Nascido em Belo Horizonte (1964), Fernando Righi escolheu o contrabaixo e a voz como instrumentos de ofício nas dezenas de bandas em que atua desde a década de 1980, época em que também se iniciou no jornalismo. Acostumado com as exigências dos compassos musicais e dos deadlines da redação, o poeta ainda se angustia com a eternidade e seu conceito de ausência de tempo.
Fernando se denomina ligado ao movimento dos escritores “sem editora e sem fama”. Contudo, apesar da certeza de jamais ser indicado a um Prêmio Jabuti de Literatura, ele criou um universo respeitável, com a publicação de oito obras de poesia, quatro de prosa e um ensaio sobre as obras de Beethoven. Sua linguagem é irônica e repleta de reflexões filosóficas, para tratar de situações corriqueiras e dos grandes temas na mente da humanidade desde antes da invenção escrita. “Escrever para ser amado, querido, bajulado. Escrever para impressionar garotas ou garotos também, se for o caso.
Como no ditado “Casa de ferreiro, espeto de pau”, ele não gosta de entrevistas. Mas se descreveu em algumas perguntas, como qual o melhor estado para a poesia. “Acho que o líquido. Há dois séculos Marx & Engels, não necessariamente nesta ordem, preconizaram “que tudo que é sólido se desmancha no ar”. Então, bem antes das cogitações de Bauman, a poesia tem se moldado aos imperativos da saliva, do sêmen, do café expresso, da cachacola, do gim com fanta uva ou da dose do conhaque Dreher que muito bebi. Poesia é fluída”, disse. “Segue sozinho o poeta que jura mentiras e não assume os pecados. A verdade do poema é a do leitor atento. Como há muita gente pastando por aí, o poema quase sempre parece mentiroso ou suspeito”, finalizou.
Outras obras
Fernando Righi desenvolve uma lírica repleta de neologismos cinzelados com paciência, para reiterar temas recorrentes como o tempo, a música, filosofia, memória e o sentido da vida e da morte, em uma obra extensa: “Estrelas nos Olhos, Vaga-lumes na Cabeça” (2005), “Cinco Impressões de meu Tempo” (2008), “Bestiário Mínimo & Outras Poesofias” (2009), o “Livro Verde” (2010), “A Longa Noite dos Desamparos” (2011), “O Mundo como Vontade de Chupar Laranjas” (2014) e Sossegados (2015).
O autor também publica prosa. “O Monstro do Arrudas e Outras Lamas” (2015) e “Escritos Famintos” (2016), trazem contos inspirados em gente comum, que mesclam humor, filosofia e reflexões sobre alma humana; E, em “Diário de Um Fantasma” (2015), relata o amadurecimento de um ficcional roqueiro mineiro, durante a abertura democrática na década de 1980. Há ainda “Construindo Beethoven Peça a Peça” (2014), um compêndio que analisa os diversos aspectos históricos e filosóficos que motivaram a criação de duas centenas de obras do compositor alemão..