Homem foi 'programado' para engordar no inverno, revela estudo

Pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, afirmam que, hoje, o homem tem à disposição alimentos muito mais calóricos do que necessitaria, logo, não se preparou, ao longo da evolução para recusá-los

07/01/2016 08:30

Flickr/reprodução da internet
Evolução do ser humano não acompanhou o crescimento da oferta de alimentos ricos em gordura (foto: Flickr/reprodução da internet)
 

Manter-se firme na dieta é especialmente mais difícil durante o inverno. E a causa disso seria a maneira como o ser humano evoluiu, afirmam pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Segundo os pesquisadores, ainda não existe um mecanismo evolutivo que ajude as pessoas a serem mais fortes que o desejo por doces e comidas gordurosas, porque, no passado, ter sobrepeso não representava um grande risco à sobrevivência, comparado ao perigo de estar desnutrido. Como em épocas frias a escassez de alimentos era ainda maior, nossos ancestrais foram programados a comer mais no inverno, e nós simplesmente herdamos essa tendência deles.

Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo, publicado esta semana na revista especializada Proceedings of the Royal Society B, usaram um modelo computacional no qual calcularam quanto de gordura diferentes espécies deveriam armazenar, tomando como base a ideia de que a seleção natural forneceu aos animais (inclusive o homem) uma estratégia perfeita para manter um peso saudável. Segundo o modelo, todo organismo deveria oscilar pouco em torno de um peso corporal ideal, ganhando ou perdendo peso quando fosse necessário para manter a massa adequada.

Os cálculos mostraram que, hoje, o homem tem à disposição alimentos muito mais calóricos do que necessitaria, logo, não se preparou, ao longo da evolução para recusá-los. Como, no passado, ficar acima do peso era algo mais raro e menos perigoso, a resposta inconsciente de emagrecimento nos humanos se desenvolveu de maneira menos eficiente, não sendo páreo hoje para a recompensa que sentimos quando saboreamos guloseimas.

“Seria esperado que a evolução nos tivesse dado a habilidade de perceber quando comemos o suficiente, mas mostramos pouco controle quando encaramos comida artificial. Como os alimentos hoje têm muito açúcar e sabor, a vontade de ingeri-los é maior que qualquer mecanismo evolucionário que nos diga para não os comer”, diz o principal autor do estudo, Andrew Higginson, da Faculdade da Vida e Ciências Ambientais da Universidade de Exeter.

“Nosso modelo também prevê que animais deveriam ganhar peso quando é mais difícil de achar comida. Todas as espécies, incluindo o homem, deveriam mostrar efeitos sazonais na tendência de ganhar peso. Armazenar gordura é uma reação ao risco de fracassar na busca por alimento, o que, para homens que viveram antes da era industrial era basicamente no inverno”, acrescenta o especialista.