É o segundo livro de Paula, que estreou com Não sai de árvore por meio de árvore: Ponge-poesia, em que propôs uma leitura do poeta francês Francis Ponge (1899-1988). Paula trabalha a linguagem como se faz a cura de um queijo: à medida que se enxuga, o sabor é depurado. “A ligação com a poesia permite mais o desembaraçar do amor do que ficar contaminada por ele”, diz.
Paula se dedica ao estudo dos franceses Francis Ponge e Paul Valéry, bem como de Carlos Drummond de Andrade e outros autores brasileiros.
Quando a linguagem comum não é suficiente para explicar as intensidades, é preciso encontrar outros códigos. É a poesia. “Algo que não se transmite para dizer do indizível só se consegue falar numa linguagem inventada”, observa. Por essa razão, Paula vê os poetas como estrangeiros “que ocupam uma posição dentro e fora da sociedade, dentro e fora da ordem.”
A linguagem ordinária tenta dizer tudo sobre todas as coisas: nomear, categorizar e determinar. A poesia, ressalta ela, vem na direção oposta. “O poeta coloca barra no sentido das coisas. Dá acesso ao gesto que chega como uma palavra nova. A impressão que temos é de que o poeta sempre traz a novidade, um respiro para a humanidade.” Paula entende o amor como exercício de alteridade, um esvaziar-se de sentido.
O livro foi editado pela Cas’a’screver, criada por Lúcia Castelo Branco para acolher interessados em literatura e suas interfaces com outros saberes e artes. Nesse sentido, Paula Vaz destaca o cuidado dado ao objeto livro. Os desenhos de Outra língua: amor foram feitos por Julia Panadés, professora da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, e o projeto gráfico é assinado por Daniella Dominguesa.
OUTRA LÍNGUA: AMOR
• De Paula Vaz
• Editora Cas’a’screver
• R$ 40
• Lançamento hoje, às 11h.