A criança amaldiçoada, que é uma versão especial de roteiro de ensaio, é baseada na história original de J.K. Rowling, com texto de John Tiffany e Jack Torne (responsável pela peça), e se passa 19 anos após os acontecimentos do último livro da saga, de 2007, quando Harry Potter destrói Voldermort.
Na nova obra, o personagem principal da franquia de J.K., Harry Potter é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia e pai de três filhos, Tiago Sirius (o mais velho), Alvo Severo (filho do meio) e Lília Luna (caçula), frutos do relacionamento com Gina Wesley. Dessa vez, o foco da história está em Alvo – nomeado assim em homenagem ao antigo diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore –, que precisa lidar com o peso do legado da família.
Franquia inesgotável - J.K. Rowling nunca deixou o universo que envolve a história morrer. Inclusive, a autora anunciou neste ano o lançamento de mais três livros sobre o mundo de HP: Hogwarts: Um guia incompleto e não confiável; Histórias curtas de Hogwarts sobre poder, política e poltergeists birrentos; e Histórias curtas de heroísmo, dificuldades e hobbies perigosos. As obras estarão disponíveis no site Pottermore, que a escritora alimenta com contos, quiz, entre outras coisas relacionadas ao mundo de Potter.
Em 17 de novembro, J.K. Rowling verá outra sequência de sua franquia ser adaptada aos cinemas. Animais fantásticos e onde habitam acompanhará Newt Scamander, que carrega uma coleção de animais fantásticos do mundo da magia em suas viagens, e precisa usar suas habilidades quando as criaturas acabam saindo de sua maleta em passagem por Nova York. O longa é protagonizado pelo vencedor do Oscar, Eddie Redmayne. Ao todo são esperados cinco filmes dessa nova saga, como anunciado pela escritora em seus Twitter há alguns dias.
Leia crítica do novo Harry Potter
Raquel Lima
Harry Potter e a criança amaldiçoada é uma leitura difícil. Na epopeia em prosa de J.K. Rowling, a narrativa é ambientada logo após o epílogo de Harry Potter e as relíquias da morte, sétimo livro, lançado em 2007.
É possível reconhecê-la na lida com os personagens, no estilo, na fluidez, mas também percebe-se as outras mãos que assinam a obra: as de Jack Thorne e John Tiffany. Ambos são excelentes dramaturgos, agraciados com dezenas de prêmios na ribalta londrina, mas são um risco à intimidade há muito estabelecida entre a autora britânica e quem leu as mais de 3,5 mil páginas que escreveu e publicou, sozinha, sobre Harry Potter.
A criança amaldiçoada, que a Editora Rocco chancelou no Brasil como “edição de ensaio”, é como uma visita àquela casa da infância, um passeio pela memória afetiva. E, como tal, pode evocar a sensação agridoce de ver um cômodo, antes gigante, perder dimensão. Assim é quando a autora, agora, revisita personagens idolatrados após 19 anos e, graças a um artefato mágico, em diversas janelas de tempo e espaço. É uma pena J.K. não assinar o livro sozinha, mas correr riscos é algo que a autora sempre fez. Tanto quanto não poupar nem personagens nem leitores.