (bandolim), Silvio Carlos (violão de sete cordas) e Zito do Pandeiro interpretarão clássicos de Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim.


PROGRAMAÇÃO

SEXTA (21/7)

Portal da Gentileza e Mapa da Gentileza (16h30). Encontro de chorões (17h). Show do Rebecca Kleinmann Trio (19h). Exibição de filmes mineiros (20h às 22h)

SÁBADO (22/7)

Mapa da Gentileza (8h às 20h). Feira Nossa Grama Verde (10h às 18h). Piquenique (14h às 15h30). Feira de produtores da periferia (14h às 20h). Shows do Desvio (16h) e de Mustache e Os Apaches (18h30) e Iconili (19h)

DOMINGO (23/7)

Mapa da Gentileza e Portal da Gentileza (8h às 20h).
Jardim comestível (10h às 12h). Shows de Raquel Coutinho (17h30), Ná Ozzetti, Patrícia Bastos e Dante Ozzetti (19h)

Praça Floriano Peixoto, Bairro Santa Efigênia

FEIRAS


O evento reunirá várias feiras: fresca (com venda de hortaliças), das flores (realizada na região do Colégio Arnaldo), de design, de produções independentes e de empreendedores da periferia, como os projetos Lá da Favelinha, Fica Ryca na Favela e Fa.Vela.“Queremos dar destaque a empreendedores que nem sempre conseguem entrar em outras feiras da cidade”, afirma Sérgio Souto, idealizador do projeto BH Cool.

Tem muita gente trabalhando pelo afeto e por uma vida urbana melhor. Queremos potencializar essas ações - Patrícia Tavares, criadora do projeto Verbogentileza
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