Artistas se encantam com a receptividade do público de BH

Atrações que movimentaram recentemente a agenda cultural da capital mineira revelam histórias divertidas e cheias de curiosidades

Helvécio Carlos
Beatriz Rabello diz que o mineiro tem relação intensa com a arte - Foto: Alba Vasconcelos/divulgação
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o palco, eles emocionam fãs de todas as idades. E é também no palco que músicos e atores criam empatia com Belo Horizonte. Atrações que movimentaram recentemente a agenda cultural de BH revelam histórias divertidas e cheias de curiosidades, como o dia em que o baiano Luís Miranda descobriu, na plateia da comédia Sete contos, um de seus ídolos. A cantora Beatriz Rabello não esperava tanto carinho dos fãs durante a apresentação com o pai, Paulinho da Viola. O ator Ricardo Monastero não se esquece de uma fã aos prantos. E Sérgio Reis tem saudades de seus shows no Parque da Gameleira.


“Sempre gostei do trabalho do Vander Lee. Certa vez, ele foi ver a peça, acho que levado pela (produtora) Tatyana Rubim”, conta Luís Miranda. No início da comédia Sete contos, o ator costuma brincar com referências da cidade onde se apresenta.

“Naquele dia, cantarolei uma música do Vander Lee sem saber da presença dele na plateia”, relembra. O encontro foi uma das alegrias de suas temporadas em BH. “Saímos para jantar e nos tornamos amigos. Fiquei extremamente triste com a morte dele, um grande representante da música brasileira”, diz.


Luís Miranda concorda com músicos, diretores e atores que não se cansam de elogiar as plateias mineiras. “Seja em meu espetáculo solo, nas sessões de Terça Insana ou nas temporadas com o grupo Teatro da Vertigem, o público sempre foi acolhedor”, diz, observando que a cidade tem uma grande tradição cultural. “Mesmo em tempos de crise, ainda há público para prestigiar as produções”, elogia.

SAUDADES
Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil com a peça Sobre ratos e homens, o ator Ricardo Monastero está na cidade há um mês e meio. No palco, contracena com Ando Camargo. Ele confessa: já sente saudades de BH, de onde se despede amanhã. Vai levar na lembrança o Mercado Central, “onde passávamos as tardes almoçando”. Foi lá que Ricardo comprou as tradicionalíssimas cachaças que guarda em casa, na capital paulista.


O ator diz que sentirá falta dos mineiros. Conta que, logo depois de uma das sessões, foi abordado por uma mulher, aos prantos, emocionada com George, seu personagem. “O público se encanta com a dramaticidade do texto. É assim todas as noites.

Começamos com meia casa em BH e, agora, na reta final, estamos lotando”, comemora.
Monastero relembra com carinho o seu encontro com alunos do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado. Adorou a oportunidade de discutir com aqueles jovens os desafios enfrentados por quem se dedica ao ofício das artes cênicas.

INTENSIDADE
No dia 8, Beatriz Rabello, filha de Paulinho da Viola, lotou o Teatro Bradesco, em Lourdes, com um show emocionante para lançar o disco solo Bloco do amor. Os dois foram aplaudidíssimos. “Adoro cantar em Belo Horizonte. Sempre fui muito bem recebida, tanto como backing vocal do meu pai quanto em meus shows”, diz. “Minas tem uma cena musical muito forte, muito antiga. Tenho a impressão de que os mineiros se relacionam com arte de forma intensa. São realmente admiradores: prestigiam, participam, estão sempre atentos ao que está acontecendo”.


A valorização da arte e do artista é uma bênção, acredita a filha de Paulinho da Viola. “Todas as vezes que saio daí, levo uma grande vontade de voltar. É uma terra de pessoas muito receptivas, interessadas, atentas, acolhedoras e consumidoras de arte”, emenda.


Beatriz aponta o carinho da plateia no dia 8.

“Não imaginava que seria tão bem recebida. Fiquei emocionada no palco, senti o público em sintonia com o que a gente estava apresentando”.

GAMELEIRA
Naquela mesma semana, no Chalezinho, Sérgio Reis fez a festa dos fãs. Bom de papo, ele cita, entre as lembranças que guarda da capital mineira, o show em que bateu recorde de público. “Foram 85.600 pessoas. Tenho saudade daquelas apresentações no Parque da Gameleira. É o carinho do mineiro comigo e vice-versa. Vocês abusam de mim, me mimam e eu adoro”, brinca.


Atração da Esplanada do Mineirão no dia 8, Wesley Safadão destaca a energia dos fãs. “É algo que não dá para descrever”, garante, dizendo que BH é animada e o mineiro gosta de dançar. Admirador da cozinha mineira, o cantor cearense garante: “Não tem como ir a Minas e deixar de comer um bom pão de queijo”.

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