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CCBB aprova projetos de artistas mineiros para exibição em 2017

Rita Clemente, Armatrux, Cia. Fusion e Rodolfo Vaz preparam espetáculos. Giramundo vai homenagear Murilo Rubião

Mariana Peixoto
Marcos Malafaia anuncia versão em teatro de bonecos de três contos de 'O pirotécnico Zacarias', clássico de Murilo Rubião - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
Seis projetos de encenadores e grupos mineiros foram selecionados no edital de patrocínio de ocupação das unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no país. São eles: O pirotécnico Zacarias – Murilo Rubião 100 anos, do Giramundo Teatro de Bonecos; Bala perdida – Tríptico, de Rita Clemente; NightVodka, do Grupo Teatro Armatrux; Mexerica, da Cia. Fusion, para crianças; a sexta edição do projeto de leituras dramáticas Janela de Dramaturgia; e Janeiros, da Companha Carroça de Mamulengos União dos Artistas do Povo (o grupo é carioca, mas dirigido pelo mineiro Rodolfo Vaz.

O edital é válido para ocupação dos quatro espaços do CCBB (em BH, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília). As negociações ainda estão em curso para definir as montagens que vão excursionar por outras praças. Foram aprovados 44 projetos de artes cênicas. Como o resultado só saiu este mês, a partir de agora os grupos vão iniciar os trabalhos efetivamente.

NightVodka será o quarto espetáculo do Armatrux dirigido por Eid Ribeiro. O título, provisório, foi tirado de um texto do dramaturgo e encenador. “Continuamos trabalhando com ele no desenvolvimento de linguagem, no teatro do ator e de objetos e na construção de uma dramaturgia própria”, comenta a atriz Raquel Pedras.

De acordo com ela, todas as montagens dirigidas por Ribeiro – De banda pra lua, No pirex e Thácht – “foram processos longos de criação”. Desde o ano passado, o grupo se encontra com o diretor. Agora está na sala de ensaios. “Discutimos, propomos cenas e o Eid reconstrói tudo durante o processo”, explica Raquel, que espera estrear a montagem no segundo semestre.

TEMPO Rita Clemente vai começar a encontrar com seus atores nas próximas semanas para tratar de Tríptico
. O projeto aprofunda a pesquisa sobre tempo e espaço que havia sido apresentado nas montagens anteriores da diretora e atriz, 19:45 e ...Ricochete!. Ela convidou para o novo trabalho os atores Fafá Rennó, Leo Fernandes, Márcio Monteiro e Odilon Esteves. Apenas com esse último ela ainda não trabalhou.

Tríptico é um espetáculo só com subdivisões. A princípio, serão três histórias independentes, mas ligadas por meio dos personagens”, comenta Rita. Por ora, ela tem as linhas básicas do texto. “Esse tipo de trabalho tem muito a ver com a técnica e experiência de cada ator. Como sou atriz, entendo que o ator é criador, não só intérprete. Vejo isso muito claro no teatro. Talvez no cinema e na TV não seja assim, mas o teatro nos pede um envolvimento grande com a obra”, diz. Rita deve começar a se encontrar com os quatro atores a partir de abril
. Também espera estrear a montagem no segundo semestre.

Outro projeto em fase embrionária é a encenação da obra de Murilo Rubião pelo Giramundo. O tradicional grupo de teatro de bonecos tem ligação antiga com o escritor mineiro, cujos 100 anos de nascimento foram celebrados em junho de 2016. “Tudo começa da relação do Álvaro (Apocalypse, fundador da companhia) com o próprio Murilo no Suplemento Literário (criado pelo escritor em 1966). Álvaro ilustrou muito o Suplemento. Já a Madu Vivacqua (outra das fundadoras do grupo) foi uma espécie de secretária eventual dele”, conta Marcos Malafaia, um dos coordenadores do Giramundo. Ele acrescenta que, durante o período em que editou a extinta revista Graffiti 76% quadrinhos, Rubião serviu de fonte. “A obra dele é muito imagética. Para nós, era o Cortázar brasileiro.”

ZACARIAS Nessa nova montagem, Malafaia quer adaptar para o teatro de bonecos três contos do livro O pirotécnico Zacarias, publicado em 1974. “Vamos fazer a costura dos textos em torno desse personagem imaginário que é o Zacarias”, afirma. Croquis e estudos de personagem ainda não começaram a ser feitos.

“Murilo Rubião nos permite trabalhar com uma espécie de surrealismo. E, para sermos surrealistas, temos que ter uma realidade. Por isso os bonecos devem ser realistas, pois haverá um contraste com a história, ao mesmo tempo absurda e fantástica.”

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