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A médica explica ainda que o mecanismo é uma forma de defesa. Assim que o perigo é percebido, há intensa liberação de adrenalina, dando mais energia e força para o corpo reagir — seja correndo, nadando, seja lutando contra a ameaça. Em alguns casos, contudo, o organismo, mesmo repleto de adrenalina, não reage. “Em animais, nos quais esse mecanismo é mais bem estudado, essa é uma forma de fugir da atenção do predador, muito sensível para detectar movimentos”, explica Helena Moura. “Assim, a presa fica de olho no predador ao mesmo tempo que tenta passar despercebida, podendo deixar a luta ou fuga apenas para o caso de esse mecanismo falhar.”
A ciência ainda não sabe por que algumas pessoas enfrentam a paralisia após eventos traumáticos, mas, segundo Helena Moura, alguns estudos indicam que o fenômeno está relacionado à exposição prévia a outros perigos. “Imobilidade tônica é uma reação que pode surgir quando a luta ou a fuga falhou, ou quando o indivíduo percebeu que não havia outra alternativa”, completa. Aqui, ao contrário do congelamento, o corpo não está pronto para reagir e há um relaxamento da musculatura. No mundo animal, seria o equivalente ao “fingir-se de morto” — uma tentativa de fazer o predador perder o interesse pela caça. “Em humanos, tem sido descrito em casos de estupro (e tem ajudado alguns advogados a defender suas vítimas da acusação de que não reagiram propositalmente), entre sobreviventes de ataques de guerra e também entre vítimas de acidentes de carro.”