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Leilões ganham fôlego em SP

Compradores voltam a investir, sobretudo em peças de autores modernistas consagrados

Agência Estado

Na época do impeachment de Dilma Rousseff, o mercado de leilões registrou uma queda que durou até o fim do primeiro semestre. - Foto: Acervo


O sucesso do leilão judicial da massa falida do Banco Santos, realizado no dia 22, animou o mercado de leilões de arte em São Paulo. Com obras vendidas por preços superiores a R$ 1 milhão e arrecadação próxima dos R$ 12 milhões, o pregão comandado por Aloisio Cravo ultrapassou em quase R$ 4 milhões a avaliação do leiloeiro, servindo de parâmetro para o setor.


Nesta terça-feira, 29, na capital paulista, o veterano James Lisboa comanda o leilão que terá raridades tanto de artistas modernos quanto de um pintor viajante do século 17, o barroco holandês Abraham Willaerts (1603-1669).

Outro leilão, que será realizado esta noite pela Canvas, do leiloeiro Rodrigo Brant, reúne telas raras de contemporâneos mortos, como Iberê Camargo e Tomie Ohtake.

 


Os bons tempos parecem estar de volta – pelo menos para o mercado de leilões, que, na época do impeachment de Dilma Rousseff, registrou queda que durou até o fim do primeiro semestre. No segundo semestre, os compradores voltaram a investir. No leilão judicial do Banco Santos, as peças mais disputadas eram as mais caras.

Leiloeiros paulistas ligam o fenômeno à garantia de liquidez que peças de valor inquestionável podem oferecer em tempos de crise, especialmente as modernas – mais que as contemporâneas, também valorizadas, embora nem tanto como aquelas assinadas por artistas do passado. Exemplo disso é Bonadei (1906-1974): no leilão do Banco Santos, teve um óleo vendido por mais de quatro vezes o lance mínimo, enquanto Daniel Senise só conseguiu valor 20% acima da avaliação.

PANCETTI


Não por outra razão, a capa do catálogo do leilão que James Lisboa promove esta semana estampa uma tela do moderno Pancetti, pintada em 1952. Lance mínimo: R$ 480 mil. As peças de pequeno valor (abaixo de R$ 10 mil) praticamente desapareceram do mercado. Há, sim, gravuras, mas têm revenda difícil e poucos se interessam.

''Os compradores estão mais maduros, não disputam por impulso'', avalia James Lisboa.

''De modo geral, quem compra obras de alto valor está muito bem informado sobre o artista, não é um neófito''.

Para Lisboa, a recuperação do mercado é consequência da relativa estabilidade verificada após o turbilhão provocado pelo impeachment. ''De três anos para cá, a entrada de capital diminuiu, provocando a retração do mercado, mas os colecionadores agora voltaram aos leilões'', garante. De forma cautelosa, porém. Muitos estão atrás de obras icônicas do modernismo, mas não se vê todos os dias a oferta de uma escultura como a de Brecheret (Vestal reclinada com pássaro, dos anos 1930), do leilão do Banco Santos, vendida por R$ 2,7 milhões, quase o triplo do lance inicial. Em contrapartida, ainda aparecem boas telas de Volpi e Guignard, além de desenhos de Tarsila e Portinari.

O leiloeiro Rodrigo Brant, da Canvas, realizou quatro leilões este ano em São Paulo. Os resultados ''foram muito bons'', informa. No último, uma tela de Volpi alcançou R$ 1,2 milhão. Seis pinturas de Tomie Ohtake foram vendidas pelo preço médio de R$ 300 mil. 

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