Uma utopia que deu certo. É assim que o arquiteto João Diniz define o Asa de Papel – Café & Arte, criado há pouco mais de três meses no Santa Efigênia. Ocupando o espaço da antiga livraria e editora de mesmo nome, o projeto foi viabilizado através da união e de uma gestão coletiva e economicamente criativa de aproximadamente 50 amigos das mais variados tipos de profissão. Tem engenheiro, médico, arquiteto, designer, artista plástico. Em comum: a paixão pela cultura e, sobretudo, pelos livros.
A origem de tudo remonta há pelo menos 15 anos, quando surgiu o Café Book, na Rua Padre Rolim, frequentado por muitos jornalistas e escritores. “Álvaro Gentil era o livreiro e, um tempo depois, ele decidiu criar a livraria e editora Asa de Papel, aqui na Rua Piauí, que funcionou de novembro de 2013 até meados deste ano. Mas começou a ficar inviável e, como a gente que sempre vinha aqui não queria desfazer nem do espaço e muito menos da companhia um do outro, decidimos criar essa iniciativa. Cada um paga uma mensalidade.
Desde 24 de junho, o local funciona de segunda a sexta, das 15h às 22h, e, esporadicamente, aos sábados, quando há algum evento marcado – lançamento de livro, oficina ou exposição. “Praticamente toda as manifestações artísticas têm sua vez aqui. Literatura, teatro – em breve haverá um projeto de leituras dramáticas –, cinema, artes plásticas, poesia e música. O nosso happy hour também já está ficando famoso e estamos estudando a possibilidade de abrir pela manhã, porque a repercussão tem sido muito boa por parte do público”, comenta a designer Raquel Martins, que, com a sócia Bárbara Magalhães comanda o café com seus quitutes e drinques.
As paredes do Asa de Papel se transformaram em galerias de arte, com exposições individuais e coletivas. Todos os objetos – quadros, pinturas e fotografias, de artistas do clube e de amigos –, estão à venda. No café, há obras de Jorge dos Anjos, Gilberto de Abreu, José Napoleão, do próprio João Diniz, entre outros. O espaço também virou lugar de palestras, saraus, debates e outros eventos do gênero
AGLUTINADOR Os livros, óbvio, têm o seu lugar. Afinal, foi uma publicação do escritor e artista plástico Marcelo Xavier que batizou a antiga livraria. Aliás, Marcelo é um dos integrantes do clube e destaca que, além de ser um espaço aglutinador de cultura e de pessoas, promove e faz surgir novas ideias. “Aqui é um lugar simples, versátil, sem burocracia e extremamente democrático. Acolhemos as mais diversas expressões e artistas. E essa circulação de ideias tem sido bem interessante. Tudo que está ocorrendo está até nos surpreendendo”, frisa.
Um dos aspectos positivos da iniciativa é sua integração com a Praça Dr.
Já para Bárbara Magalhães, um dos aspectos mais relevante é a troca. “Apesar de ser um ambiente relativamente pequeno, com minigaleria, um minissebo e um minicafé, aqui cabe muita coisa e tudo é muito especial”, ressalta.
Asa de Papel – Café & Arte
Rua Piauí, 631, Santa Efigênia
De segunda a sexta, das 15h às 22h
Aberto aos sábados pela manhã quando há eventos
Leitura migra para shoppings
Se por um lado, a Asa de Papel conseguiu se manter e se transformar através da união de amigos, por outro, uma das redes de livrarias mais tradicionais de Minas, a Leitura, está cada vez mais saindo das ruas e focando nos shoppings. Atualmente, apenas três lojas da capital mineira estão localizadas nas ruas – uma na Avenida Paraná, outra na Amazonas, ao lado do Cine Brasil, e uma das mais antigas, a da Savassi, na Cristóvão Colombo, que está completando 25 anos. A loja, que ocupava dois imóveis, agora funciona em apenas um e tudo indica que somente até o fim do mês.
De acordo com a gerente do estabelecimento, Daniela Zebral, a Leitura da Savassi é a matriz e a do Pátio, a filial, mas uma série de acontecimentos, como a mudança do funcionalismo estadual da Praça Liberdade para a Cidade Administrativa e a reforma da Savassi, que afetou o comércio, fez com que a empresa tomasse essa decisão. “A Leitura migrou para um formato de shopping porque é mais interessante para nós. Uma é muito próxima da outra. Então, foi mais por uma questão de estratégia”, revela.
Ainda de acordo com Daniela, como a loja ainda tem muitos lançamentos, best-sellers e outras publicações disponíveis, eles optaram por fazer um queimão de estoque de até 50% de desconto.
.