
Mark of The Deep é o Hades brasileiro com pitada de Piratas do Caribe. Por Pedro Zambarda
Conheça a história de Fabio Almeida e Jacson Gonçalves, os jornalistas baianos por trás de um dos portais de notícias mais autênticos e necessários do Brasil
O Jack Comunica é mais do que um portal de notícias. É o reflexo de duas trajetórias que se cruzaram por acaso e deram origem a uma iniciativa de impacto, movida por empatia, coragem e o desejo de transformar a comunicação em um canal de representatividade real.
Tudo começou em 2018, quando Jacson Gonçalves, cadeirante e estudante de Jornalismo, pediu ajuda para um trabalho da faculdade. O pedido foi atendido por Fabio Almeida, jornalista formado, que topou colaborar mesmo atuando fora da área. O que seria uma simples troca acadêmica virou conexão profunda e duradoura.
O contato cresceu, e logo vieram oportunidades profissionais. Fabio passou a escrever em um portal indicado por Jacson, e seus textos ganharam destaque pela abordagem sensível, com olhar humano e linguagem acessível. A convivência com Jacson também abriu seus olhos para uma realidade antes distante: a das pessoas com deficiência e os inúmeros desafios causados pela falta de acessibilidade.
Um episódio, em especial, marcou os dois: após uma cobertura de evento, pediram um carro por aplicativo. Ao ver Jacson, o motorista deu meia-volta e fugiu. “Naquele dia, a exclusão doeu em mim também”, lembra Fabio.
O que ninguém imaginava era que eles também compartilhavam laços de sangue: ao conversarem com suas famílias, descobriram que eram primos de segundo grau. A afinidade virou família — e o projeto ganhou ainda mais força.
Em 2019, nasceu o blog que mais tarde se transformaria no Jack Comunica, nome que une “Jack” (apelido de Jacson) com o verbo “comunicar”. Um título pessoal, sim — mas cheio de significado. “Mais do que parecer uma marca, queríamos representar nossa essência”, afirma Fabio.
A jornada foi desafiadora: sem patrocínio ou apoio financeiro, os dois sustentaram o projeto com esforço e fé. Madrugadas de escrita, finais de semana sem descanso e cada centavo reinvestido no portal. Em paralelo, continuavam vivendo e denunciando situações de descaso, como a vez em que Jacson, num grande festival, foi impedido de acessar a área adaptada e precisou enfrentar chuva, multidão e ausência de banheiro acessível. “Ele se urinou. E eu só consegui tentar protegê-lo com o corpo”, conta Fabio.
Dessas vivências nasceu uma das editorias mais importantes do portal: a “Vida de Inclusão”. Nela, são publicadas histórias inspiradoras de pessoas com deficiência, entrevistas e reportagens sobre os desafios da inclusão social. A acessibilidade virou pauta constante — dos bares aos espaços públicos, das universidades aos eventos culturais.
Fabio e Jacson acreditam que comunicar não é apenas informar. É dar visibilidade ao que muitos preferem ignorar. “Inclusão não é favor. É estrutura. É respeito”, reforça Fabio. E é com esse propósito que o jornalismo independente do Jack Comunica vem crescendo.
Jacson, que desde pequeno enfrentou limitações físicas e preconceito, viu no Jornalismo a chance de contar histórias e desbravar verdades. “Diziam que essa profissão não era pra mim. Mas eu provei que era, sim”, afirma. Hoje, atua nos bastidores com inteligência, sensibilidade e um olhar atento para os detalhes que ninguém vê.
Já Fabio, que chegou a trabalhar em call center para se sustentar, reencontrou no portal o propósito de sua vida profissional. Com uma escrita firme e empática, ele assina a maioria das matérias, sempre guiado pelo compromisso com a inclusão e a verdade.
Agora, o Jack Comunica segue em expansão. Os dois sonham alto: transformar o portal em uma das maiores referências do país em jornalismo com impacto social. Buscam parcerias, apoios institucionais e marcas que acreditem em um país mais acessível, justo e inclusivo.
Hoje, com milhares de leitores espalhados pelo Brasil, o portal segue movido pelos mesmos princípios que o fundaram: coragem, verdade e compromisso com a inclusão social.