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Memórias dorenses

Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza lança livro sobre cidade mineira em BH

Walter Sebastião
- Foto: Acervo pessoal

Dores do Indaiá, minha terra é o livro que Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza, de 79 anos, lança hoje em BH. O título, reconhece o autor, pode provocar surpresa, pois ele nasceu “oficialmente” em Belo Horizonte. “Tenho a teoria religiosa-jurídica de que a terra da gente é onde fomos concebidos. E fui concebido nessa singular terra do Oeste mineiro numa bela noite de 1936, onde fui registrado e inicialmente criado”, explica. Fiuza conta que o pai levou a mãe para Belo Horizonte apenas para dar à luz.

O volume traz 17 crônicas publicadas nos jornais Estado de Minas e O Liberal, cujo mote é o declarado amor – “um tributo”, segundo ele –  a Dores do Indaiá e sua gente. “O tempero dos textos é a história, mas não é livro histórico. Me faz bem recordar a cidade calma, bem traçada, terra de pessoas inteligentes”, afirma, citando o poeta Emílio Moura e o professor de música e compositor Luiz Melgaço.

“Nos tempos em que não existia televisão e mal se ouvia rádio, Dores teve ambiente cultural efervescente, propício à leitura e à música”, explica, relembrando intelectuais e juristas da cidade. Estão no volume muitos parentes do autor.
“Tantos que meu pai, certa vez, me disse: ‘Se um cachorro correr atrás de você, pula o muro e vai encontrar algum parente’”, brinca. “É fácil escrever sobre a cidade onde nascemos, pois o apego e o sentimento telúrico brotam depressa no coração e na mente”, garante.

No período em que colaborou com o Estado de Minas, além das crônicas dedicadas a cidades europeias e ao período colonial, Ricardo Arnaldo escreveu textos sobre pequenos núcleos urbanos mineiros, ilustrados com fotos que ele mesmo fez. Algumas dessas imagens estão em Dores do Indaiá.

“Sinto e sentia que as cidades pequenas têm algo para contar. A aparência delas, as conversas e vivências dos moradores são muito interessantes e ilustram a relação sentimental com aqueles lugares”, explica. Para o autor, a valorização dos pequenos municípios e a mudança de muita gente para eles se deve à calma, ao aconchego e à possibilidade de resolver problemas sem atropelos. “Exceto os de saúde, que cobram de você o deslocamento para as cidades maiores”, pondera.

Ricardo Arnaldo Fiuza é editor-adjunto da Del Rey Editora. “É uma profissão maravilhosa, apesar de todos os problemas na produção de livros e da dificuldade de vendê-los devido à falta de interesse pela leitura e o avanço dos instrumentos tecnológicos”, observa. O editor e escritor é apaixonado pelo livro impresso. “É um grande companheiro. Você pode levá-lo para qualquer lugar, pode riscar e até anotar nas folhas opiniões contrárias às do autor”, brinca.

DORES DO INDAIÁ, MINHA TERRA
• De Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza
• Edição do autor
• 115 páginas
• Lançamento hoje, às 10h, na Livraria Del Rey, Rua Goitacazes, 71, Centro, (31) 3284-3284. O volume custa R$ 40, com renda destinada à Santa Casa de Misericórdia de Dores do Indaiá..