O artista Luiz Hermano abre hoje a exposição Espinheiros – Ex-votos, na galeria Murilo Castro. Ele mostra instalação, desenhos, esculturas em pequenos e grandes formatos. Todas as peças foram criadas a partir do mesmo procedimento: tramas com diversos materiais, que incluem objetos como conchas de sopa, peças de automóveis ou ferramentas até cipó, fios de cobre ou madeiras. “Vejo o mundo assim, em tramas. As coisas estão contidas umas nas outras”, afirma, explicando que o modo de trabalhar é operação tanto física quanto intelectual.
Os Espinheiros do título remetem a um chá descoberto pelos índios, a partir de uma planta com espinhos, que é evocada nas peças de Hermano criadas com resinas e fios de cobre, assumindo formas pontiagudas. A palavra ex-votos, por sua vez, traduz a procura pela cura e o equilíbrio. “Todo o meu trabalho é um diálogo entre o geométrico e o orgânico, sem ser uma coisa nem outra. São pequenas coisas que formam uma rede, um tramado.
O processo de produção das obras, segundo o artista, cobra “olhos bem abertos” para selecionar o que interessa entre milhares de opções. “Na hora do fazer é que as coisas se transformam, se encaixam. É algo meio mágico. É criação.” Ele enxerga tanto no processo como nas obras “um filosofar”, “um pensar”, “uma lapidação”, a partir da articulação e organização dos elementos, considerando a potência plástica deles. Prática material que, explica, não afasta interesse pela dimensão simbólica. Até porque “a arte contemporânea é cheia de simbologias”.
“Arte é exclusivamente para expandir a cabeça”, diz Luiz Hermano. “Há quem faz pensar, quem proteste”. No seu caso, a opção pela arte veio quando jovem, mas a atração por ela existe desde a infância. “Não dava certo em nada, me sentia defeituoso, diferente. Fazer hoje o que gosto é precioso para mim.” Com relação ao contexto de Belo Horizonte (o cearense radicado em São Paulo, Luiz Hermano, de 62 anos, tem presença relativamente regular na capital mineira) considera que é a cena mais importante depois de São Paulo. “Tem ótimos artistas, Inhotim, bons críticos. Tiro meu chapéu para a cidade.”
Espinheiros – Ex-votos
Escultura, objeto, desenho e instalação de Luiz Hermano.
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Pintura
Também será aberta hoje, na galeria dotART (rua Bernardo Guimarães, 911, Funcionários), uma exposição dedicada à pintura, com obras dos artistas Marina Saleme, Álvaro Seixas, Daniel Lannes e Roberto Freitas. São quatro mostras solos, com cada um dos artistas apresentando conjuntos de obras, com mais de uma dezena de peças. A galeria inaugura, dia 20 de agosto, a CASA dotART (Rua São Paulo, 249 – Centro), em parceria com a revista Ernesto. A mostra inicial traz três exposições individuais: do panamenho Jhafis Quintero e dos brasileiros Roberto Freitas e Álvaros Seixas. A entrada é gratuita.
Encontro
Começa hoje, na galeria do Minas Tênis Clube, com bate-papo com os fotógrafos Rodrigo Zeferino, João Castilho e Pedro David, uma série de encontro com artistas que participam da exposição Cantata, com curadoria de Denise Mattar para a coleção de Sérgio Carvalho. A programação, sempre no horário das 19h, continua dia 23, com conversa com Eder Santos e Leandro Aragão. No dia 31 de agosto será a vez de Thais Helt e Marco Túlio Resende.