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Festival Literário de Araxá propõe amor em detrimento da hostilidade

Quinta edição do Fliaraxá começa hoje com a meta de valorizar a literatura como instrumento de compreensão do outro capaz de amenizar a atmosfera de beligerância presente no Brasil

Walter Sebastião
Fliaraxá vai apresentar, na festa de abertura, a peça 'Jazz no coração', com a atriz Francoise Forton - Foto: Guga Melgar/Divulgação
O amor, a leitura e as diferenças são o tema do 5º Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), que começa hoje e prossegue até domingo. Na programação, oficinas, encontro com autores, lançamento de livros, shows, peças de teatro etc. O evento conta com aproximadamente 70 convidados, entre filósofos, autores de livros para jovens leitores, ilustradores, teólogos, youtubers literários, ativistas sociais, ficcionistas e jornalistas. Todas as atividades são gratuitas.

O homenageado da edição 2016 é o romancista Milton Hatoum. O tema, explica Afonso Borges, criador e organizador do evento, defende o amor como remédio contra as hostilidades que invadem todos os espaços, inclusive o virtual, afirma a importância do respeito às diferenças e considera a leitura como mediadora.

A programação de abertura do Fliaraxá começa às 20h e prevê fala do escritor italiano Roberto Parmeggianni sobre o tema do evento e o espetáculo Jazz do coração, da atriz Françoise Forton, inspirado em textos da poeta carioca Ana Cristina César (1952-1983).

“Festival é reunião de artes e é diferente de feira, que é um evento absolutamente comercial”, diz Afonso Borges. O perfil do encontro, acrescenta, procurar traduzir o que ele considera o momento brasileiro. Inclusive na consideração pela filosofia, com as presenças de Mario Sérgio Cortella, Marcia Tiburi, Clóvis de Barros Filho e Vladimir Safatle. “As pessoas estão começando a pensar, a se perguntar sobre o mundo.
E a base desse processo é a filosofia.”

O que não quer dizer, aponta o curador do evento, esquecimento em relação à ficção. “Só ela salva”, brinca. Para o jornalista, a literatura estimula, via ficção, o desenvolvimento da emoção, da sensibilidade e da criatividade. Com relação ao tema da leitura, Borges avalia que ela vai bem (“Ainda que o brasileiro leia pouco”) diante do “lugar mínimo” que o estímulo à leitura ocupa nas políticas públicas do setor, que estão se tornando ainda mais rarefeitas. “A Biblioteca Nacional, uma das maiores da América Latina, não recebe atenção, apesar de precisar de reformas”, diz.

O Fliaraxá tem especial consideração pelos secundaristas. Vitória Lemos Oliveira, de 15 anos, está entre as personalidades que ganharam título de embaixadora da Fliaraxá. “No fundo, é para eles que fazemos o festival”, diz Borges, agradecendo a colaboração das escolas.

Entre os convidados do Fliaraxá estão os teólogos Leonardo Boff e Frei Betto, as escritoras infantojuvenis Thalita Rebouças e Paula Pimenta, Nelson Cruz, Marilda Castanha e Mary e Eliardo França, os youtubers literários Eduardo Cilto e Taty Ferreira, o músico e ativista social MV Bill, os poetas Zack Magiezi e Sérgio Vaz, os escritores Nelson Motta, Laurentino Gomes, Miriam Leitão, Sérgio Abranches, Sérgio Rodrigues, Eduardo Spohr e Luiz Ruffato, entre outros. O italiano Roberto Parmeggiani, os portugueses José Pinho e Tatiana Salem Levy e o norte-americano William C. Gordon são os convidados internacionais.

5º Festival Literário de Araxá (Fliaraxá)
Até dia 18 de setembro. Pátio da Fundação Cultural Calmon Barreto, Praça Arthur Bernardes, 10, Centro, Araxá. Informações: www.fliaraxa.com.br..