Empreendida pela agência NBS, a iniciativa fotografa os morros cariocas sob um enfoque distante dos clichês. Para tanto, recrutou uma equipe de nove fotógrafos, moradores de nove diferentes comunidades: Alemão, Santa Marta, Rocinha, Providência, Prazeres, Mineira, Cantagalo, Babilônia e Borel. Cada um deles recebeu um iPhone SE para fazer os registros, que começaram sendo exibidos no Instagram e, desde o último dia 5, estão em exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. A mostra vai até 4 de dezembro.
“A ideia é educar o olhar das pessoas para enxergar as favelas do Rio para além da violência, do tráfico e da miséria, que nem de longe fazem jus à face verdadeira que elas têm. E quem mostra isso para as pessoas, claro, são os próprios moradores”, explica André Havt, um dos idealizadores da empreitada.
Foi com um clique feito por Anderson Valentim, escalado para clicar o Morro do Borel, que o projeto começou a ganhar o mundo.
Anderson conta ainda que o projeto acabou transformando não só o olhar dos apreciadores de seu trabalho e de seus colegas, como também o dele próprio. “Sou uma outra pessoa depois dele. Fui moldado para querer me afastar do morro. Estudar, trabalhar, tudo para sair de lá. Eu me reeduquei. Para fotografar o Borel, onde cresci, tive que redescobrir minha comunidade. Passar por lugares onde há muito tempo eu não passava, revisitar locais em que passei a infância”, conta o jovem, que atualmente trabalha como segurança, estuda design gráfico e quer fazer carreira atrás das câmeras. “O projeto me ajudou nisso também. Meu olhar como fotógrafo também foi moldado com o Favelagrafia. Descobri que não consigo ser fotógrafo só de arquitetura. A poesia, para mim, tem que ter gente.”
Incentivada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, com patrocínio do Consórcio Linha 4 Sul, a iniciativa promete frutos para 2017.