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Na rua

Virada Cultural de BH oferece 500 atrações em 15 palcos

Evento, que acontece no fim de semana, foca na inovação e diversidade

Eduardo Tristão Girão

Entre as 19h deste sábado e o fim da noite de domingo, serão nada menos de 500 atrações de música, cinema, teatro, dança, circo, literatura, artes visuais e outras manifestações.


A quarta edição da Virada Cultural de Belo Horizonte movimentará, sobretudo, o Centro da capital, mobilizando o público em torno de palcos de rua, praças, teatros, centros culturais e, claro, o Viaduto Santa Tereza.

Tudo com entrada franca.

 

Confira aqui a programação completa

Lenine, Elza Soares, Criolo, Chico César, Sandra de Sá, Flávio Renegado, Rafael Martini Trio, Baianas Ozadas, Marcelo Veronez, Teatro Oficina e Giramundo estão entre os nomes de destaque da programação, que também contempla crianças com atividades da chamada “Viradinha”. Entre as novidades desta edição estão o Palco Itinerante (de estrutura facilmente desmontável) e o Cine Pedal (a energia para a exibição de filmes é gerada pelo público, que pedala diante da tela).
Johnny Hooker traz a BH seu pop sem vergonha de ser brasileiro - Foto: EBC/Divulgação

MACUMBA
Estreante na Virada Cultural de BH, o cantor pernambucano Johnny Hooker mostra amanhã, às 20h30, no palco do Sesc Palladium, canções de seu disco Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!. “O show é meio uma peça teatral em três atos, contando várias historinhas de amor – da fossa total à superação do amor com o carnaval”, resume.

Novidades também serão incluídas, como Crise de carência e Me leve.
Assim Hooker resume o seu trabalho: “Diria que é música pop com ritmos brasileiros, que segura muito no refrão. Sem vergonha de ser brasileira, misturando e trazendo para o momento presente ritmos popularescos como o frevo”.

Tudo isso sem deixar de homenagear os ídolos David Bowie e Prince, mortos recentemente, com rearranjos no repertório.
Atração no Parque Municipal, Lenine promete surpresas para os fãs - Foto: Flora Pimentel/Divulgação
Já o veterano Lenine, também de Pernambuco, canta no domingo, às 19h, no Parque Municipal. O repertório traz canções de seu último álbum, Carbono.

Mas não se limitará a isso. “Podem pintar coisas para todo mundo cantar junto”, diz.

Desde o lançamento do trabalho, em 2015, a sonoridade da banda passou por algumas transformações. “Temos de ser voláteis, pois vamos mudando a cada momento. A intimidade sonora que tenho com meus músicos é muito bacana, pois não precisamos repetir os arranjos. Vamos além”, diz Lenine.

MOSTRA
“A Virada foi uma aposta da Fundação Municipal de Cultura (FMC) com a classe artística para ser uma grande mostra da diversidade cultural de BH, colocada na rua gratuitamente. Todas as atrações dialogam de alguma forma com o espaço público, a festa se consolidou como democrática. Tem gente de todas as idades e classes sociais.

O evento rompe paradigmas, como fazemos com o palco da Rua Guaicurus”, comenta Leônidas Oliveira, presidente da FMC, que realiza o evento.

Este ano, explica ele, o foco especial está na arte urbana. Muitas vezes, ela não é vista ou é até mal vista. “Basta olhar a programação. Há a intenção muito clara de trazer luz para as artes que não são mostradas em outras ocasiões, sem deixar outras manifestações de lado. Foi o que fizemos com o heavy metal na edição de 2015”, conclui o presidente da FMC.

NOVIDADES
O número de atrações se manteve em torno de 500, desde a primeira edição da Virada Cultural, em 2013, mas o público saltou de 200 mil para 500 mil pessoas, no ano passado.

Novos espaços foram integrados, a exemplo da Praça da Rodoviária, que terá performance, instalação e festa com DJs e VJs.
A Praça Afonso Arinos retorna à agenda, enquanto a Savassi deixa o evento. Além disso, as atividades foram ampliadas para outros bairros e Grande Belo Horizonte, envolvendo Vespasiano, Pedro Leopoldo, Lagoa Santa e Betim.


Cada um no seu quadrado
O palco principal da Virada Cultural está na Praça da Estação, onde o público poderá conferir as cantoras Elza Soares e Adrianna, os rappers Criolo, Flávio Renegado e Dexter e os projetos Quarteirão Eletrônico e Bateras de Minas.
Criolo se apresenta no palco da Praça da Estação - Foto: Gil Inoue/Divulgação
Criolo e Renegado, que cantam amanhã, estão com shows novos – Ainda há tempo e Outono selvagem, respectivamente – e Elza retorna à capital mineira com o show do aclamado disco A mulher do fim do mundo.

A dois quarteirões dali está outro importante ponto de referência da Virada: o Viaduto Santa Tereza. Ele abrigará feiras, instalações, saraus, oficinas e exposições durante as 24 horas do evento. Entre as atividades, está a oficina de iniciação à maquiagem artística Haus of Ménage – Drag Deluxe, além da Mostra de filmes Vila Colorê, lançamentos de livros e baile de gafieira com o grupo Senta a Pua.

O palco local, na Rua Aarão Reis (ao lado do viaduto), mantém a tradição do hip hop com atrações como Negra-Lud, Kdu dos Anjos, Vinicin (que lança o lança o disco Vivenciar), Zaika dos Santos, Rodrigo Borges e Roger Deff. Por lá também passarão as cinco bandas do
Movimento Undergroud Rock’n’Roll (Murro), a terceira edição da batalha de passinhos de funk  (Duela BH!) e o os competidores do Campeonato de Basquete de Rua do Baixo Centro.

Ainda no Centro, mas do outro lado da Avenida Afonso Pena, o Grande Teatro do Sesc Palladium receberá o Teat(r) Oficina Uzyna Uzona, que encena para dar um FIM NO JUÍZO de deus.


A montagem, com elementos de escatologia e muita alegoria, leva ao palco e plateia do espaço uma peça de Antonin Artaud, escrita para o rádio na década de 1940. Nela, discute-se a verdade e a existência de Deus diante do juízo final. A companhia, liderada por Zé Celso Martinez Corrêa, mantém o texto original, mas sugere uma visão completamente imersa na atualidade brasileira, repleta de críticas à classe política e às verdades absolutas que a sociedade brasileira julga ter.

Entre os vários palcos da Virada Cultural, alguns têm características próprias. Se o da Praça da Estação é considerado o principal e vai atrair, sobretudo, quem gosta de rap, o da Praça da Liberdade será ponto de encontro dos apreciadores da música instrumental.


Passarão por lá os trios do guitarrista Juarez Moreira e do pianista Rafael Martini e a banda Refinaria, esta com repertório curioso que contempla versões de hits do rock dos anos 1990.

Já as praças Afonso Arinos e Sete funcionarão como painéis da produção cultural da capital mineira, que predomina sobre atrações de outros estados.


Na primeira, destaque para Makely Ka, que mostra as composições de seu disco mais recente, Triste entrópico. Além dele, subirão ao palco do local o flautista Renato Savassi, o baixista Adriano Campagnani (um dos mais talentosos da cidade no instrumento) e as bandas Câmera e Sara Não Tem Nome, entre outros.

Na Praça Sete, a diversidade de estéticas será ainda maior.

Lá, o palco terá do cantor e guitarrista Affonsinho (que mostrará as músicas de Bluesing, seu primeiro disco em inglês) ao grupo Meninas de Sinhá, ligado a canções da cultura popular mineira.


Completam essa grade o violeiro Chico Lobo, o grupo vocal Amaranto e até duas atrações de música sertaneja, a cantora Bella Melo e a dupla Paulo & André.

O Parque Municipal, apesar de concentrar espaços com propostas diferentes – do show de Lenine a loja de roupas para moradores de rua –, abriga palco só para artes cênicas.

Quem passar por lá poderá conferir montagens da Cia. Mário Nascimento, Teatro Negro e Atitude, Coletivo de Negras Autoras e até uma para crianças – Grande pequeno encontro, encenada pela Cia Lunática. Ainda no parque, serão realizadas atividades ligadas à arte urbana, a exemplo do projeto Pimp My Carroça, cuja proposta é reformar e grafitar até três carrinhos de catadores que coletam materiais recicláveis nas ruas da cidade.

BOEMIA
O cantor e compositor paraibano Chico César será a atração principal do palco montado da Rua Guaicurus, outro ponto de referência importante na geografia da Virada. A conhecida via da zona boemia da capital mineira receberá também a Cia. de Dança Fissura, a performer Gaby Winehouse, as bandas Mamutte Embanda e Djalma Não Entende de Política, e atrações carnavalescas como a Roda de Timbau, o Bloco Garotas Solteiras, e a Approach. O cantor Marcelo Veronez está a cargo do encerramento por lá..