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Grupo Corpo reapresenta coreografias emblemáticas de sua trajetória: a romântica Lecuona e a afetiva Dança sinfônica

Apresentações acontecem de quarta (7) a domingo (11), no Palácio das artes

Eduardo Tristão Girão

De um lado, o mineiro Marco Antônio Guimarães, gênio criativo por trás do grupo Uakti e seus instrumentos inusitados.

Do outro, Ernesto Lecuona, prodigioso pianista cubano que escreveu canções e suítes.

 

Em comum entre os dois, Rodrigo Pederneiras, coreógrafo do Grupo Corpo, que sobe ao palco do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, de amanhã a domingo.

 

O programa consiste em jornada dupla da companhia, que apresentará os espetáculos Dança sinfônica, do ano passado, e Lecuona, de 2004.
José Luiz Pederneiras/Divulgação - Foto: Dança sinfônica: movimentos remetem ao presente e ao passado para comemorar os 40 anos do Corpo
“Essas duas peças, juntas, criam um programa muito denso, que mostra muito a cara do Corpo. São espetáculos muito diferentes. O primeiro é sinfônico, único. O segundo tem canções derramadas, de paixões perdidas”, analisa Pederneiras.

 

Dança sinfônica, o mais recente, foi criado especialmente para a comemoração dos 40 anos da companhia, em 2015, com trilha composta por Guimarães, gravada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e pelo grupo Uakti ( extinto este ano).

“Dança lança um olhar para trás, para a nossa trajetória. Certas passagens, certas pessoas, uma carga emocional muito grande. Foi a nossa quinta parceria com o Marco.

Já Lecuona tem carga de emoção muito grande também, mas diferente. Não é tão dramático, mas totalmente romântico. Tem muito de paixão, sedução e sensualidade”, continua ele.

Pederneiras divide a trajetória do Corpo em três momentos, começando pelo trabalho com o bailarino argentino Oscar Araiz, que coreografou o espetáculo de estreia, Maria Maria, com trilha sonora de Milton Nascimento e Fernando Brant.

 

De 1980 a 1991, a companhia focou na música erudita para construir seu trabalho e, a partir de então, compositores passaram a ser convidados a escrever sob encomenda – Lenine, Tom Zé, Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, José Miguel Wisnik e o próprio Marco Antônio Guimarães, entre eles.

O Corpo mantém esse método de trabalho desde então – Lecuona é a exceção. Há 14 anos, numa viagem aos Estados Unidos, Pederneiras finalmente encontrou o que procurava há pelo menos duas décadas: uma edição original de canções de Ernesto Lecuona (1895-1963), já que gostava muito delas para se conformar em ter apenas uma cópia em fita cassete (presente do jornalista João Cândido Galvão).

 

“Me dei conta de que ninguém conhecia essas canções, nem o Lecuona, uma espécie de Gershwin cubano. Daí um espetáculo só para ele”, justifica.

OLIMPÍADAS
A atual turnê do Corpo começou em São Paulo, passa por BH e termina no Rio de Janeiro, na semana que vem. Depois, o grupo embarca para uma série de apresentações nos Estados Unidos, França, Luxemburgo e Alemanha.

 

Pederneiras acredita que a agenda internacional, sempre movimentada, deve ficar ainda mais concorrida em razão da participação da companhia na cerimônia de encerramento das Olimpíadas, na capital fluminense.

“Foi uma experiência muito legal. Primeiro, porque foi muita emoção. Maracanã lotado, bilhões de espectadores. Ao mesmo tempo, começou a chover demais e tivemos de mandar colocar um piso especial para viabilizar a apresentação. Acabou que a chuva deixou a coisa mais bonita.

Acreditamos que isso ainda terá muitos desdobramentos. Pelas redes sociais, recebemos parabéns de gente do mundo todo”, conta ele.

METÁ METÁ
O próximo espetáculo do Corpo ainda não tem nome, mas a trilha já está sendo composta pelo grupo paulistano Metá Metá, cuja sonoridade é a mistura bastante original de elementos brasileiros e africanos. A estreia será em 2017. “Ainda não tivemos acesso à música, mas a banda tem liberdade total para fazê-la. A gente já conhecia o trabalho dela e gostamos muito do último disco da Elza Soares, que tem participação de seus integrantes”, afirma Rodrigo Pederneiras.

DANÇA SINFÔNICA E LECUONA
Com Grupo Corpo. Amanhã, às 19h; de quinta-feira a sábado, às 20h30; domingo, às 19h. Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia-entrada). À venda na bilheteria do teatro e pelo site www.ingresso.com. Informações: (31) 3236-7400.

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