Com mais de uma década de existência em Belo Horizonte, um evento que vem afirmando a importância dessa vertente artística é a Manifestação Internacional de Performance (MIP), a primeira mostra no Brasil dedicada ao gênero. A nova edição da mostra traz obras de artistas nacionais e internacionais (de Irlanda, Austrália, Holanda, Canadá, Japão) e começa hoje, com apresentações nas ruas do Centro, na Praça da Liberdade, e debate, a partir das 19h, na galeria de arte do BDMG Cultural. E se espalha por teatros, praças e ruas. Na programação, ainda, debates, lançamentos de livros e oficinas. O evento é ´priomovido pelo Centro de Experimentação e Informação de Arte (Ceia), que promove várias atividades de produção e formação na arte contemporânea.
“A performance, mesmo as mais herméticas, têm grande potência comunicativa. É um gênero que não cobra conhecimento prévio para as pessoas se relacionarem com ela”, observa o curitibano Fernando Ribeiro, de 37 anos, apontando o que, para ele, talvez seja motivo da empatia com a prática.
Fernando Ribeiro conta que o perfil na nova edição do MIP articula o emergente com o histórico. De um lado, a apresentação do que vem ocorrendo na cena atual da performance; de outro, consideração com criadores cuja longa vivência no setor criou uma história e novas referências sobre a performance. Uns e outros, acrescenta, trabalhando com criações, cujo mote são reflexões sobre arte, mundo e vida. “Vamos reunir artistas que encontraram na ação e no uso do corpo uma potência poética que não conseguiam com outros meios”, afirma.
O cocurador explica que em cena está uma arte até efêmera, que instaura um momento “no presente” e, partir daí, enuncia temas ligados à história pessoal, o corpo, o contexto em que se vive, as relações entre o indivíduo e o coletivo, a história, os lugares etc. Ganham destaque, em 2016 performances nos espaços públicos. “Identificamos um movimento forte no Brasil ligado a esse tipo de ação. A rua é ambiente complexo, com forte interação entre as pessoas, regulado por leis, aspectos que, inevitavelmente, fazem com que as intervenções sejam um diálogo com tais aspectos”, analisa
Analisando a situação da performance no Brasil, Ribeiro explica que é um gênero que tem presença na arte brasileira, mas que ainda está construindo um lugar para si no circuito cultural. Ele aponta como novidade o intercambio que começa a existir entre as diversas cenas regionais, que vêm se expandindo e se conectando. O cocurador saúda o pioneirismo do MIP: “É um evento extremamente importante para o conhecimento da performance-arte no Brasil. Foi participando do MIP que vi o que se fazia em um contexto mais amplo. Gostaria de oferecer a mesma experiência a outros artistas”, avisa.
3ª Manifestação Internacional de Performance (MIP3)
Abertura hoje, às 19h, com debate com Fernando Ribeiro e Marcos Paulo Rolla, curadores do evento, seguido de apresentação da performance Wrap warp, com Alaister MacLennan (Irlanda).
APRESENTAÇÕES
HOJE
- Das 14h30 às 18h, Praça da Liberdade
Ensayo sobre la desaparición: Mala notícia, com Wilson de Avellar (BH)
- Das 16h às 19h30, ruas entre Sesc e BDMG Cultural
Ventoforte, com Xepa (Luis Arnaldo, Marcelino Peixoto, Viviane A. Gandra) (BH)
MESAS REDONDAS
AMANHÃ
- “O Ensino da Performance”, com Marco Paulo Rolla (BH) e Rose Akras (Brasil/Holanda)
QUARTA-FEIRA
- “Performance e Intervenção Urbana”, com Fernando Ribeiro (Curitiba) e Wilson de Avellar (BH)
QUINTA-FEIRA
- “Performance: Um Percurso Histórico”, com Alastair MacLennan (Irlanda) e Jill Orr (Austrália)
- Sempre às 15h, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3214-5350). Entrada franca.