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Monte Saint Michel: abadia que flutua ao sabor das marés na França

O monte na Normandia integra o conjunto de "bastides", cidades impenetráveis projetadas principalmente nos séculos 12 e 13 que, ao final da Idade Média, marcavam a fronteira entre reinos


22/05/2017 09:00 - atualizado 22/05/2017 12:05

(foto: VisitFrance/Divulgação)
(foto: VisitFrance/Divulgação)
A paisagem dança ao sabor do vai e vem das águas. Maré alta. A ilhota rochosa de Mont –Tombe (Túmulo na Colina), encravada à foz do Rio Couesnon, flutua majestosa sobre a baía de Saint Michel, em perfeita circunferência de um quilômetro de diâmetro, como se traçada com compasso sobre o mar. Montada sobre ela, imponente, a abadia fortificada e o santuário do Arcanjo São Miguel se elevam a 80 metros. Desafiam altivos, em sua posição fortemente defensiva, invasores que pelo Canal da Mancha ou pelo Mar Celta precisariam enfrentar a fúria das ondas, ditada pelo calendário lunar: nas primaveras, alcançam velocidade de 30 quilômetros por hora e encobrem rapidamente o acesso à ilha. Mas na maior amplitude de marés observada na Europa, Monte Saint Michel reina, subitamente, não mais sobre o mar, mas num descampado ainda úmido de areias abandonadas pelas águas retirantes. É a maré baixa.


No limite entre a Normandia e a Bretanha, assim como Aigues-Mortes – um dia ponto de reunião dos Cruzados à Terra Santa –, assim como Avignon – sede alternativa da Cristandade –, e assim como a fortaleza de Carcassone, Monte Saint Michel integra o conjunto de “bastides”, cidades impenetráveis projetadas principalmente nos séculos 12 e 13 que, ao final da Idade Média, marcavam a fronteira entre reinos. E na França, era o reinado de Filipe, o Belo (1268 a 1314). Esse soberano de ferro, que ajudou a unificar e consolidar o estado, que um dia tentou depor o papa Bonifácio VIII e criou as condições para a eclosão da Guerra dos Cem Anos – período em que a abadia ganhou mais muralhas e torres – foi responsável pela construção desta que hoje é chamada também de “Maravilha do Ocidente”.


A abadia fortificada de Monte Saint Michel, tal qual a conhecemos hoje, evoluiu de um modesto oratório edificado no ano 708, quando após três sonhos, Saint Aubert, então bispo de Avranches, prestou ali homenagem a São Miguel Arcanjo. Logo tornou-se um centro de peregrinação, para onde os chamados miquelots viajavam para cultuar o chamado “líder dos exércitos de Deus”. Antes do ano 1000, ali edificaram uma igreja sobre criptas e os primeiros edifícios do mosteiro beneditino. Mas foi após a conquista da Normandia que Filipe autorizou a construção do espetacular conjunto gótico: dois edifícios de três andares, seguidos do claustro e do refeitório.


Nos séculos 12 e 13 o mosteiro alcançava o seu esplendor e tornara-se centro de instrução. A obra de mestre continuou a se ampliar entre os séculos 15 e 18, com a conclusão da igreja e aposentados da abadia, ambos ao cume, protegidos por muros altos e em posição inexpugnável dentro da ilha.


Durante a Revolução Francesa e se estendendo até o Segundo Império, Monte Saint Michel tornou-se uma prisão. As marcas desse período batizam o terraço que se eleva ao topo da escadaria interna: salto de Gautier, faz referência ao prisioneiro que, em busca da liberdade, se lançou ao voo da morte. Foi a partir de 1874 que a espetacular abadia se tornou monumento nacional da França. Integra a lista de Patrimônio Mundial da Humanidade.


Os séculos se movem, mas a “Maravilha do Ocidente” observa, intacta, o tocar nos sinos, o rumor das orações, o burburinho das passadas sobre as pedras da única rua, as preces, os medos, as confissões, as alegrias, a gratidão. O tempo, testemunho da história, para em Monte Saint Michel.

 

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