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Arte

'Espinheiros - Ex-votos': Luiz Hermano volta a expor em BH

Mostra reúne obras feitas com diversos materiais. 'Vejo o mundo assim, em tramas', diz o artista cearense radicado em SP

Walter Sebastião

Obra da exposição 'Espinheiros - Ex-votos', de Luiz Hermano - Foto: DARIO FELICÍSSIMO/DIVULGAÇÃO

 

O artista Luiz Hermano abre hoje a exposição Espinheiros – Ex-votos, na galeria Murilo Castro. Ele mostra instalação, desenhos, esculturas em pequenos e grandes formatos. Todas as peças foram criadas a partir do mesmo procedimento: tramas com diversos materiais, que incluem objetos como conchas de sopa, peças de automóveis ou ferramentas até cipó, fios de cobre ou madeiras. “Vejo o mundo assim, em tramas. As coisas estão contidas umas nas outras”, afirma, explicando que o modo de trabalhar é operação tanto física quanto intelectual.

Os Espinheiros do título remetem a um chá descoberto pelos índios, a partir de uma planta com espinhos, que é evocada nas peças de Hermano criadas com resinas e fios de cobre, assumindo formas pontiagudas. A palavra ex-votos, por sua vez, traduz a procura pela cura e o equilíbrio. “Todo o meu trabalho é um diálogo entre o geométrico e o orgânico, sem ser uma coisa nem outra. São pequenas coisas que formam uma rede, um tramado.

Tenho visão de abelha”, conta, explicando que, inclusive nos desejos, atua assim. Diz ainda que as peças vão se sucedendo, sempre expandindo a proposta.

 

O processo de produção das obras, segundo o artista, cobra “olhos bem abertos” para selecionar o que interessa entre milhares de opções. “Na hora do fazer é que as coisas se transformam, se encaixam. É algo meio mágico. É criação.” Ele enxerga tanto no processo como nas obras “um filosofar”, “um pensar”, “uma lapidação”, a partir da articulação e organização dos elementos, considerando a potência plástica deles. Prática material que, explica, não afasta interesse pela dimensão simbólica. Até porque “a arte contemporânea é cheia de simbologias”.

 

“Arte é exclusivamente para expandir a cabeça”, diz Luiz Hermano. “Há quem faz pensar, quem proteste”. No seu caso, a opção pela arte veio quando jovem, mas a atração por ela existe desde a infância. “Não dava certo em nada, me sentia defeituoso, diferente. Fazer hoje o que gosto é precioso para mim.” Com relação ao contexto de Belo Horizonte (o cearense radicado em São Paulo, Luiz Hermano, de 62 anos, tem presença relativamente regular na capital mineira) considera que é a cena mais importante depois de São Paulo. “Tem ótimos artistas, Inhotim, bons críticos. Tiro meu chapéu para a cidade.”

Espinheiros – Ex-votos

Escultura, objeto, desenho e instalação de Luiz Hermano.

Galeria Murilo Castro (Rua Benvinda de Carvalho, 60, Santo Antônio). Até dia 10 de setembro. Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 14h. Entrada gratuita.

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Pintura

Também será aberta hoje, na galeria dotART (rua Bernardo Guimarães, 911, Funcionários), uma exposição dedicada à pintura, com obras dos artistas Marina Saleme, Álvaro Seixas, Daniel Lannes e Roberto Freitas. São quatro mostras solos, com cada um dos artistas apresentando conjuntos de obras, com mais de uma dezena de peças. A galeria inaugura, dia 20 de agosto, a CASA dotART (Rua São Paulo, 249 – Centro), em parceria com a revista Ernesto. A mostra inicial traz três exposições individuais: do panamenho Jhafis Quintero e dos brasileiros Roberto Freitas e Álvaros Seixas. A entrada é gratuita.

Encontro
Começa hoje, na galeria do Minas Tênis Clube, com bate-papo com os fotógrafos Rodrigo Zeferino, João Castilho e Pedro David, uma série de encontro com artistas que participam da exposição Cantata, com curadoria de Denise Mattar para a coleção de Sérgio Carvalho. A programação, sempre no horário das 19h, continua dia 23, com conversa com Eder Santos e Leandro Aragão. No dia 31 de agosto será a vez de Thais Helt e Marco Túlio Resende.
A Galeria do Centro Cultural Minas Tênis Clube fica na Rua da Bahia, 2244, Lourdes. A entrada é gratuita.

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