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Paula Vaz lança livro 'A outra língua: Amor', na Scriptum

Márcia Maria Cruz
Paula Vaz autografa A outra língua: Amor, na Scriptum - Foto: Márcia Charnizon/divulgação
A escritora e psicanalista Paula Vaz encarou o desafio de abordar um dos temas mais tratados por poetas, escritores e músicos em todos os tempos: o amor. “Não merecia dizer o que já foi dito. Escreveria só se trouxesse uma coisa nova”, afirma. Para fugir dos clichês, a autora propõe um ensaio sobre a poesia. “É uma tentativa de definir o amor fora da problemática dos relacionamentos, sejam eles bem ou malsucedidos.” O lançamento de A outra língua: Amor será hoje, na Livraria Scriptum. Publicado pela editora Cas’a’screver, o volume tem desenhos da artista plástica Julia Panadés.

É o segundo livro de Paula, que estreou com Não sai de árvore por meio de árvore: Ponge-poesia, em que propôs uma leitura do poeta francês Francis Ponge (1899-1988). Paula trabalha a linguagem como se faz a cura de um queijo: à medida que se enxuga, o sabor é depurado. “A ligação com a poesia permite mais o desembaraçar do amor do que ficar contaminada por ele”, diz.

Paula se dedica ao estudo dos franceses Francis Ponge e Paul Valéry, bem como de Carlos Drummond de Andrade e outros autores brasileiros.
O contato direto e permanente com poetas fez com que a dedicação às palavras se tornasse uma meta. “Meu próximo livro será só de poesias”, revela. Quando a escritora teoriza sobre poesia, a formação em psicologia e psicanálise emerge. “Uma coisa não está desvencilhada da outra”, afirma, em referência ao pensamento de Jacques Lacan.

Quando a linguagem comum não é suficiente para explicar as intensidades, é preciso encontrar outros códigos. É a poesia. “Algo que não se transmite para dizer do indizível só se consegue falar numa linguagem inventada”, observa. Por essa razão, Paula vê os poetas como estrangeiros “que ocupam uma posição dentro e fora da sociedade, dentro e fora da ordem.”

A linguagem ordinária tenta dizer tudo sobre todas as coisas: nomear, categorizar e determinar. A poesia, ressalta ela, vem na direção oposta. “O poeta coloca barra no sentido das coisas. Dá acesso ao gesto que chega como uma palavra nova. A impressão que temos é de que o poeta sempre traz a novidade, um respiro para a humanidade.” Paula entende o amor como exercício de alteridade, um esvaziar-se de sentido.

O livro foi editado pela Cas’a’screver, criada por Lúcia Castelo Branco para acolher interessados em literatura e suas interfaces com outros saberes e artes. Nesse sentido, Paula Vaz destaca o cuidado dado ao objeto livro. Os desenhos de Outra língua: amor foram feitos por Julia Panadés, professora da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, e o projeto gráfico é assinado por Daniella Dominguesa.

OUTRA LÍNGUA: AMOR
• De Paula Vaz
• Editora Cas’a’screver
• R$ 40
• Lançamento hoje, às 11h.
Livraria Scriptum, Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi.