Cantora é assediada sexualmente em programa e apresentadores debocham

Abuso em Emma Marrone tem sido apontado como conivência à cultura do estupro

por Diário de Pernambuco 09/05/2017 18:51

Canale 5/Reprodução
"Não quero que pareça uma puritana, mas se você me tocar eu não vou consiguir cantar", diz Emma Morrone (foto: Canale 5/Reprodução)
Uma cantora foi assediada durante reality show musical exibido na TV italiana. O episódio foi considerado uma "pegadinha" pelo Canale 5. Durante um ensaio do telent show, Emma Marrone começa a cantar, e um dos bailarinos se aproxima e acaricia seu corpo. As imagens foram ao ar no programa Amici di Maria de Filippi, da emissora que faz parte do grupo Mediaset, de Silvio Berlusconi. Os jurados e a plateia riram da situação.

O vídeo mostra quando o dançarino se aproxima de Emma, esfrega o corpo contra ela, acaricia as pernas, aperta a bunda e tenta tocar nos seios. Ela se irrita e pede para ele parar. "Um pouco menos", diz. "Não quero que pareça uma puritana, mas se você me tocar eu não vou consiguir cantar", acrescenta a participante. O bailarino continua com as investidas, a abraça pela cintura, toca o cabelo e tenta beijá-la, até que ela finalmente se desvencilha dele, o chuta e o joga no chão.

O trecho do vídeo mostra que a câmera foi escondida no local do ensaio para filmar a reação da participante. Nas redes sociais do programa, as cenas foram compartilhadas e se referindo a "uma piada" e acompanhada pela legenda: "Um pouco menos é a frase do dia".

Alguns internautas entenderam a situação como um caso de abuso sexual e violência contra a cantora, que ficou visivelmente constrangida com as investidas do dançarino. A associação Telefone Rosa, dedicada à proteção dos direitos das mulheres, também se manifestou contra o episódio. "Uma brincadeira desse tipo não faz rir. E não só isso. Uma piada assim demonstra inaceitável leveza por parte dos autores, que sabem que o programa é voltado ao público jovem", critica a presidente nacional da instituição, Maria Gabriella, em entrevista ao El país.

 

"Alguma vez, vocês já se perguntaram, queridos autores, que mensagem permanece após o riso diante do assédio sexual? Alguma vez, vocês já se perguntaram o que quer dizer 'normalizar' o comportamento sexualmente explícito em uma mulher que não consente?", acrescentou. A repercussão do caso inspirou uma petição online, assinada por mais de 17 mil pessoas, que pede novas pautas nos meios de comunicação de como lidar com a violência sexual.

 

Assista ao vídeo:

 

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