'Vade retro' estreia nesta quinta misturando comédia e suspense

Escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, série global, protagonizada por Tony Ramos e Mônica Iozzi, mostra oposição entre bem e mal

por Agência Estado 19/04/2017 09:20
RAMON VASCONCELOS/DIVULGAÇÃO
Tony Ramos é Abel na nova série (foto: RAMON VASCONCELOS/DIVULGAÇÃO )
Abel Zebu. Tente ler esse nome sílaba por sílaba, lentamente. Agora faça o mesmo com Lucy Ferguson. Algo familiar? As lembranças das palavras “Belzebu” e “Lúcifer” não são em vão. Na nova série Vade retro, que estreia nesta quinta (20) após a novela A força do querer, na TV Globo, traz alguma referência a céu e inferno. A atração, feita em coprodução com a O2 Filmes, com roteiro de Fernanda Young e Alexandre Machado, direção artística de Mauro Mendonça Filho e supervisão de Guel Arraes, é uma comédia cheia de suspense. “Talvez tenha sido o melhor texto que já trabalhei em toda a minha carreira”, derrete-se Mauro.

Tudo começa quando o bem-sucedido empresário Abel (Tony Ramos) contrata a doce advogada Celeste (Monica Iozzi) para tratar da sua separação. Até então, ele é casado com Lucy (Maria Luísa Mendonça). Em Celeste, Abel encontra o que precisa: uma moça ingênua, com forte ligação com o “divino”, que poderá lhe ajudar no processo de divórcio e ainda servir de laranja para esquemas de lavagem de dinheiro.

“É muito fácil se identificar com a Celeste. Quem nunca se sentiu tentada, seduzida por algo? A Celeste não desconfia das pessoas, e eu também tenho um pouco disso”, diz Monica Iozzi. “O demo, diabo, cão, enfim, é discutido desde sempre. Quando me foi oferecido o roteiro, minha questão era saber se ele chegava ao público. E eu tive a resposta ao ler os três primeiros capítulos. O texto me marcou muito”, comenta Tony, que não revela se seu personagem é o diabo em forma de gente.

A família Zebu e seus “chegados” é só mistério. Durante o desenrolar da trama, a ideia é que o telespectador se pergunte justamente se tais personagens são humanos ou não. Ao lado da mãe Lucy, as crianças Damien (Enrico Baruzzi) e Carrie (Nathália Falcão) são capazes de grandes trapaças e estão atrás de um rubi valiosíssimo, escondido por Abel, e que teria poderes mágicos. Ainda na turma, a sedutora Lilith (Maria Casadevall) joga ao lado do empresário, entrega-se aos seus mandos e desmandos e tem uma relação íntima em excesso com o patrão.

SOBRENATURAL “Lilith aparece para ajudar Abel com um plano de engravidar Celeste. Na tradição judaica, Lilith é um ser que foi expulso do paraíso. A primeira mulher criada antes mesmo de Eva. Então você não sabe se a minha Lilith é um ser humano de caráter duvidoso ou um ser de origem sobrenatural. A gente fica o tempo inteiro nesse jogo e isso dá margem para muitas criações”, comenta Maria.

Já no núcleo mais “bonzinho” aparecem o namorado, Davi (Juliano Cazarré), e a mãe de Celeste, Leda (Cecília Homem de Mello). O rapaz, no entanto, tem conduta duvidosa.

Falar sobre o bem e o mal, levantando questões religiosas, não é um tabu para os criadores de Vade retro
. “O humor, antes de qualquer coisa, deve ser leve. O diabo é risível, a ‘carola’ também é risível. Não poder falar sobre esses temas é preocupante. E aí, sim, habita a grande maldade. Em momento algum desrespeitamos nada, não é a intenção”, pontua Fernanda.

As tomadas das cenas não são usuais na televisão. Mauro e Fernanda comentam que usaram a técnica do diretor Stanley Kubrick, chamada de “one point perspective view”, que centraliza os personagens para dar a impressão de que existe uma atmosfera de suspense em volta. “Tentamos achar uma estética que brincasse com o ‘dark’, mas com o cuidado de não passar por cima da comédia”, comenta o diretor artístico.

Gravada em São Paulo no final do ano passado, a atração de 12 capítulos terá segunda temporada, prevista para 2018.

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