A exposição, mais completa do que de costume e que é curada pelo crítico de arte Vittorio Sgarbi, poderá ser visitada a partir deste sábado, dia 11, até 19 de novembro deste ano no espaço cultural lombardo. Segundo Sgarbi, a escura e "claustrofóbica" pintura a óleo, propriedade de um colecionador alemão que pediu para que seu nome ficasse em segredo, "não é uma obra de um ditador, mas sim de um coitado" e "releva uma alma profundamente melancólica".
Já sobre o valor artístico da peça, o italiano disse que "é uma porcaria, é um quadro de um desesperado, podia ter sido feito por Kafka e diz muito sobre a sua psicologia, na qual não se vê a grandeza, mas sim a miséria". Já o diretor do MuSa, Giordano Bruno Guerri, relembrou que Hitler confessou uma vez ao embaixador britânico na Alemanha na época, Neville Henderson, que ele se achava um artista e não um político e que quando a "questão polaca" estivesse resolvida ele queria voltar para a paixão da sua vida: a arte. "Teria sido melhor assim, mesmo que na verdade como artista ele não fosse grande coisa", afirmou Guerri.
No texto de apresentação da mostra escrito por Sgarbi, aliás, é ressaltado que o repertório de obras do alemão era "sem proclamações, sem manifestos, sem denúncias". "Homens e mulheres como nós, desafortunados, humilhados, isolados. E mesmo assim vivos no incrédulo desespero dos seus olhares", explica o prólogo da exposição.