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Catalã tenta provar que é filha do pintor Salvador Dalí

Pilar Abel Martínez, de 62 anos, cuja mãe era empregada de amigos do pintor, conseguiu na justiça ordem de exumação do corpo do artista falecido em 1989 para comparação de DNA

Estado de Minas
Pilar Abel Martínez afirma que sua avó lhe contou que era filha biológica do surrealista catalão - Foto: LLUIS GENE/AFP
Uma juíza de Madri, a capital espanhola, ordenou nesta semana a exumação dos restos do pintor Salvador Dalí, falecido há 28 anos, com o objetivo de determinar se o artista é o pai biológico da catalã Pilar Abel Martínez, de 62 anos.

“O juizado de Primeira Instância nº 11 de Madri ordenou a exumação do corpo do pintor Salvador Dalí, com o objetivo de obter amostras dos restos mortais para determinar se ele é pai biológico de uma mulher de Gerona”, indica o serviço de comunicação do Tribunal Superior de Justiça de Madri.

Pilar Abel Martínez apresentou uma queixa para ser reconhecida como filha do artista. “O estudo do DNA do corpo do pintor é necessário ante a falta de outros restos biológicos ou pessoais com os quais realizar a comparação”, afirmou a justiça. A família de Dalí pode recorrer da decisão.

O catalão Salvador Dalí, uma das figuras mais destacadas do surrealismo, morreu aos 84 anos, em 24 de janeiro de 1989, em um hospital de Figueras, depois de uma vida intensa e agitada, alimentada por suas criações geniais e suas extravagâncias.

Rico e desesperado, viveu seus últimos sete anos recluso em seu castelo de Púbol, a poucos quilômetros de Gerona, rodeado de cuidadores e ajudantes. Ele se mudou para lá para não se separar de sua esposa Gala, que morreu em 1982 e foi enterrada em uma cripta especialmente preparada para ela. Ao lado, havia outro túmulo para o artista, que por fim foi enterrado em seu museu em Figueras.

Pilar Abel Martínez, que durante anos se dedicou à vidência, tenta há uma década provar que, como lhe disse sua avó quando era criança, é filha do pintor catalão. Segundo seu relato, ela foi concebida no período em que sua mãe trabalhava como empregada de amigos de Dalí no enclave costeiro de Port-Lligat (Cadaqués), onde o pintor passava longas temporadas. Sua mãe acabou se casando com outro homem antes de ela nascer. (AFP)



QUATRO PERGUNTAS PARA

Pilar Abel Martínez
vidente catalã

Como a senhora avalia a ordem de exumação dada pela juíza responsável pelo caso em Madrid?
É uma grande vitória, mas ainda falta a vitória maior, e tenho certeza de que esta chegará.
Seria um alívio que você nem imagina. Por fim saberia quem sou realmente e seria reconhecida. Não quero o patrimônio dele. Se vier, tudo bem, mas é a última coisa que quero. Primeiro quero a minha identidade.

Quando a senhora descobriu que Dalí supostamente era seu pai?
Com sete, oito anos minha avó me explicou. Chegou para mim e disse: “Eu sei que você não é filha do meu filho, que o seu pai é um grande pintor, mas isso não faz com que eu te ame menos”. E me disse o nome, Dalí. Mas fiquei calada durante muito tempo, porque havia problemas na minha casa, coisas de casal. Suponho que era por isso, porque, se minha avó sabia, imagino que havia dito algo ao meu pai.

Quando questionou sua mãe sobre isso, o que ela lhe disse?
Em 2007 eu perguntei a ela: você esteve com Dalí, meu pai é o Dalí.? E ela me disse: “Sim, e olha que esse homem era feio, mas tinha seu encanto. Faça o que você quiser, eu não quero mais nada com isso”. Essas foram suas palavras. Ela não conta muito da relação, quase nada, mas me encoraja a continuar fazendo isso.

A senhora é de Figueras, como Dalí. Vocês se conheciam pessoalmente, alguma vez se falaram?
Quando era pequena, eu o via, mas então esse homem me dava medo por seu aspecto e pelo modo como se vestia.
Mais para a frente, quando eu trabalhava em uma procuradoria na Rambla de Figueras, sempre nos cruzávamos. Não nos falávamos, eram só olhares. Mas um olhar vale mais do que mil palavras..