Dia Nacional de Prevenção e Combate ao Glaucoma e à Catarata: hospital promove blitz contra a cegueira

A segunda edição do evento terá exames e orientações sobre doenças que afetam a visão, além de atrações culturais, com programação totalmente gratuita, neste sábado, na Praça da Liberdade, em BH

por Joana Gontijo 26/05/2017 13:26
 Leo Lara/Divulgação
(foto: Leo Lara/Divulgação )

A segunda edição da Blitz do Combate à Cegueira chega a Belo Horizonte neste sábado, na Praça da LIberdade, para informar e conscientizar a população sobre os riscos e formas de prevenção de doenças crônicas que podem afetar a qualidade da visão. O evento, com toda a programação e serviços gratuitos, é realizado um dia depois da data que celebra o Combate ao Glaucoma e à Catarata, com realização do Hospital de Olhos Rui Marinho. Na ocasião, serão ofertados exames oculares de detecção inicial (screening) de glaucoma, além de testes rápidos de sífilis, aferição de pressão arterial, orientação ao fumante e prevenção de quedas em domicílio ao idoso, além de atrações culturais para toda família. Os atendimentos acontecerão das 9h às 15h, em frente ao Museu das Minas e do Metal.

Um dos objetivos da iniciativa é alertar para o risco de que males recorrentes, se não tratados a tempo, acabem chegando à cegueira. “Este ano nosso enfoque informativo visa uma atenção primária à saúde, alinhando a prevenção da cegueira com outros cuidados, tais como as DST's, o tabagismo e a hipertensão. Isso porque a visão de muitas pessoas tem sido afetada em conseqüência dessas patologias e precisamos conscientizar a população que tanto o cuidado primário dessas doenças, quanto a visita ao oftalmologista, são fundamental para o combate a cegueira”, salienta Marcus Vinicius, médico oftalmologista e diretor clínico do Hospital de Olhos Rui Marinho.

Na primeira vez que ocorreu na capital, a Blitz realizou 752 exames de triagem. De cada 10 examinados, dois foram considerados suspeitos de glaucoma e, destes, 80% desconheciam a situação. Do total de pessoas avaliadas, 10% nunca haviam ouvido falar de glaucoma e 50% não iam ao oftalmologista há mais de dois anos. “Os números da Blitz confirmam estatísticas prévias. A grande maioria da população não vai ao oftalmologista regularmente e por conseguinte, a maioria dos portadores de glaucoma não sabem que têm a doença. Por isso mesmo a doença é líder em cegueira irreversível no mundo e tantas pessoas têm seu diagnóstico realizado em fase avançada da doença”, explica o especialista. No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e seis milhões com baixa visão.

Quem passar pela praça poderá fazer os exames oftalmológicos de tonometria de sopro, que afere a pressão intraocular, auxiliando na preservação da saúde do nervo óptico e na prevenção contra o glaucoma. A equipe de atendimento se desdobrará em vários turnos. Haverá a presença constante de oftalmologistas para esclarecimentos de dúvidas. O evento conta ainda com apoio da Sociedade Mineira de Cardiologia, responsável por aferição de pressão arterial e orientação sobre hipertensão e da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte. Por meio da Coordenação Municipal de Saúde Sexual e Atenção às DST/Aids e Hepatites Virais da PBH , serão fornecidos 200 testes rápidos de sífilis, doença sexualmente transmissível que pode acarretar complicações oculares em gestantes, bebês, jovens e adultos de todas as idades. Já a Coordenação de Atenção à Saúde do Adulto e Idoso da PBH estará presente informando sobre o combate ao tabagismo e prevenção de quedas de idosos dentro de casa.

Os bailarinos mineiros Renata Mara e Oscar Benfica, deficientes visuais que foram destaque na abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, sobem ao palco às 9h45, com o pas de deux “Muito além da visão”. Em seguida, farão um oficina e um bate papo com o público. Renata nasceu com retinose pigmentar e tem apenas 20% da visão e Oscar ficou completamente cego aos 9 anos de idade. À tarde, continua a programação cultural. O duo Desvio, Percussão Sincronia e Movimento, se apresentará a partir de 14h30. No repertório, uma mistura de peças autorais e de compositores, combinando ritmos brasileiros com o pensamento formal erudito.

 Leo Lara/Divulgação
(foto: Leo Lara/Divulgação)

A Blitz contará também com a participação da Associação de Amigos do São Rafael. Eles disponibilizaram material e equipamentos do dia a dia, como máquina de escrever e atlas para deficientes visuais. Mais uma opção de lazer, o espaço Kids e a área de bike e food trucks marcam presença.

Males da visão

O glaucoma é uma doença silenciosa, sem cura, mas passível de tratamento. É considerada a primeira causa de cegueira irreversível no mundo, atingindo cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registra 2,4 milhões de novos casos de glaucoma anualmente, totalizando cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo.

Geralmente, a enfermidade não apresenta sintomas além da lenta perda de visão, atacando, inicialmente, apenas a visão periférica. Dessa maneira, a pessoa não consegue perceber que sua capacidade visual está sendo reduzida. Até o portador notar algum problema, já pode ter ocorrido uma perda de 60% a 80% das fibras nervosas do nervo óptico.

Pesquisas indicam que cerca de 80% das pessoas que têm a doença só procuram o oftalmologista após sentirem alterações graves. Por ser um mal progressivo e quase invisível, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar a perda da visão.

 Leo Lara/Divulgação
(foto: Leo Lara/Divulgação)

Existem alguns tipos de glaucoma, resumidamente o congênito, agudo e crônico. “O glaucoma congênito ocorre quando a criança já nasce com a doença. O glaucoma crônico é o mais comum e acomete pessoas acima de 40 anos, com história familiar e o glaucoma agudo é uma urgência oftalmológica que, se não for tratada, pode levar à cegueira irreversível", explica Marianne Sobral, docente de medicina do Centro Universitário São Camilo. “O glaucoma também pode ser secundário a complicações do diabetes, processos inflamatórios oculares como as uveítes, traumas após cirurgias de catarata, entre outros".

Segundo Eric Andrade, também docente do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo, apesar de não ter cura, a doença tem tratamento. “O ideal é a pessoa fazer uma consulta anual com o oftalmologista, principalmente acima dos 40 anos de idade, que é a faixa etária de maior risco. O tratamento, na maioria das vezes, é feito com colírios e, caso não funcione, é recomendada a cirurgia”.

A catarata, por sua vez, é a principal causa de cegueira reversível do mundo. Estima-se que mais da metade dos idosos no mundo possuem a patologia. Só no Brasil, cerca de 120 mil pessoas por ano têm o diagnóstico confirmado. A doença causa a opacidade do cristalino, que é a lente natural do olho. Dessa maneira, a visão fica embaçada e pode levar até a cegueira. De acordo com a OMS, a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no planeta, o que representa cerca de 20 milhões de pessoas. Ao contrário do glaucoma, a catarata tem cura e o tratamento é feito por meio de cirurgia, convencional ou a laser.

Blitz de Combate a Cegueira
27 de maio, sábado, de 9h às 16h
Na Praça da Liberdade, em frente ao Museu das Minas e Metais

Programação:

9h - Abertura
9h45 - Pas De Deux - Muito Além da Visão
10h10 às 10h45 - Bate papo e oficina com os bailarinos deficientes visuais Renata Mara e Oscar Benfica
11h - Pas De Deux - Muito Além da Visão
14h30 - Apresentação Grupo Desvio
15h - Encerramento - Triagem atendimentos

Evento totalmente gratuito