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A Mulher da Casa Abandonada: Quanto vale a mansão do podcast?

Imóvel localizado na rua Piauí, número 1.111, próximo à praça Vilaboim, ao lado edifício Louveira, pensado em 1946 pelo arquiteto Vilanova Artigas

Reprodução/Google Street View Reprodução/Google Street View
Douglas Lima - Especial para o Uai clock 20/07/2022 22:07
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Nas redes sociais, não se fala em outro assunto: A Mulher da Casa Abandonada, principalmente que nesta quinta-feira (20/07) foi ao ar o último episódio do podcast.

 

Este é o nome do podcast da Folha de S. Paulo escrito e narrado pelo jornalista Chico Felitti, que investiga o crime bárbaro cometido por Margarida e o marido, Renê Bonetti. Os dois, durante 20 anos, mantiveram uma brasileira em condições análogas à escravidão em sua residência nos Estados Unidos da América.

 

Desde que foi lançada, em 15 de junho, a história real de escravidão moderna e abuso, liderou a audiência no Spotify, conquistando fãs curiosos pela trama de mistérios e crimes. O local onde a criminosa se escondeu durante os últimos anos, o palco da história, se tornou quase um ponto turístico no bairro nobre de Higienópolis, em São Paulo.

 

Rodeada de prédios, a residência está em uma região que conta com um dos metros quadrados mais caros da capital paulista. A construção está localizada na rua Piauí, número 1.111, próximo à praça Vilaboim, ao lado edifício Louveira, pensado em 1946 pelo arquiteto Vilanova Artigas.

 

A casa é de uma tradicional família da elite paulistana foi construída entre as décadas de 1920 e 1930, com um estilo bastante eclético, logo, é impossível não pensar em quanto vale atualmente.

 

Para sanar a curiosidade de muitos, o jornalista do portal UOL conversou com Felipe Tzung, diretor comercial da Livar, startup especializada em imóveis. Segundo ele, um apartamento novo é comercializado na região com o metro quadrado custando cerca de R$ 20 mil. Como estima-se que a mansão onde Margarida mora tenha até 500 metros quadrados e possua até 20 cômodos, o cálculo aponta que ela pode custar até R$ 10 milhões.

 

Entretanto, ele destacou que é complicado estabelecer um valor para o local, pois seria improvável alguém comprar o imóvel para morar – já que está em mal estado.

 

"O que tem valor é o terreno, está numa região muito boa. As incorporadoras preferem comprar a casa para construir apartamentos de altíssimo padrão, que geram muito mais retorno", explicou Tzung.

 

Caso a residência estivesse em boas condições, aí sim poderia valer alguns milhões de reais, mas é necessário verificar a mansão por dentro. No estado atual, a necessidade de uma  reforma faz com que o preço caia consideravelmente.

 

Com a fama obtida por meio do podcast, o valor da casa até poderia aumentar, mas o diretor reforça que um potencial comprador, seria beneficiado somente por um curto período e precisaria ter o objetivo de explorar a história revelada por Felitti.

Entenda o caso

Tudo começou na década de 1970, quando a Margarida casou-se com Renê Bonetti. Os dois, pouco tempo depois, se mudaram para os Estados Unidos, levando consigo uma empregada doméstica. Brasileira e analfabeta, a mulher foi um "presente" dado aos noivos pelo pai de Margarida para cuidar da residência onde ficariam.

 

O casal teria mantido essa funcionária, que não teve seu nome revelado, em condições análogas à escravidão, sofrendo agressões, sem receber salário por anos, além de não ter acesso aos armários ou geladeira do local. A vítima só conseguiu fugir em 2000, com a ajuda de uma vizinha, durante uma viagem dos patrões pelo Brasil. A polícia americana foi acionada e o caso passou a ser investigado.

 

Com isso, o FBI indiciou Renê, que se naturalizou norte-americano, foi condenado a seis anos de prisão no país pelos crimes. Margarida, por sua vez, se livrou da condenação e fugiu para a capital paulista, onde passou a morar na mansão de seus pais desde então.

 

"Mari", como se apresentou aos vizinhos, aparece poucas vezes no exterior do local, além de sempre usar um tipo de creme branco em toda face. Alguns dizem que ela utiliza o produto para não ser reconhecida, outros pensam que ela pode ter uma doença de pele.

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