O conjunto revela uma faceta menos conhecida de Robert Allen Zimmerman, de 75 anos, ícone da música popular americana do século 20. Recentemente, ele causou dupla polêmica: por ganhar o Nobel, em outubro – decisão criticada por parte do mundo literário pelo fato de um escritor não ser contemplado – e por não responder de imediato se aceitaria o prêmio. Porém, na semana passada, o compositor anunciou que viajará a Estocolmo para participar da solenidade do Nobel, marcada para 10 de dezembro.
“É uma grande honra para nós acolher esta exposição no momento em que Dylan recebe esta homenagem”, comentou o diretor da galeria, Paul Green, referindo-se ao Nobel.
A mostra The beaten path retrata as andanças do cantor pelos quatro cantos dos Estados Unidos – das megalópoles às imensas planícies desérticas. “O ponto comum são as paisagens americanas e a maneira como sinto isso cruzando o país”, explicou o artista no texto introdutório da exposição, ressaltando – fiel à sua reputação – que o fez “à margem dos caminhos marcados”.
Em São Francisco, Dylan optou por imortalizar um vendedor de mariscos de Chinatown, em vez das típicas casas vitorianas ou dos arranha-céus. “Esses lugares de Chinatown (...) estão a apenas duas ruas dos edifícios de escritórios sem janelas. Mas essas estruturas gigantescas e frias não têm nenhum sentido para mim no mundo que vejo ou que decido ver”, comenta Dylan.
Outros quadros mostram a ponte de Manhattan, em Nova York, com sua imponente estrutura metálica vislumbrada entre dois blocos de tijolos vermelhos. Ou o motel Roy’s, na famosa Rota 66, em pleno deserto de Mojave, ao qual Dylan deu vida com um traço de pincel que lembra um quadrinho.
Desde a década de 1960, Bob Dylan se dedica às artes visuais.
BRASIL Em 2010, Dylan exibiu, em Copenhague, uma série de pinturas em acrílico e desenhos inspirados no Brasil. Críticos de jornais dinamarqueses não aprovaram The Brazil series. “Bob Dylan pinta como qualquer amador, utilizando um estilo figurativo um tanto pesado. É o que chamávamos antes um pintor de domingo”, afirmou Peter Brix Soendergaard, professor de história da arte entrevistado pelo jornal Information.
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