Você conhece a Síndrome do Edifício Doente?

Bactérias, fungos e ácaros transitam em todos os ambientes e objetos das residências - do quarto às panelas. Invisíveis e mais atuantes no verão, eles provocam alergias, intoxicação e infecções

por Carolina Cotta 26/01/2016 15:00
Verão. Sinônimo de praia, férias e calor. De mofo também. Ambientes úmidos, com pouca luminosidade e ventilação, são a cara da temporada de chuva e sol e um cenário propício para uma casa nada saudável. Não há situação mais adequada para os fungos, que trazem ácaros e bactérias. Estudos brasileiros recentes têm se dedicado a compreender a Síndrome do Edifício Doente, quando a estrutura física do prédio é habitada por vários micro-organismos, há vigas expostas, paredes com mofo e ainda equipamentos, como ar-condicionado, sem manutenção. A combinação desses problemas leva ao adoecimento dos moradores e preveni-los passa por cuidados básicos na moradia.

Não é difícil reconhecer o cheiro característico de mofo em armários e roupas, muito menos suas manchas verdes nas paredes, por exemplo. Alérgicos e pessoas sensibilizadas, como as que trabalham com produtos químicos, são os mais prejudicados, mas ninguém escapa ao cheiro forte. Segundo os alergistas, é preciso evitar o contato porque fungos provocam doenças graves de pele e do aparelho respiratório, como micoses, alergias e bronquite asmática. Quem tem rinite pode ter uma crise de asma. E há o risco de os não alérgicos desenvolverem sinusite ou pneumonia fúngica.

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Segundo o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria, além de provocar problemas de saúde, os fungos são alimentos para ácaros. E, na comida, o bolor pode atrair bactérias. Combatendo os fungos, portanto, combatem-se ácaros e bactérias indiretamente. Os ácaros são aracnídeos muito pequenos que se alimentam da poeira doméstica quando há muita umidade no ambiente. Isso porque 85% da poeira doméstica é formada pela pele humana que descama e, em umidade superior a 65% ou 70%, vai formar bolor, o alimento do ácaro.

“O ácaro não come a poeira, mas sim o bolor que se forma. Para combatê-los, é preciso diminuir a umidade e, assim, o bolor”, explica o Dr. Bactéria. A maior concentração dessa ameaça à saúde é nos quartos. “Se ele encontra alimento, se reproduz. E uma grande população de ácaros significa muitas fezes de ácaro. São elas as responsáveis pelas reações alérgicas, principalmente associadas à rinite e à asma”, explica o especialista. A melhor maneira de combater o problema é deixar o ambiente bem seco. “Umidificadores, bacias com água e toalhas molhadas para espantar o tempo seco, por exemplo, são uma péssima ideia. Melhor usar soro fisiológico”, ensina o biomédico.

O ar-condicionado, por outro lado, resseca o ar. Além da umidade, é preciso combater a poeira, evitando bichinhos de pelúcia, tapetes, carpetes, livros e revistas antigos e cortinas com muito tecido. “Ambiente limpo e seco não agrada aos ácaros”, comenta o biomédico, acrescentando que o filtro do ar-condicionado deve ser limpo uma vez por semana. O sistema, que carece de manutenção feita por profissionais especializados, deve passar por uma limpeza completa ao menos uma vez ao ano.

Na cozinha, alguns alimentos são ideais para as bactérias que crescem onde surge bolor. Por isso, é preciso cuidar da refrigeração dos alimentos para, novamente, evitar fungos, que atraem bactérias. “Alimentos perecíveis não podem passar mais de duas horas em temperatura ambiente. Pão de forma, depois de aberto, só pode ficar na geladeira. Assim como todas as frutas, com exceção da banana”, ensina o biomédico, que chama a atenção para o fato de que os restos de alimentos não podem entrar na geladeira descobertos.

Sem cor
Ao contrário do que se pensa, o fungo não é verde ou azulado, mas transparente. O que vemos são os milhões de esporos que eles depositam: cada um dará origem a um novo fungo. É esse esporo que provoca os processos alérgicos, assim como problemas pulmonares, como a pneumonia fúngica, além de otites e problemas nos olhos.