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Spray

Últimas pinceladas no 'maior mural ao ar livre do mundo' para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

Artista brasileiro de street art Eduardo Kobra trabalha sem parar para terminar a obra de 3 mil metros quadrados na zona portuária recém-modernizada

AFP
- Foto: AFP / CHRISTOPHE SIMON
A três semanas do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o artista brasileiro de street art, Eduardo Kobra, trabalha sem parar para terminar seu enorme mural ao ar livre, que assegura ser o maior do mundo, na zona portuária recém-modernizada.

Levantado por uma grua a 20 metros da calçada, com o tubo de spray na mão, Kobra pulveriza o azul e depois o vermelho nesta gigantesca superfície de 3.000 m². "É sem dúvida a maior pintura mural do mundo e no fim do trabalho deveria entrar no Guinness, o livro dos recordes", declarou o artista de 40 anos à AFP.

Neste imenso mural, os cinco continentes estão representados por cinco grandes rostos, a figura dos anéis olímpicos: um karen da Birmânia e da Tailândia para Ásia, um huli da Papua-Nova Guiné para a Oceania, um índio tapajó da Amazônia para as Américas, um chukchi da Sibéria para a Europa e um mursi da Etiópia para a África.

"Existe uma intolerância crescente no mundo, como na Europa, onde as pessoas rejeitam os refugiados, o diferente. Espero que este muro, no espírito dos Jogos, ajude a lembrar que somos todos diferentes, mas que no fundo somos todos um, a espécie humana", explicou.

Antes de começar a pintar a obra intitulada "Somos todos um", a equipe do artista passou 15 dias preparando a parede de uma velha marina, fechando buracos e pintando-a de branco para servir de tela para o desenho multicolorido.

O muro escolhido é emblemático neste bairro central que foi revitalizado e onde chegam todos os cruzeiros turísticos, à beira da baía de Guanabara e por onde passa a nova via construída para os Jogos.

Não muito longe dali está o Museu do Amanhã, feito pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que surge como um símbolo da renovação da zona portuária para a maior festa esportiva mundial.

Há uma semana, todos os dias das 08H00 às 19H00, Kobra e sua equipe pintam o muro com acrílico, verniz e sprays. Ele deve ficar pronto em alguns dias, no fim do mês, antes da abertura dos Jogos Olímpicos no dia 5 de agosto.

Grafiteiro desde os 12 anos
"Já usamos 2.000 latas de spray e ainda usaremos mais mil, cem barris de 200 litros de acrílico e cem barris de verniz", enumera Kobra. O artista pinta desde os 12 anos, quando começou a grafitar seu nome nos muros de seu bairro pobre, Campo Lindo, em São Paulo. "A rua era a maneira de socializar, de se distrair e também de protestar contra a exclusão", contou.

"A única coisa que sei fazer é pintar. Sou auto-didata. Me dei conta de que tinha uma certa habilidade pra isso, mas pintava sozinho e sofria preconceitos na minha família", disse Kobra, que hoje só pinta "com autorizações".

O convite para fazer esse imenso mural veio da diretora artística, Andrea Franco, do Bulevar Olímpico, a avenida onde situado o cais, com apoio da Prefeitura do Rio, do Comitê Rio-2016 e do Comitê organizador dos Jogos.

Foi a partir de 2005 que seu trabalho ganhou renome internacional.
Pintou sua primeira obra no exterior "na cidade francesa de Lyon, o muro de um edifício". Depois não parou mais. Suas pinturas em murais gigantes e muito coloridas que dão uma nova vida à história do lugar onde se encontram, estão presentes em várias cidades dos Estados Unidos, Polônia, Rússia, Suécia, México, Japão, Emirados Árabes e Taiti.

O mural do Rio terá uma vida média de seis anos, considerou Kobra. E depois? "Não penso em restaurá-lo. Normalmente eu pinto algo por cima"..