Anatomia das crianças pequenas favorece episódios de dor de ouvido durante viagens de avião; entenda

Saiba como agir nos momentos do chorinho da decolagem

por Gláucia Chaves 11/05/2016 11:30
Se você costuma viajar de avião, provavelmente já presenciou a cena: durante a decolagem ou o pouso, bebês e crianças começam a chorar compulsivamente. De acordo com Márcia Voltolini, otorrinolaringologista da Clínica Otorrino DFace e especialista em medicina aeroespacial, a pressão e a altitude têm efeito mais acentuado nos pequenos. Ela explica que, em voos comerciais, as cabines são pressurizadas. Isso significa que a pressão interna é constante, por mais elevada que seja a altitude do voo — enquanto o avião está entre 25 a 51 mil pés, a pressão da cabine gira em torno dos 6 a 8 mil pés. Quanto maior a altitude, menor a pressão e mais espaço os gases ocupam. A dor de ouvido surge quando o organismo não consegue equalizar a pressão entre a parte média do ouvido e o meio externo. Em crianças, o problema é mais frequente por conta da estrutura das tubas auditivas, menores que as dos adultos.

O incômodo, chamado barotrauma, pode piorar caso a criança esteja passando por algum processo inflamatório, como gripe ou crises alérgicas. “A dificuldade de equalizar a pressão também pode ocorrer devido a um inchaço na tuba auditiva”, frisa Márcia Voltolini. Mas o que fazer caso a criança fique gripada bem no dia de viajar? Se possível, a orientação é adiar o passeio. “O ideal é procurar um otorrino para prescrever um tratamento descongestionante, porque, para cada idade, há uma forma de tratar”, ensina a médica.

A tuba auditiva se abre quando engolimos ou bocejamos. Quando estamos acordados, abrimos a boca ou engolimos saliva pelo menos uma vez por minuto, mesmo sem perceber. Quando estamos dormindo, essa média cai para uma vez a cada cinco minutos. “Cada vez que engolimos, o ar da orelha média é renovado e isso ajuda a equalizar a pressão”, completa. Por isso, o ideal é deixar a criança acordada durante o procedimento de descida. “Também ajuda dar alguma coisa para ela sugar ou beber, pois favorece a abertura da tuba”, aconselha Márcia Voltolini.

Valdo Virgo / CB / D.A Press
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