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Madaya mom: HQ relata o drama de jovem mãe durante a guerra civil da Síria

ABC News e a Marvel Comics, conhecida por seus super-heróis musculosos, uniram-se para criar uma história em quadrinhos digital baseada nos relatos anônimos da mulher e seus cinco filhos

AFP
- Foto: Thomas Urbain/AFP

Sitiada pelo governo sírio por dois anos, a cidade de Madaya teve pouco contato com o mundo exterior. Se os comboios de ajuda têm dificuldade para acessar o local, para os jornalistas de vídeo é praticamente impossível.

Assim, a ABC News e a Marvel Comics, conhecida por seus super-heróis musculosos, uniram-se para encontrar outra maneira de ajudar o mundo a ver a realidade devastadora da vida sob cerco.

Jornalistas da ABC estiveram em contato com uma mulher vivendo em Madaya, cidade de cerca de 40 mil habitantes, perto da fronteira com o Líbano, que relatou em uma série de posts de blog sua luta para sobreviver às condições adversas provocadas pela guerra civil da Síria, que já passa de cinco anos.

As duas empresas criaram uma história em quadrinhos digital baseada nos relatos anônimos da jovem mãe de cinco filhos. Em vez de sangrentos, os quadrinhos ilustrados são de partir o coração. Combinados com as palavras fortes da mãe – mantida em anonimato para proteger a segurança da família –, falam sobre as graves dificuldades do povo de Madaya. Desde que a cidade ficou sob cerco total, em meados de 2015, mais de 60 pessoas morreram de fome e desnutrição.

“Nossos corpos não estão mais acostumados a comer”, diz um quadrinho. “Meus filhos têm fome, mas estão ficando doentes, com fortes dores estomacais causadas pela comida, pois não são capazes de digerir e absorver a comida”.

CIVIL O artista croata Dalibor Talajic explica que conscientemente evitou o sensacionalismo. “Não queria fazer uma história de guerra, mas uma HQ do ponto de vista civil. Você é realmente impotente, não pode fazer nada.
Está apenas esperando que aquilo passe ou que você morra”, explica.

Talajic ficou conhecido por seu trabalho em Deadpool, HQ sobre anti-heróis que protagonizam o filme homônimo. O ilustrador não se sente artista típico da Marvel, explicando que prefere permanecer ancorado na realidade.

“Sempre tento manter as coisas mais familiares, mais no chão, mais prováveis”, observa. Porém, relatar sem sensacionalismo o dia a dia sombrio de sírios sitiados foi tarefa complicada. “Um desafio”, resume Talajic, que nunca viu fotos da jovem mãe ou da família focalizada. “Estava no fio da navalha, na linha tênue para não explorar o sofrimento de alguém”.

Nos quadrinhos, a brutalidade da vida cotidiana sob cerco é ocasionalmente quebrada com relatos de momentos de convívio ou pequenos prazeres roubados. “Esta é uma mãe, mas é todas as mães. É uma família, mas são todas as famílias”, conclui Talajic. (Thomas Urbain/AFP).