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Poesias ocupam paineis de LED em BH

A exemplo do profeta Gentileza, que espalhava versos pela cidade do Rio de Janeiro, trio que criou o projeto Poesia no Muro traz poesia para o cotidiano da capital

Márcia Maria Cruz

O músico Wesley Matheus e a publicitária Alessandra Giovanna, dois dos responsáveis pela iniciativa - Foto: Divulgação / PnMO vai e vem nas ruas, os automóveis que passam e os "compromissos para ontem" ditam ritmos alucinantes nas cidades.

Mas em meio à loucura das metrópoles, profetas Gentilezas quebram a dureza do concreto com poesia. É o caso do trio formado pelo doutorando em ciência política e músico Wesley Matheus, a publicitária Alessandra Giovanna e o ator e poeta Rossini Luz, de 29 anos.

Para comemorar os dois anos do projeto Poesia no Muro ele pensaram em espalhar poemas pela cidade de uma maneira contemporânea e inusitada. Desde o dia 20, Dia Mundial da Poesia, eles ocupam com versos os painéis de LED nas avenidas Vilarinho, Cristiano Machado, Raja Gabaglia, Mário Werneck e nas ruas Jequitai, José Ferreira da Cruz.

As pessoas podem ver versos como o “nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos” até o dia 31. “A proposta é ocupar os espaços de respiro da cidade com poesia. Muitas vezes são espaços ocupados pela lógica do consumo”, afirma Wesley. Ao pensar no projeto, ele procurou a empresa responsável pelos painéis para saber quanto pagaria, mas a proposta foi tão bem avaliada que os espaços foram cedidos para veiculação dos versos.

Ao todo são 11 painéis com exposição de poesia por sete horas por dia, durante 11 dias, o que totalizam 77 horas. O trio escolheu poesias que foram veiculadas no Poesia no Muro ao longo de dois anos da existência do projeto, que mantém perfil no Facebook e Instagram.
“O primeiro critério foi escolher poesias curtas, porque são 10 segundos de visibilidade. Também buscamos poesias sintéticas e que tenham temáticas que chamam para a cooperação entre as pessoas”, diz Wesley.

Com alcance de até 150 mil pessoas por semana, o Poesia no Muro divulga os versos de pessoas comuns, muitas vezes apresentadas nos muros das cidades, e de poetas e poetisas consagradas que tratam da solidão e da capacidade ou não de cooperação entre os seres humanos. Ao criarem o Poesia no Muro, Wesley e Rossini pensaram em ocupar “as ruas contemporâneas” pelas as quais as pessoas transitam. “Fazemos uma brincadeira e pensamos a timeline como rua. Em vez dos pés, são nossos dedos que passeiam por elas.”

Wesley vai além com a metáfora entre as redes sociais e as cidades. Para ele, como nas cidades existem os muros, que são interfaces entre o público e o privado, as telas dos computadores, tabletes e celulares também assumem essa função. “A timeline pode ser vista também como spaceline, um espaço pelo qual transitamos diariamente.” A escrita nos muros da cidade foi cartografada por Wesley. Em 2014, ele percorreu 16 mil quilômetros em cinco países e fotografou 11 cidades da América Latina. As fotos de inscrições foram editadas no livro Cidade de papirus.

  - Foto: Divulgação PnM

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