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Santos Dumont é tema de livro e de exposição, mas museu em sua cidade natal passa por problemas

Enquanto o mineiro é tema de publicação na Flip e de exposição no Museu do Amanhã, em sua cidade natal, instituição dedicada à sua memória tem pavilhão interditado e salários atrasados

Mariana Peixoto


Santos Dumont
– É fácil chegar até o Museu de Cabangu.
Do trevo de Santos Dumont, distante 207 km de Belo Horizonte, basta virar na placa indicativa. Dezesseis quilômetros de uma rodovia federal em ótimo estado (a BR 499) levam o visitante até a entrada do parque. A paisagem do percurso, dominada pela Serra da Mantiqueira, só tem uma intervenção: a fábrica de silicone Dow Corning. Afora isso, há apenas verde pela frente. Antes da portaria, a estação de trem avisa: você chegou ao Cabangu.

O difícil é saber que ele existe. Museu da casa natal de Alberto Santos Dumont (1873-1932), que ali viveu seus primeiros anos, o Cabangu não tem site, sequer telefone – há uma linha fixa no museu, que não funciona. Está aberto para visitação de segunda a segunda, das 8h às 17h, é de graça nos dias de semana (aos sábados, domingos e feriados é cobrada entrada de R$ 2).
Mas um parque de 365 mil metros quadrados não conta sequer com uma lanchonete. Para conseguir uma informação mais acurada, só mesmo na Prefeitura de Santos Dumont.

Fundado em 1973 com todos os recursos possíveis na época – a BR 499 foi criada única e exclusivamente para permitir o acesso à área, onde foram plantadas 70 mil árvores –, o Cabangu sofre com a falta de recursos. Administrado por um triunvirato – a Fundação Casa de Cabangu, integrada por 50 moradores voluntários de Santos Dumont, a Prefeitura Municipal e a Aeronáutica, aqui representada pela Escola Preparadora de Cadetes do Ar (Epcar), na vizinha Barbacena –, correu recentemente o risco de fechar suas portas.
Réplica do avião 14 Bis instalada no Museu de Cabangu, em Santos Dumont, cidade natal do inventor, tem 75% do tamanho do original - Foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS
O pavilhão onde ficava a exposição sobre a evolução de Santos Dumont na aviação teve que ser interditado. De madeira e sem qualquer tratamento de refrigeração, a edificação (três chalés) pereceu com a umidade da região, fungos, infiltração etc. Dessa maneira, a visitação hoje é reservada à casa onde ele nasceu, que conta com seus objetos pessoais, e ao prédio da administração, que guarda réplicas de suas criações e algumas curiosidades. O parque ainda dispõe de uma réplica em alumínio do 14 Bis (com 75% do tamanho do original, há modelo semelhante em um dos trevos de Santos Dumont) e um chafariz no meio do lago, que ele próprio construiu e funciona sem apoio mecânico.

SEM SALÁRIO “Temos um acervo rico e não podemos divulgar. Não sei até quando conseguiremos manter o museu”, afirma Tomás Castello Branco, presidente da Fundação Casa de Cabangu. Sua irmã, Mônica Castello Branco, é a curadora do museu. Atua também como uma espécie de guia informal, já que não há monitores para dar explicações ao público. No Cabangu há apenas quatro funcionários, além de oito cadetes da Epcar, responsáveis pela segurança do parque. Os quatro funcionários, mantidos pela prefeitura, não receberam nenhum salário neste ano.

Enquanto Cabangu, que traz a memória de Santos Dumont em sua passagem por Minas Gerais, sofre com a ausência de recursos, o inventor tem sua trajetória recontada em outros lugares. O escritor holandês Arthur Japin chega ao Brasil no fim deste mês para lançar, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o romance histórico O homem com asas. Best-seller na Holanda, onde vendeu 50 mil exemplares, o livro propõe um olhar para a vida de Santos Dumont a partir do roubo de seu coração.

Já no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, vai até 30 de outubro a exposição O poeta voador, Santos Dumont, que lança luzes sobre o lado visionário do inventor.
As estrelas da mostra temporária são protótipos de suas principais criações e duas réplicas, em tamanho real, de seus inventos mais conhecidos: o pioneiro 14 Bis (em 23 de outubro serão comemorados os 110 anos do primeiro voo) e o avião Demoiselle, seu mais completo projeto.

A cidade que ganhou o nome de Santos Dumont após sua morte tenta manter sua memória presente em seu dia a dia. Além do Museu de Cabangu, o município ainda apresenta uma réplica da Torre Eiffel com o balão nº 6, com que ele circulou em 1901, e uma estátua do inventor sentado em um dos bancos na Praça Cesário Alvim, no Centro. Comércio, escolas e hotéis levam seu nome ou os de seus principais inventos.

A prefeitura tem projeto para criar outras réplicas de seus inventos, bem como traçar um roteiro de Santos Dumont. “A ideia é fazer dele o carro-chefe do município e também um intercâmbio com outros lugares por onde ele passou, como Rio das Flores (onde foi batizado) e Petrópolis (onde está a casa A Encantada)”, comenta o chefe da divisão de turismo de Santos Dumont, Bruno Guilarducci.

Secretária de Meio Ambiente, Turismo, Esporte e Lazer, Cláudia Rocha Jorge, promete para até dois meses o pagamento dos salários atrasados dos funcionários do Cabangu. O museu ganhou, há alguns meses, um projeto arquitetônico para a construção de novos pavilhões. A prefeitura aguarda recursos de R$ 90 mil do estado para a encomenda de um projeto executivo, que vai dimensionar as necessidades de revitalização do museu e do parque. Mas, com a proximidade das eleições e a mudança na administração municipal (o atual prefeito, Bebeto Faria, não vai tentar a reeleição), os dois sabem que este é apenas o início do caminho. “Vamos alicerçar o projeto de tal maneira que ele tenha continuidade com quem quer que assuma a administração”, conclui a secretária.

- Foto: Reprodução
Santos Dumont morreu no Guarujá, São Paulo, em 23 de julho de 1932. “A morte se deu por colapso cardíaco”, atestou o legista Roberto Catunda no laudo necrológico. Não foi.
Ele se enforcou no banheiro do Grand Hôtel de La Plage.

A controvérsia de sua morte – que chegou a ser (mal) justificada pelo desgosto em torno do uso militar dos aviões – alongou-se por muito tempo também por uma razão algo improvável: ele foi enterrado sem o coração.

Durante a necropsia, o médico responsável pelo embalsamento – Santos Dumont morreu durante a Revolta Constitucionalista e decidiu-se esperar que o confronto arrefecesse para trasladar o corpo de São Paulo para o Rio de Janeiro, onde foi enterrado –, Walther Haberfeld, resolveu, por conta própria e à revelia das autoridades e da família, retirar o coração do aviador.

É neste ponto que tem início o romance histórico O homem com asas (Tusquets Editores, 288 páginas, R$ 41,90), do escritor holandês Arthur Japin, um dos romancistas mais conhecidos de seu país. A partir do roubo do coração, o autor busca recuperar a personalidade de Santos Dumont, sua vida em família, seus amores e sua paixão pelos ares.

“Tento ser fiel aos fatos, mas o que me interessa é encontrar a camada emocional que há sob eles”, afirma Japin, que, para tal, criou situações e personagens. Lançado em setembro na Holanda, o livro virou um best-seller naquele país (50 mil exemplares vendidos) e fez do então desconhecido por lá Santos Dumont uma celebridade.

Agora, O homem com asas ganha edição brasileira. O lançamento oficial do livro será na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Em 2 de julho Japin fala sobre Santos Dumont na mesa “Encontro da arte e da ciência” ao lado do artista plástico Guto Lacaz.

“Como escritor, eu nunca poderia sonhar com tal. Mas é verdade. A história do coração era tentadora demais para não usá-la”, afirma Japin em entrevista ao Estado de Minas. O coração do inventor encontra-se hoje preservado numa redoma de metal no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro.

Por que um escritor holandês se interessou por Santos Dumont?
Já escrevi uma série de romances e todos eles têm o mesmo tipo de herói. Santos Dumont é meu herói perfeito, porque é alguém que não se encaixava e teve que lutar muito para se tornar quem queria ser. Este é o tipo de pessoa que me interessa, pessoas solitárias que encontraram significado para sua existência. Pessoas que ainda tiveram soluções incríveis para superar sua solidão. Santos Dumont, de certa maneira, nos fez voar. E, é claro, (o escritor e historiador) Benjamin Moser é meu marido, o Brasil é muito presente na nossa casa por causa de Clarice (Lispector, que Moser biografou). Um dia, ele me falou sobre Santos Dumont e comecei a ler sobre ele. Outro herói perfeito para mim é Aleijadinho, também um tipo de pessoa que fez o impossível.

Você vive na Holanda e na França. As pessoas conhecem bem Santos Dumont na Europa?
Hoje todo mundo na Holanda o conhece, porque meu livro saiu aqui ano passado. Santos Dumont ficou famoso aqui. Na França, há pessoas que o conhecem, mas ele acabou sendo um pouco esquecido. E entendo o porquê. Depois da Primeira Guerra Mundial, ele ficou muito desapontado pela maneira como os aviões foram usados no combate, o que nunca foi a intenção dele. Então acredito que a partir de certo ponto ele quis ser esquecido como o inventor do avião.
Quando os irmãos Wright fizeram o pedido de reconhecimento (como pioneiros da aviação), acho que ele deve ter ficado contente por não levar a “culpa” pelo avião. Acredito que seja por isso que no mundo todo, à exceção do Brasil, ele foi esquecido. E o que é maravilhoso nos romances históricos é a possibilidade de trazer as pessoas de volta à vida. Todo mundo na Holanda quer saber como foi possível nunca terem ouvido falar de Santos Dumont.

O homem com asas aborda um tema espinhoso, no Brasil, da biografia de Santos Dumont: sua sexualidade. No livro, ele vive um relacionamento apaixonado com seu mecânico, Albert Chapin. Espera muita polêmica com o lançamento do romance no país?

Obviamente na Holanda ninguém ligou para isso. Nos dias de hoje, ninguém deveria ligar. Ele foi simplesmente alguém que amou, se decepcionou no amor e voltou a amar. Deveria ser algo normal, mas compreendo que seja diferente no Brasil. Estou muito curioso para saber o que as pessoas irão dizer. Sei que existem aqueles que simplesmente negam que ele fosse gay. Mas, se você analisar os fatos, se você olhar nas coisas que foram escritas sobre ele, na maneira como ele se portava e se vestia, não há dúvida alguma de que fosse gay. E por que não falar sobre isso? Vou adorar conversar com brasileiros que vejam algum problema nisso, pois vou convencê-los de que não é um problema. (Mariana Peixoto)
Os registros de experimentos do inventor em exposição são réplicas; originais estão na reserva técnica - Foto: ALEXANDRES GUZANSHE/EM/D.A PRESS

CASA

Santos Dumont – “João, eu pretendo ir aí na segunda-feira. Tome cuidado para que a Fly não vá com outro cachorro. É melhor prendê-la no galinheiro de noite. Tem chovido muito?” É dezembro de 1921. De sua casa em Petrópolis, Santos Dumont escreve uma carta curta, na verdade um bilhete, a João Mendes Ferreira, o caseiro do Cabangu.
Em março do ano seguinte, também diretamente d’A Encantada, envia outra correspondência para a mesma região, desta vez endereçada ao “coronel” José Jorge, que tinha terras vizinhas a Cabangu. “Sabendo que o senhor é amador de lindos cachorros e tendo a minha cachorra Fly tido uns filhos dos quais é pai um belo cachorro importado, eu tomo a liberdade de mandar-lhe, com esta, uma cachorrinha filha dos dois.”

Correspondências como as citadas acima, boa parte delas tratando de assuntos comezinhos, existem aos montes no acervo do Museu de Cabangu. O Santos Dumont que transparece na instituição criada em sua casa natal não tem nada do inventor cidadão do mundo. É o fazendeiro que criava gado, que chegava ao Cabangu pegando carona no trem leiteiro, que fornecia leite para as fábricas da região produtoras de queijo do reino.

“O bonito na história do Cabangu é que aqui ele tem que fazer intercâmbio com os fazendeiros, aprender com eles. Tenho impressão de que a vida dele aqui se tornou mais amiga”, afirma Mônica Castello Branco, curadora do museu.
A vida de Santos Dumont no Cabangu teve dois períodos: a primeira infância, até que os Dumont se mudassem para Ribeirão Preto, e o final da década de 1910 e o início da de 1920. Ao receber do governo brasileiro, em 1918, a casa de seu nascimento, ele comprou as terras subjacentes e passou a criar gado. Viajando pelo Brasil e fora dele neste período, passou temporadas no Cabangu até 1927. Depois, não mais voltou.

É com sua morte, em 1932, que o sonho de fazer dali um museu começa a tomar forma. Em 23 de julho daquele ano, o telégrafo de Palmira chegou esbaforido à prefeitura. Havia recebido a notícia de que Santos Dumont morrera. Um dos que ouviram a notícia em primeira mão foi Oswaldo Henrique Castello Branco, secretário do prefeito à época.

MUDANÇA DE NOME
Rapidamente, as autoridades locais resolveram fazer uma homenagem ao inventor. Mudariam o nome de Palmira para Santos Dumont, o que ocorreu em tempo recorde. Em uma semana, o então presidente de Minas Gerais, Olegário Maciel, autorizou a mudança.

Já envolvido na questão, Oswaldo Castello Branco teve outra função. Ir até o Cabangu para ver em que estado a casa estava. “Foi a primeira vez que um grupo de pessoas de Palmira foi visitar a casa. As pessoas (da cidade) reverenciavam Santos Dumont, mas não eram frequentadoras da fazenda. Chegando lá, encontraram tudo jogado, abandonado”, relembra Tomás Castello Branco.

A Oswaldo, seu pai, coube recolher todo o material: cartas, fotografias e o conjunto da documentação que o próprio Santos Dumont fez de seus experimentos de aviação, do balãozinho Brasil até a Demoiselle, seu mais bem-sucedido projeto. “O museu todo morava dentro do escritório da nossa casa”, relembra Tomás.

O sonho de Oswaldo de fazer um museu para todo o acervo só começou a tomar forma em 1949, quando foi criada a Fundação Casa de Cabangu, formada por 50 moradores de Santos Dumont. O museu como tal foi inaugurado em 1973. Como o acesso era complicado, foi construída uma estrada que percorresse os 16km que separam o museu da entrada de Santos Dumont.

Ao longo dos anos, e vendo o trabalho que a fundação realizava, houve a doação, por parte dos familiares do inventor, de objetos pessoais. Estão à mostra o chapéu Panamá e a cartola de Santos Dumont, bem como guarda-chuvas e bengala. Móveis originais da pequena casa também podem ser vistos, como a cama; dois bustos do aviador; uma mesa redonda de três pés (há quatro cartas de Santos Dumont explicando como ela deveria ser confeccionada); um lavatório adornado por uma pintura que mostra o povo recebendo Santos Dumont chegando ao Brasil em 1903; um desenho original do cartunista francês Sem, amigo próximo do aviador. Outro atrativo da casa é o banheiro – em 1920, ele criou uma maneira de ter uma ducha aquecida.

Fora isto, o que está à vista do público de documentos e cartas são reproduções, todas datadas da época de criação do museu. Os originais estão guardados na reserva técnica, que funciona num prédio mais recente, construído também para ser a sede administrativa do museu. O espaço ainda guarda algumas réplicas dos modelos mais famosos criados por Santos Dumont para alcançar os ares.

Também no prédio mais novo estão expostas curiosidades, como maços do cigarro Santos Dumont, de fabricação norte-americana. Diz de forma jocosa a legenda: “Americanos reconhecem, fabricam e fumam cigarros com a marca Santos Dumont, Father of flight (pai da aviação)”. A eterna controvérsia sobre o pioneiro da aviação (para os brasileiros, Santos Dumont, para os americanos e boa parte do mundo, os irmãos Wright) é relembrada com a menção que os gringos fizeram no pacote de cigarros. No mesmo prédio ainda se encontram as cinzas de Anésia Pinheiro Machado (1904-1999), decana mundial da aviação feminina.

FERROVIA Santos Dumont nasceu em Cabangu porque seu pai, o engenheiro Henrique Dumont, foi para lá enviado para construir a ferrovia. Ainda hoje existe na entrada do museu a estação Cabangu. Sonho antigo é fazer um trem de turismo que percorra os 16 km de trajeto de Santos Dumont a Cabangu. O projeto do Expresso Pai da Aviação existe, mas não a permissão da concessionária da linha, a MRS. “As pessoas querem, a prefeitura também, mas é uma utopia. Só há uma linha, e o trem (que transporta minério) passa a cada 15 minutos”, comenta o chefe da divisão de turismo de Santos Dumont, Bruno Guilarducci.

Seja como for e a despeito das dificuldades, a Fundação Casa de Cabangu e a Prefeitura de Santos Dumont querem a mesma coisa: profissionalizar o museu. “Estamos procurando alguma alternativa, alguma empresa que compre a ideia e que valorize o museu como ele merece”, comenta a secretária de Meio-Ambiente, Turismo, Esporte e Lazer, Cláudia Rocha Jorge.
Tomás Castello Branco, que com a irmã Mônica dá continuidade, como podem, à iniciativa de seu pai, vai além. “A fundação trabalha mantendo o acervo e fazendo o mínimo necessário. Mas, na verdade, somos amadores. Precisamos de profissionais de museologia, de bibliotecários. Pois, ao trazer para cá os documentos de seus experimentos, Santos Dumont escolheu, de certa maneira, o lugar para ser um museu.”

1873
Cabangu, Minas Gerais

 

Nasce em 20 de julho no lugar onde seu pai, o engenheiro Henrique Dumont, foi enviado para construir uma ferrovia. É o sexto dos oito filhos de Henrique e Francisca de Paula Santos

1879
Ribeirão Preto, São Paulo

 

Com a herança herdada do sogro, Henrique Dumont compra uma fazenda para onde leva toda a família. Começa a plantar café e rapidamente faz fortuna como o maior produtor cafeeiro do mundo

1892
Paris, França

 

Emancipado pelo pai desde os 18 anos, Santos Dumont, já dono de uma fortuna, vai viver na França, onde termina seus estudos

1898
Paris, França


Encomenda seu primeiro balão para próprio         uso, o pequeno Brasil. Constrói seu primeiro     balão dirigível, o Santos Dumont nº 1. Com ele, realiza as primeiras experiências de ascensão     com balão livre

1901
Paris, França


Ganha o prêmio Deutsch, oferecido pelo empresário do petróleo Henri Deutsch de la Meurthe, de incentivo à aviação (100 mil francos). Alcançou o prêmio por contornar, a bordo do SD nº6, a Torre Eiffel. O percurso foi de 29 minutos e 30 segundos (30 segundos a menos do que o tempo estipulado pela prova)


1904
Paris, França


Amigo de Louis Cartier, pede a ele que crie um relógio que lhe possibilitasse cronometrar os voos quando estivesse no ar. Desta maneira a Maison Cartier cria o relógio de pulso (até então só havia o modelo de bolso). O primeiro modelo leva justamente o nome Santos e ainda hoje é comercializado


1906
Paris, França

 

Constrói o avião 14 Bis (também chamado Oiseau de Proie, ave de rapina em português). Com o modelo, estabelece os primeiros recordes de aviação do mundo ao conseguir voar 220 metros

1907
Paris, França


Constrói seu mais completo modelo de avião, a chamada Demoiselle. Pelo menos 40 unidades foram produzidas até 1909

1917
Petrópolis, Rio de Janeiro


Constrói a casa de veraneio A Encantada, onde escreve, um ano mais tarde, sua segunda autobiografia O que eu vi, o que nós veremos


1918
Cabangu, Minas Gerais


Recebe do governo brasileiro as terras de Cabangu. Mesmo viajando constantemente pelo Brasil e fora dele, começa a criar gado na região

1929
Paris, França


Recebe do governo francês a comenda de Grande Oficial da Legião de Honra

1932
Brasil


Depois de algumas internações no exterior e com a saúde debilitada, se suicida por enforcamento em hotel no Guarujá, em 23 de julho. Seu corpo só foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio (ele próprio havia preparado seu túmulo, dez anos antes), em 23 de dezembro. Foi enterrado sem coração. O órgão, retirado pelo legista que embalsamou o corpo, foi devolvido uma década mais tarde. Hoje está exposto dentro de uma esfera de bronze no Museu Aeroespacial, no Rio.

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