Entenda a importância de manter o astral elevado e ser otimista

Essas são características fundamentais para ser mais feliz e se sentir realizado

Leandro Couri/EM/D.A Press
"Chego em casa cansado, mas feliz porque tive o dia cheio de atividades. Isso tudo me trouxe alegria de viver" - Olavo Fróes, jornalista aposentado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Na década de 1990, Martin Seligman, então presidente da APA – American Psychological Association, percebeu que havia centenas de estudos sobre o sofrimento e as patologias psíquicas, mas muito pouco conhecimento sobre o que faz as pessoas viverem com mais bem-estar, felicidade e realização. Foi quando surgiu a Psicologia Positiva, movimento científico que tem como propósito estudar o lado positivo da vida e o que realmente funciona para que as pessoas sejam mais felizes e realizadas.

Mas a pretensão não é substituir a psicologia tradicional, como explica Renata Livramento, presidente e fundadora do Instituto Brasileiro de Psicologia Positiva. “Trata-se de um acréscimo, de agregar valor aos conhecimentos já construídos. É como uma linha, onde a pessoa sai do lado negativo, vai para o zero e avança para o lado positivo. Não se trata só de alegrias e maravilhas. O movimento também cuida e considera o sofrimento, mas estuda como a pessoa pode sair desse estado e se desenvolver no lado positivo com qualidade de vida e desenvolvimento pleno do seu potencial, em seus mais diversos ambientes e papéis. Saúde não quer dizer apenas ausência de doenças.”

Entender a importância de ser uma pessoa positiva faz toda a diferença na vida de Paula Assis. “Eu trabalho minha mente e os pensamentos. Cuido muito da energia que emano, tento mantê-la sempre alta e positiva, pois a energia que mandamos é a que recebemos. Busco manter pensamentos positivos e olhar o lado bom de qualquer situação. Para isso, utilizo algumas estratégias, como repetir mantras, identificar os pensamentos negativos e sabotadores e contestá-los”, conta.

Outra maneira de manter uma vida positiva é se sentir bem consigo mesmo. Foi assim com Clarisse Leão, que se revolucionou completamente ao mudar seus hábitos alimentares. “A indicação de um tratamento nutricional veio de uma massoterapeuta que estava atenta à minha saúde como um todo, me incentivando a cuidar mais de mim mesma. Foi uma revolução, meu olho brilha quando falo do assunto!”, conta animada. As melhorias em seu sono, humor, cabelo, pele e memória, possibilitadas pela nova alimentação, fizeram com que ela ganhasse um novo olhar em relação à vida.

“Acho que, quando você come um alimento apreciando-o com todos os seus sentidos, você recebe muito mais do que apenas os nutrientes ali presentes. As cores e os aromas também alimentam a nossa alma. A integralidade do alimento faz toda a diferença. Tem cor, sabor, textura e cheiro. E isso alimenta outras partes. Se não fosse assim, colocaríamos os nutrientes em pílulas e isso já seria suficiente. Essa relação com a comida tem a ver com tudo na vida. Nas relações entre as pessoas, com o trabalho, com tudo. Nós só queremos uma parte, sempre a que interessa, e assim perdemos a riqueza do todo. Fica tudo partido, fragmentado”, diz.

Estudante e praticante de medicinas e tradições orientais, Clarisse credita a elas sua nova visão, assim como a disciplina necessária para manter sua alimentação saudável. “É algo que conquistei ao longo de muitos anos por meio da meditação e outras práticas de autoconhecimento e desenvolvimento interior.” Mas os cuidados não param por aí. Ela entende que saúde não é só cuidar do corpo, e mantém saudáveis também suas relações interpessoais e sociais. “É importante ter bom humor para cumprimentar as pessoas que a gente geralmente não vê na rua, ser gentil no trânsito, participar da vida comunitária com qualidade... Essas relações sociais passam por cuidar do mundo de uma maneira mais ampla.”

Pessoas felizes vivem mais

Há anos, cientistas de várias partes do mundo vêm realizando pesquisas sobre a relação da felicidade com a saúde. Já existe uma série de estudos que comprovam a influência do bem-estar emocional com a longevidade, uma vez que alegria também gera força.

Além disso, na terceira idade, há muita liberdade a ser desfrutada, como lembra a psicóloga Adréa Aguiar: “Passamos muito tempo da vida fazendo coisas que nos causam estresse. Por isso, esse é o momento de se envolver em atividades que causem alegria, prazer e êxtase”. Andrea recomenda a participação em atividades que façam a diferença na vida de alguém, como ajudar na criação dos netos, cuidar de animais ou de uma horta, por exemplo. Para os amantes da tecnologia, que tal criar um blog ou uma página nas redes sociais e compartilhar as experiências adquiridas ao longo da vida? Tudo o que possa melhorar a vida de outra pessoa aumentará o bem-estar e promoverá felicidade. E é assim em todas as etapas da vida.

Não importa qual o tipo de atividade escolhida: sendo doméstica, artística ou esportiva, o negócio é não ficar parado. “A escolha de uma atividade específica deve ser individualizada e depende do perfil de cada um. Podem variar entre atividades de lazer como a dança, tarefas em casa ou até mesmo simples caminhadas ao ar livre. O mais importante é que sejam realizadas continuamente, de forma regular”, explica Paula Alves Silva Araujo Gabriel, médica geriatra do Hospital Madre Teresa.

Uma vida ativa é sinônimo de felicidade e realização. É o que Olavo Fróes, de 69 anos, vive na pele todos os dias. Há nove anos, o jornalista aposentado usufrui dos benefícios oferecidos pelas várias atividades que pratica no projeto de extensão Educação Física para a Terceira Idade, da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Por meio de uma vizinha, Olavo conheceu o programa que diz ter mudado a sua vida. “Hoje, sou um homem feliz. Se antes eu me via muito à toa, indo sempre aos mesmos lugares, agora estou cheio de energia e jovialidade”, conta com convicção.

Aluno das aulas de ginástica, pilates, dança de salão, hidroginástica, dança experimental e informática, Olavo passa o dia todo na universidade. “Acordo cedo, às 6h30, faço o café, passeio com os meus dois cães de estimação e venho para o projeto. Chego de manhã, almoço aqui e só vou embora à tardinha. Quando tenho aula de dança, só saio à noite”, diz o aposentado, que encontra prazer até mesmo no cansaço: “Chego em casa cansado, mas feliz porque tive o dia cheio de atividades. Isso tudo me trouxe alegria de viver”.

O projeto, que completa 25 anos em 2017, atende atualmente 300 pessoas a partir dos 45 anos, sem limite de idade. São oferecidas aulas de dança de salão, hidroginástica, informática e ginástica coletiva, onde o objetivo é melhorar a aptidão física dos alunos. “Além disso, fazemos um passeio a cada dois meses. Já fomos para o Inhotim, para a Vale Verde, para sítios e museus. Ano passado, eles foram ao Santuário do Caraça. Tudo é bem descontraído e animado, em um clima de muita amizade”, conta Vinicius Gomes, professor de educação física e supervisor pedagógico do programa.

Além da alegria gerada pela socialização, o projeto se preocupa em fortalecer a saúde física dos participantes, principalmente os mais idosos. “O exercício físico, de maneira geral, traz muitos benefícios para esse público. Melhora a capacidade cardiorrespiratória, diminui o número de quedas, fortalece a musculatura, aumenta a densidade mineral óssea e, principalmente, retarda os declínios físicos e cognitivos que ocorrem com o processo de envelhecimento”, explica Vinícius.

Pai de três filhos a avô de seis netos, a saúde é prioridade na vida de Olavo. Com a prática contínua das atividades, ele percebeu uma grande melhora: “Tudo na minha vida mudou para melhor. Hoje não fumo, não bebo, e tenho minha pressão e glicose controladas”, diz com empolgação e gratidão na voz ao contar também que, além das atividades oferecidas pela EEFFTO, faz teatro na Escola de Belas-Artes e não abre mão de uma caminhada diária.

“Felicidade pra mim é vida ativa. É saber viver e viver com qualidade. E uma vida com qualidade é uma vida repleta de atividades. Sonhos só são realizados quando se tem vontade de viver. Felicidade é estar vivo”, diz. Para o futuro, a esperança de ver um país melhor e recuperado. No âmbito pessoal, seus planos se resumem em apenas um: ser feliz. “Espero continuar aqui, fazendo tudo o que faço, vivendo assim para chegar aos 95 anos como o meu pai. Viver, e viver com qualidade”, ressalta Olavo Fróes.

PALAVRA DE ESPECIALISTA
Ailla Pacheco, psicoterapeuta e professora de ioga

Conexão exterior


 “O desequilíbrio é fruto da desconexão com o nosso Eu. O mundo externo pode estar um caos e, ainda assim, você pode encontrar a calmaria dentro de si. Mil e uma são as decepções da jornada, as incertezas, os sustos e os imprevistos no caminho. Por isso, a felicidade é um estado transitório. A sabedoria está na compreensão de assimilar cada obstáculo com gratidão, como oportunidade de crescimento pessoal. E desenvolver estratégias para gerenciar suas emoções diante desses desafios, porque eles nunca cessam. E entender que quando uma porta se fecha outra se abre. Quando um caminho termina, outro começa. Nada é estático no Universo, tudo se move sem parar e tudo está em constante transformação para o nosso melhor.”