A discussão vai longe. Abrange participação em redes sociais, a sociedade do politicamente correto, a revolução digital, os meios de comunicação. Fala, principalmente, de ética.
RELATIVISMO “A ética ficou um pouco mais elástica, em vez de ficar mais flexível. Ela é mais relativista, ou seja, vale tudo. O mundo digital nos trouxe coisas magníficas, mas trouxe ainda a possibilidade de um idiota arrumar um banquinho para ser ouvido”, acrescenta Cortella.
A revolução digital transformou o mundo. E também as carreiras de Tas e Cortella, que, atualmente, contam com milhões de seguidores nas redes sociais. “Há 20 anos, com a internet dando os primeiros passos no Brasil, a presença da filosofia era limitada. Hoje, tenho um público que não imaginava naquela época. Quarenta por cento dos meus leitores têm menos de 20 anos. E o acesso se dá através das plataformas digitais, que se tornaram um ágora (praças públicas onde ocorriam reuniões na Grécia antiga) aberto”, diz Cortella.
Para Tas, a relação com o universo digital avançou, mas ainda está longe de onde se possa chegar. “E isso é natural. Somos como uma criança que acabou de ganhar um videogame.
Ele exemplifica falando sobre drones. “São ferramentas absolutamente fascinantes que podem ser letais. Isso tanto do ponto de vista da nossa segurança pessoal, física, tanto do ponto de vista da privacidade, pois ele pode invadir sua casa e fotografar a sua vida. A gente está usando os drones com voracidade, sem ter ainda uma regulamentação.”
Um exemplo ainda mais próximo que ele apresenta é o do corretor ortográfico dos celulares. “Ele é um software que aprende com o comportamento de cada um. Ele aprende com seus hábitos, sua busca na internet. Consegue descobrir o que você anda cutucando por aí. A gente não sabe sobre isso, não sabe o quanto está vulnerável. A verdade é que a privacidade foi para o beleléu.”
Na opinião de Tas, com a velocidade do mundo digital não há muito tempo para se pensar em ética.
SEMPRE UM PAPO
Com Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas. Hoje, às 19h30, no Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos esgotados..