Desde o começo foi
um desastre
Uma década e meia apenas e
Casa abaixo
Entre escombros formaram-se
Pequenas grutas
Escoras ao acaso
me deram
Improvisos de
quarto e sala
Pus flores
Sem elas poderia ser
Pior
E teci mesmo um tapete
Para sujar os pés
De alguma cor
É inseguro, sim, rangem
Pedaços que se constituíram
Teto
Mesmo o solo
Se move
Eu já não espero
Visitas.
Oferta
A preguiça luta diante da onça
Sabendo o inexorável
Humano, eu, não
Desejar a morte é um requintamento?
Fico parada, mas o predador finge
E não me ataca
(Morremos tão devagar)
Que terra! Onde o que
falamos ontem
Já não serve para mais nada
Toma, essa coisa mais vulgar
E que mais mente
Chamada
Palavra.
A língua para fora
Que triste é não ter você
Eu que inventei essa história
De gato
Agora quero um cão
Tenho objetos de decoração
E um coração vazio vazio
No cômodo de trás
Enquanto a sala abarrota
Foi uma guerra de derrotas
Digamos que eu trouxe
Destroços
E alguma sede para as águas.
Oral
Olhe bem para o
Poema
Veja se ele
Vale a pena
Se notar
Que ele não passa
De um parco
Teorema
Que tem o sangue ralo
E nem mosquito alimenta
Ou se ao invés
De voar
Ele ainda traz
Algemas
Espere-o dar
As costas
Meta a língua
No poema.
Maturidade
Hoje eu pensei que ia me afogar
Mas me lembrei de meu hábitat
E só me desloquei de um lado
Para o outro
É preciso ter paciência
É preciso saber bem o que se passa
E não enfiar a boca em qualquer
Salvação
Um tanto quanto é acostumar-se..