“Procurei esse curso pela necessidade de unir algo mais reflexivo ao universo da dança. Além disso, as danças mais tradicionais pedem envolvimento com história, com o passado. A escola me nutre de conhecimento sobre o que estou lidando”, explica a artista. Resultado disso é o espetáculo Planta do pé, solo que ela apresenta hoje à noite, no Teatro Francisco Nunes, em Belo Horizonte. Ele é parte integrante da programação do projeto Terça na Dança, que traz à cidade produções nacionais e internacionais.
“É um espetáculo em que falo e demonstro minha pesquisa com essas danças tradicionais. São principalmente as nordestinas por influência do meu pai, que é de Recife.
Sua intenção, portanto, é mais do que dar passo à frente na já conhecida plasticidade dessas danças (o exemplo do frevo é icônico, nesse sentido), chamando a atenção do espectador para o contexto em torno delas. Seu solo conta com três momentos de conteúdo falado (a cargo da própria artista), intercalados com dança e repente (com pandeiro na mão). “Faço um questionamento sobre o posicionamento periférico que as danças tradicionais têm hoje no Brasil”, diz.
EM FAMÍLIA
Planta do pé estreou em 2014. Foi criado a partir de convite que a artista recebeu do Festival Internacional de Dança do Recife. “A organização do evento queria um solo e eu não tinha. Meus pais me ajudaram e fizemos apanhado de coreografias que eu já tinha, além de definirmos as falas”, conta. O espetáculo tem sido apresentado principalmente em São Paulo, privilegiando universidades e espaços de formação de dança, uma vez que um dos propósitos é sensibilizar o público em relação à riqueza das danças populares nacionais.
A origem do pai ajuda a estreitar o relacionamento de Maria com o Nordeste, mas sua mãe, revela, desempenhou papel de igual importância em sua formação. “Os dois se relacionam com as danças tradicionais a ponto de identificar nelas elementos para além das formas. Além disso, eles têm comprometimento muito forte com a arte. Rigor, disciplina e exigência, coisas que admiro e que procuro trazer para o meu trabalho. Um sentimento de responsabilidade com o outro”, observa.
No momento, além de seu trabalho de conclusão de curso na graduação em história (que consiste em vídeos sobre danças brasileiras), Maria Eugênia se divide entre os espetáculos da Cia. Soma (que mantém com Marina Abib) e acompanhar o pai na montagem Semba (cuja direção coreográfica assina) – este último é o que mais lhe tem tomado tempo.
PLANTA DO PÉ
Espetáculo solo de Maria Eugênia.