Menos focado no lado fantástico da ficção científica, como viagens espaciais, dimensões paralelas, alienígenas e o futurismo tecnológico exacerbado, o novo padrão televisivo se concentra no campo das relações humanas. Um dos expoentes atuais, Black mirror, exibida na plataforma Netflix, exemplifica bem a tendência: apesar de ter a tecnologia como elemento comum entre todos os episódios, o interesse maior é na imbricação social.
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O grande diferencial está na escolha de temas mais sintonizados com o mundo contemporâneo do que os assuntos abordados em episódios de anos anteriores. A dependência da aprovação alheia em redes sociais, expressão do ódio na internet, vigilância e relacionamentos amorosos virtuais estão entre as questões colocadas. Com episódios diversificados em termos de roteiro e direção, ficou ainda mais evidente que Black mirror abraça não apenas a ficção científica, mas uma gama de gêneros, como drama, thriller e policial.
A variedade de possibilidades narrativas e estilos se deve ao fato de a ficção científica não ser considerada necessariamente um gênero, mas característica da história. Por isso, várias outras produções, da comédia ao drama, conseguem também incluir elementos sci-fi.
The 100, da CW, também ambientada no futuro, mostra cenário mais sombrio, embora igualmente movediço no campo moral. Depois de tornar o planeta inabitável, seres humanos passam a viver em uma estação espacial de leis rígidas e com recursos racionados.
Com o esgotamento da água e da comida, decide-se enviar para a Terra 100 crianças que cometeram algum ato de deliquência anteriormente. Crítico ao determinismo social e a regimes totalitários, o programa intercala questões mais pesadas com a subtrama de drama juvenil.