Ciro Ítalo é natural de Natal, no Rio Grande do Norte. Até cinco anos atrás, ele se dedicava à carreira na biblioteconomia, até que resolveu trocar os livros pelas fitas, inspirado por um espetáculo de dança contemporânea. “Não me lembro do nome da peça, mas me encantei muito e resolvi que queria fazer aquilo na biblioteca onde eu trabalhava, para que as pessoas também tivessem aquela sensação. Tentei de tudo, mudei estante de lugar, fiz exposição, mas não percebia nas pessoas essa mudança, então procurei algo maior”, conta o potiguar.
Depois de se iniciar nas aulas de dança contemporânea, ele aproveitou o contato com a arte para resolver um drama de seu passado diante de uma oportunidade que a vida lhe reservou. “Eu tinha um problema com o circo, um caso mal resolvido. Quando criança, minha mãe me levou com minha irmã e, quando voltei, soube que meu pai havia morrido. Então associei uma coisa com a outra e nunca mais quis saber de circo.
MEMÓRIAS
Interessado pelas formas geométricas e pela sutileza dos movimentos, Ciro Ítalo começou uma pesquisa em torno dos tecidos acrobáticos logo que se formou, há dois anos. Daí surgiu o número Entrelace, que ele apresentará em BH. Durante os cinco minutos de performance, o artista fica suspenso entre as longas fitas de tecidos. “Criei esse número para minha mãe. É sobre memórias. Usei esses tecidos como uma paixão da minha mãe que não deu certo e desencadeou uma depressão e uma esquizofrenia que a fez se esquecer de mim e da minha irmã. O pano vermelho simboliza a paixão que foi se quebrando, e as formas geométricas são formas de se relacionar que foram se modificando até deixarem de existir”, explica.
Além dele, outros cinco artistas circenses apresentam seus números. Um uruguaio (Adrian Martinez), um argentino, um peruano, além da ítalo-brasileira Claudia Franco e do também brasileiro Lucas Castro. Eles foram selecionados entre quase 200 inscritos de todo o mundo. “A Mostra de Números Circenses vai ser uma das melhores que a gente já fez. Os números que selecionamos, em conjunto, montam uma espécie de espetáculo. E aí teremos nomes importantes da música nacional para fazer esse diálogo com o circo”, afirma a curadora e idealizadora do festival, Fernanda Vidigal, ressaltando que “o circo sempre foi o maior e mais popular espetáculo da Terra justamente por dialogar com outras artes”.
Os músicos presentes na Mostra serão Sylvia Klein e Marcelo Veronez, hoje, e Marina Machado e Julia Branco, amanhã. Neste sábado (24), além das apresentações, uma celebração ocorrerá no bar Zona Last, vizinho ao Galpão Cine Horto.
NO PICADEIRO
Confira os números circenses da mostra...
Adrian Martinez (Uruguai) em El viajero
Ciro Ítalo (Brasil) em Entrelace
Cristian Trelles (Peru) em Umbilical
Claudia Franco (Itália/Brasil) em Encontro
Augustin Soler (Argentina) em Cenizas
Lucas Castro (Brasil) em Vende-se ar! uma experiência imaginativa única
… e as apresentações musicais
Sylvia Klein e Marcelo Veronez (hoje)
Marina Machado e Julia Branco (amanhã)
MOSTRA DE NÚMEROS CIRCENSES
Hoje (24), às 20h, e amanhã (25), às 19h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui 3.613, Horto). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Festa Cabaré Circense. Hoje, às 19h, no Bar Zona Last (Rua Pouso Alegre, 2.952, Horto). Entrada franca..