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Renato Russo - O filho da revolução ganha edição revista e ampliada nos 20 anos da morte do cantor

Lançamento da publicação ocorrerá no dia 19 de outubro, no projeto Sempre um Papo

Alexandre de Paula-Especial para o EM

A morte do cantor, que permanece fazendo sucesso entre pais e filhos, completa duas décadas em 11 de outubro - Foto: Mila Petrilo/CB DA Press

Quando morreu, quase 20 anos atrás (em 11 de outubro de 1996), Renato Russo já tinha a dimensão de um gigante. A Legião Urbana, as letras contestadoras e reflexivas, a postura, tudo isso já havia feito dele um dos grandes nomes da música brasileira. Àquela época, no entanto, talvez fosse difícil imaginar que, mesmo muitos anos depois, a obra do trovador solitário permaneceria atual e viva, tocando ainda a pais e filhos. Renato é tema que não se esgota. Também por isso, o jornalista Carlos Marcelo, diretor de redação do Estado de Minas e autor da biografia mais completa sobre o cantor, revisitou o livro Renato Russo — O filho da revolução, lançado em 2009, e apresenta agora uma versão ampliada da obra.

Carlos Marcelo (que lança a nova edição em BH no dia 19 de outubro, no projeto Sempre um Papo) conta que mexeu em todo texto e acrescentou novas informações, além de um capítulo inédito. “Da primeira vez, foram nove anos para escrevê-lo. Agora, levei mais um ano e meio. Eu nunca tinha mexido no texto original.
Desta vez, sim. Foi mais do que uma revisão, foi um texto revisitado pelo autor. Quem prestar atenção nas duas versões vai ver que há acréscimos nos outros capítulos, fui costurando o livro por dentro”, explica.

Em 1988, o show no Estádio Mané Garrincha deixou conturbada a relação entre a cidade e a Legião - Foto: CB DA Press 

A decisão de voltar à obra e apresentar uma nova edição veio da vontade de se debruçar com mais detalhes nas passagens do final da vida de Renato, conta o autor. “Queria fazer uma reconstituição mais pormenorizada dos últimos anos de vida dele. Foi um período muito intenso que eu não tinha conseguido apresentar tanto na primeira versão”, explica.

“Eu achava que havia uma lacuna. Tinha muita curiosidade sobre esse período. Quis ouvir os músicos que conviveram com ele no fim da vida, que tocaram com a Legião nas últimas turnês e trazer mais lembranças”, completa.

Várias obras lançadas posteriormente, sobre assuntos que influenciavam na história de Renato, contribuíram para acréscimos. Livros sobre Ian Curtis, do Joy Division, as próprias biografias de Dado Villa Lobos e Fê Lemos e os filmes lançados recentemente foram utilizados para complementar o texto. Além do diário escrito por Renato, Só por hoje e para sempre, publicado no ano passado. “Com tudo isso, era importante atualizar e contextualizar”, explica.
Pichação perto do apartamento da família de Renato depois do show em 1988 - Foto: Ronaldo de Oliveira/CB DA Press
ANTES DA FAMA

Para escrever o livro, que teve mais de 100 entrevistas, Carlos Marcelo achou necessário procurar também as figuras que conheciam Renato antes da fama, antes mesmo de ele se tornar Renato Russo. Gente anônima, distante dos holofotes, pessoas que, em alguns casos, nunca haviam dado entrevistas sobre o cantor e que foram muito importantes, segundo o jornalista, para entendê-lo.

“Isso foi fundamental para entender que ele pertenceu a muitas turmas, havia os primeiros amigos de quadra, a turma do Colégio Marista, os colegas do Ceub e muitas outras. Foi essencial conversar com pessoas que não conheceram o Renato Russo, mas sim o Jr., o Manfredini”, explica.

O processo ajudou também a produzir um livro que contasse e entendesse a formação de Renato. “Isso fica evidente na escolha das epígrafes, busquei muitos romances de formação.

É um livro sobre essa idade da mudança, um retrato de um artista quando jovem, até porque ele foi um dos mais expressivos ao cantar a juventude”, conta. Para o jornalista, escrever sobre a formação de Renato era, de alguma forma, escrever também sobre a juventude daquela época.

O CENÁRIO

Repleto de casos e informações sobre Brasília e o Brasil em que Renato viveu, o livro oferece também, em muitos momentos, uma oportunidade de conhecer melhor a realidade da cidade e do país. “Fala muito disso, é um livro também sobre Brasília. E a cidade é mais citada que o Aborto Elétrico.” De fato, Brasília aparece mais vezes que a banda na obra. São cerca de 191 citações à cidade e 46 ao Aborto.

“Quis mostrar como a cidade era importante para ele, mostrar a formação de um jovem que cresceu sob a ditadura militar nos anos 1970. Tenho um amigo que brinca: ‘Seu livro é uma biografia de Renato e um contrabando da história do Brasil’.”

Para Carlos Marcelo, existe também um simbolismo muito forte entre a relação de Brasília e a Legião (tumultuada à época pelo fatídico show no Mané Garrincha, em 1988) e a própria história da cidade. “Brasília não saiu como planejado, assim como aquele show também não saiu.”

 

 

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