Aos 60 anos, depois de trabalhar em várias livrarias, ser proprietário de uns cinco sebos e uns cinco bares, diz: “Tive um grande prazer vingativo contra eu mesmo, porque sou meu pior inimigo”. Sim, as frases e a poesia do Gibi são lapidares. Como ele próprio, insistem na tragédia, dramática e recorrentemente, como se estivesse diante do túmulo. “Mas a vida não se restringe apenas aos livros, tem que reagir contra a cidade que engole o novo antes mesmo de ser novo.”
Os poemas registram os passos do autor, são autobiográficos. Mas ali também estão o trágico grego, o drama e o diário imaginário.
O escritor, também produtor de cinema e diretor do documentário Tomba homem, afirma que não sabe definir seu processo de criação, apenas datilografa com instinto, raiva, sentimento de importância e companhia da própria sombra.
Os dois volumes trazem imagens que dialogam com os textos, criam novos sentidos e fazem menção a suas maiores referências: os livros. “Mesmo porque nada é o que me interessa acumular, com exceção de livros. Cuido deles e, em troca, só lhes peço silêncio quando leio ou escuto Leonard Cohen. Afinal, sou eu quem lhes tira a poeira”, conclui.