Uai Entretenimento

Em nona edição, Piseagrama discute a autogestão

Criada em 2011, a publicação se dedica a reflexões sobre os espaços públicos e à vida compartilhada na cidade

Márcia Maria Cruz

Ídolo corintiano, Sócrates que se colocou em defesa das Diretas Já é homenageado na capa da nona edição - Foto: Piseagrama/Reprodução


Belo Horizonte não é mais a mesma. De uma cidade ensimesmada, aos poucos tem se tornado mais alegre e diversa. Por trás dessa transformação, o desejo de ocupar o espaço público na capital. Não só por aqui, noutras partes do mundo cresce a consciência de que as cidades são para as pessoas, o que implica valorização de espaços para o encontro, parques, rios despoluídos, a eliminação de catracas e alternativas de mobilidade que poluam menos.

Esses e outros temas são aprofundados pela revista Piseagrama, publicação que propõe reflexões sobre os espaços públicos “existentes, urgentes e imaginários.” “A reflexão sobre o espaço público costuma ficar restrita às ciências sociais, ao urbanismo e às reclamações cidadãs nos cadernos sobre cidades dos jornais locais, o que talvez diga algo sobre a falta de imaginação com que são produzidas e geridas as cidades no Brasil”, afirmam os editores.


Criada em 2011 e circulando em todo o Brasil, a revista chega a sua nona edição,  trazendo como tema tranversal a  ideia de autogestão. O lançamento será neste sábado, às 16h, na Escola de Arquitetura com direito a palestras dos colaboradores Silke Kapp, Ricardo Portilho e Flavio Agostini e dos editores Renata Marquez, Wellington Cançado e Roberto Andrés. Nesta edição, as matérias versam sobre possibilidades de um mundo pós-revolucionário, da prisão autogestionada, do intercâmbio de cidadania, da democracia sem partidos, das vanguardas contraculturais e dos territórios indígenas autônomos.


Roberto lembra que o mundo passa por momento de revisão dos sistemas representativos, da política e das instituições. É nesse contexto que surgem experiências de autogestão, como no Espaço Comum Luiz Estrela em Belo Horizonte. Ele lembra de outras ações inspiradoras, a exemplo de como o partido Podemos leva a ideia de gestão coletiva para as prefeituras de Madri e Barcelona, na Espanha e experiências de autogestão feitas por trabalhadores na Argentina e no Uruguai.

“A Piseagrama se propõe não somente a ampliar o debate urgente acerca da autogestão e outras formas de organização coletiva, mas a contribuir teórica e praticamente com os experimentos de democracia direta e horizontalidade das ocupações estudantis”, diz.


Até a sétima edição, a revista foi financiada por recursos de lei de incentivo. Em 2014, lançou uma campanha de financiamento colaborativo e conseguiu um dos maiores resultados desse tipo de iniciativa no Brasil, com 1.001 apoiadores. Roberto afirma que o financiamento coletivo é um termômetro do diálogo que a publicação tem estabelecido com grupos e coletivos diversos. Para a distribuição dessa edição, a revista fez parceria com os estudantes da Escola de Arquitetura, que assumiram a gestão da banca de revistas que fica de frente para a escola, onde a revista será vendida. No lançamento, ela será vendida por R$ 20. Depois poderá ser encontrada na Casa Amora e Livraria Quixote por R$ 30.


Com 3 mil exemplares, a revista traz reflexões sobre experiências de autogestão - Foto: Piseagrama/Reprodução
O coletivo também é responsável pela criação de bolsas coloridas que trazem desejos para tornar as cidades mais sustentáveis: ônibus sem catraca, parques abertos 24 horas, carro fora do centro, uma praça por bairro, nadar e pescar no Arrudas. “Fizemos versões também para rios de outras cidades, como o Tietê em São Paulo e o Guaiba, em Porto Alegre”, lembra Roberto. Em 2013, a revista foi selecionada pela Archizines, rede internacional de publicações, para compor uma mostra de revistas na Bienal de Arquitetura de Veneza. A revista também foi incluída na seleção internacional de publicações independentes de arquitetura e urbanismo da revista holandesa Volume.


Lançamento e palestras da revista Piseagrama, nona edição, Autogestão, sábado (12/11), às 16h, na Escola de Arquitetura da UFMG (Rua Paraíba, 697) 

 


.