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Oficcina Multimédia faz sessão única hoje de Macquinária 21, sua adaptação de Macbeth

Montagem tem oito atores em cena e diversas engenhocas que remetem às batalhas

Pedro Galvão
- Foto: Eric Bezerra /Divulgação

Se a mistura de linguagens artísticas é tendência atual, para a Oficcina Multmédia isso não é nenhuma novidade. Há 40 anos o grupo mineiro mistura música, artes cênicas, plásticas, audiovisual e outras expressões que a criatividade permitir sobre os palcos. Comemorando suas quatro décadas de atividade, eles fazem hoje, no Sesc Palladium, sessão de Macquinária 21, livre adaptação do clássico Macbeth, de Shakespeare.

O espetáculo, que estreou no ano passado com uma única apresentação no Teatro Francisco Nunes, transporta para os dias atuais o enredo concebido pelo bardo no século 17.  “Shakespeare é sempre atual”, afirma Ione de Medeiros, diretora do grupo desde 1983. Para ela, a trama de Macbeth, que trata de disputas pelo poder monárquico no Reino Unido, “revela a essência da alma humana”.

“Ela fala do homem, é um drama que inaugura a consciência humana, sempre será encenada, pois trata da fome de poder. Nada é mais atual do que isso. Em vez de reis, fazemos uma alusão a esse mecanismo, essa engrenagem que as pessoas usam para chegar ao poder”, detalha a diretora, que indica a violência como ponto central da obra. “Quem conhece o roteiro vai ver as referências, as batalhas, enforcamentos, mortes, todos relacionados no palco”, conta.

Para narrar a história do homem que recebe das bruxas a profecia de que será rei um dia e, a partir daí, passa a se valer de vários artifícios violentos para antecipar o futuro, o grupo leva ao palco uma montagem que envolve bonecos e outros artefatos. “Usamos movimento, dança, vídeo e objetos como as máquinas de guerra que construímos”, diz Ione.

DESTRUIÇÃO

A presença das “máquinas” e outras representações de aparelhagens voltadas para a destruição dá origem ao nome da peça. A proposta criativa faz com que, em vez de canhões ou catapultas, estejam presentes referências às engenhocas bélicas de Da Vinci. Também não há reis ou rainhas, mas releituras contemporâneas dos personagens
. Embora a temática original inclua bruxas e a futura rainha Lady Macbeth, apenas homens fazem parte do elenco. Ao todo, são oito atores sobre o palco, com a liberdade de interpretar sem um texto determinado.

“Isso tudo dá continuidade ao que a gente vem fazendo, no meio dessa linguagem que a Oficcina criou para ser integrada, sem textos como primazia. Amo a literatura, mas nossa proposta cênica é a mistura, nosso trabalho é figurativo, não descritivo”, afirma Ione.

Criado em 1977 pelo artista Rufo Herrera, o Grupo Oficcina Multimédia nasceu em BH, em meio à 9ª edição do Festival de Inverno da UFMG. A atual diretora se orgulha de que a proposta de congregar diferentes expressões artísticas e abrir espaço para as criações interdisciplinares tenha conseguido se manter continuamente.

“Vivemos uma época muito dispersa, há muito estímulo, é difícil continuar alguma coisa, ainda mais na cultura, onde não há credibilidade nem incentivos. E nós conseguimos. Quem fica adquire um profissionalismo diferenciado, porque nossa proposta demanda tempo”, diz.

Maccquinária 21
Com o Grupo Oficcina Multimédia. Livre adaptação de Macbeth. Hoje, às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Duração: 70 minutos. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada), à venda na bilheteria e pelo site www.tudus.com.br.