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Criado em BH nos anos 1970, Grupo Mambembe vira livro

Publicação que será lançada nesta quinta-feira resgata a história da banda mineira que enfrentou a ditadura militar com a arte

Walter Sebastião

- Foto: Vânia Aroeira/divulgação

O livro Grupo Mambembe – pequena história que virou canção (Recanto das Letras) resgata a história da banda mineira que, de 1974 a 1982, buscou sintetizar arte e luta contra a ditadura militar. A reduzida discografia (basicamente, um LP e participação em dois projetos coletivos) e gravações registrando shows ao vivo estão no CD que acompanha o volume. Com várias formações, o grupo teve como núcleo básico Toninho Camargos (violão e percussão), Cadinho Faria (cavaquinho e viola) e Miguel Queiroz (flauta). E aglutinou gente ilustre, como a cantora Titane.


De acordo com Toninho Camargos, o projeto é fruto do desejo de que a memória da vida cultural e política dos anos 1970 não seja esquecida. “Gostaria que a atual cena musical dos jovens, com cantores, compositores e instrumentistas de grande qualidade, conhecesse um pouco mais sobre artistas que ainda estão em atividade”, observa. Criado por secundaristas que se reuniam para tocar, o Mambembe tinha missão política.

 

“A proposta era fazer música que, cuidando da harmonia e da melodia, falasse também do Brasil em que vivíamos. Lutávamos contra a ditadura militar com a arma que tínhamos: a música”, explica Camargos, lembrando que aqueles eram tempos de prisões, repressão e da necessidade de usar metáforas para falar da realidade Como a banda sempre terminava os shows tocando Mambembe, de Chico Buarque, um amigo sugeriu que o título da canção se tornasse o nome do grupo. “Dava a ideia de que podíamos tocar sob lona, na rua, em vários lugares, o que se encaixava na nossa proposta.

Admirávamos o modo como Chico Buarque enfrentava as perseguições da ditadura com beleza, coragem e delicadeza”, explica Camargos.

 

O Mambembe intercalava canções e textos, o que lhe valeu problemas com a censura. Para fazer shows era necessária a aprovação da Polícia Federal. Fazer música nos anos 1970 não era simples. Os teatros Marília e Francisco Nunes eram ocupados apenas por artistas famosos. No Palácio das Artes só se ouvia, basicamente, música erudita. Aos iniciantes restava o circuito universitário. “A atuação cultural do movimento estudantil era forte”, observa Toninho.


A “produção artesanal”, às vezes, trazia problemas. O Mambembe teve de enfrentar “plateia cheia”, em Ouro Preto, e comunicar o adiamento do show, pois a produção havia esquecido os microfones em BH. “O livro mostra como pequenos projetos podem transformar a realidade. É uma história muito bonita”, conclui Camargos, observando que, a partir dos anos 1970, criou-se a estrutura para a música que BH tem hoje.

 

GRUPO MAMBEMBE: PEQUENA HISTÓRIA QUE VIROU CANÇÃO
Lançamento quinta-feira, 3 de novembro, às 19h, no Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100.

Livro e disco: R$ 50. Livro: R$ 40. CD: R$ 20.

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