Chia tem efeitos benéficos no organismo, mas o seu consumo exige parcimônia

Ingerir a semente em excesso pode resultar em ganho de peso

por Revista do CB 09/12/2015 15:00

Luciane Evans/EM/D.A Press
Indicada por musas fitness, como Gabriela Pugliesi, Lalá Noleto e Carol Buffara, a chia ganhou a simpatia de quem busca o corpo perfeito (foto: Luciane Evans/EM/D.A Press)
Chia é o nome popular da Salvia hispanica, uma planta herbácea da família das lamiáceas, de origem das regiões da Guatemala, do México e da Colômbia. Ela é especialmente conhecida por sua semente, que, recentemente, caiu no gosto dos adeptos de dietas e da alimentação saudável. E não é por menos, uma vez que oferece diversos benefícios ao corpo: é fonte de fibras, de antioxidantes, de cálcio, de magnésio, de fósforo, de ômega 3 e de manganês. A ingestão das sementes auxilia na perda de peso, no controle do apetite e favorece a redução do colesterol.

Indicada por musas fitness, como Gabriela Pugliesi, Lalá Noleto e Carol Buffara, a chia ganhou a simpatia de quem busca o corpo perfeito. Para muitos, o consumo dela é visto como uma forma de atingir mais rapidamente seus objetivos. Apesar disso, é importante saber que existem algumas contraindicações e orientações que devem ser seguidas atentamente em relação ao seu uso. “Um alimento que pode atuar como remédio para um indivíduo, para outro pode não surtir o mesmo efeito. Pessoas com doenças inflamatórias intestinais e pacientes com quadros de diarreia, por exemplo, devem evitar o consumo”, explica a nutricionista Simone Santos.


Zuleika de Souza/CB/D.A.Press
Marina Brazil Bonani, 35 anos, inclui as sementes de chia na sua alimentação há aproximadamente três anos (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A.Press)


A servidora pública Marina Brazil Bonani, 35 anos, inclui as sementes de chia na sua alimentação há aproximadamente três anos. Ela afirma que sempre soube das contraindicações do alimento e foi orientada pelo nutricionista, além de ter pesquisado por conta própria a chia antes de começar a consumi-la. “Tudo em excesso faz mal. A chia possui grandes quantidades de carboidratos. Se consumida de forma exagerada, pode gerar, inclusive, ganho de peso”, diz Marina. Outro risco causado pela ingestão em abundância é a constipação intestinal. Por essa razão, a servidora diz que bebe muita água após consumir as sementes.

O exagero não é garantia de resultados melhores e mais rápidos. Pelo contrário, a nutróloga afirma que, como toda semente, a chia é calórica. Então, se o consumo for acima do indicado, pode causar uma surpresa nada agradável na balança. A recomendação diária de ingestão de fibras é de 25g e é preciso levar em consideração que, ao longo do dia, serão ingeridas outras fontes de fibra alimentar. “Excesso de fibra na dieta atrapalha a absorção de outros nutrientes, principalmente os minerais. O consumo não deve ser superior a duas colheres de sopa ao dia. Usualmente, recomendo em minhas prescrições apenas uma”, ressalta Simone.

A profissional sugere que se evite o consumo das sementes secas diretamente, pois elas podem ser hidratadas pelos fluídos orgânicos, como saliva e muco, causando alguns transtornos no trajeto do alimento até o final gastrointestinal. “A chia deve ser hidratada antes de seu consumo, para melhor aproveitamento nutricional, mas pode ser adicionada em pequenas quantidades, salpicada na salada de frutas, no iogurte ou na massa de tapioca”, aconselha a profissional.

Disciplinada, Marina diz que nunca teve problemas, pois segue uma alimentação bem regrada e faz acompanhamento com nutricionista. Para ela, os maiores benefícios de associar a chia em sua alimentação foram o ganho de energia e a sensação de saciedade. “Tenho resistência à insulina e, às vezes, ficava indisposta. Hoje, não sinto mais isso”, relata. Ela conta que sempre hidrata as sementes de chia, mesmo que seja por cinco minutos e não fica mais sem as sementes. “Na hora em que acaba, saio correndo e compro mais”, disse.

O endocrinologista Flávio Cadegiani ressalta que pacientes com o intestino irritável podem ter problemas inflamatórios ao usar a chia, mas explica que há outras formas de consumi-la. “Um paciente com diverticulite, por exemplo, pode utilizá-la em pó para reduzir os riscos. Em casos mais extremos, existem outros alimentos que podem substituir a chia, por isso a importância do acompanhamento médico”, defende. O médico recomenda que se comprem as sementes e as triture em casa, para garantir a qualidade e a eficiência. De acordo ele, a chia em pó é ótima para misturar a vitaminas e todos podem se beneficiar dessa apresentação do alimento. Segundo Flávio, o aproveitamento das fibras solúveis e insolúveis e antioxidantes é ainda maior quando as sementes estão moídas.

Apesar de o alimento parecer ideal para todos os tipos de organismos, o endocrinologista alerta: é necessário identificar as particularidades de cada indivíduo, minimizando riscos e potencializando os benefícios do alimento. “Existem alimentos muito bons, mas existe também uma individualidade na resposta de cada paciente. É preciso buscar o que funciona melhor em cada caso”, disse. Questionado se há algum risco metabólico no consumo da chia, ele garante que não, mas chama a atenção para um outro problema: “A chia pode favorecer a constipação e quadros de diarreia”, explica.

A estudante Manuela Fleury, 22 anos, inclui a chia em suas refeições desde que o alimento começou a ficar famoso. Ela conta que ficou surpresa ao saber das contraindicações e que sua primeira atitude foi suspender o uso. “Uma pessoa compartilhou um texto no Facebook e eu fiquei chocada. Houve tantos estudos falando tão bem do alimento, e eu nunca tinha visto ninguém falar nada sobre restrições”, disse Manuela. Ela gosta de ingerir as sementes de chia com frutas ou iogurte pela manhã. Assim como Marina, a estudante destaca a sensação de saciedade provocada como uma das maiores vantagens do alimento.

A nutricionista conta que esse mesmo conteúdo foi publicado várias vezes em sua página na rede social por pacientes que ficaram preocupadas. Mesmo assim, Simone defende que é preciso tomar cuidado com o que se lê: “Alguns textos são muito sensacionalistas, por isso o papel de um profissional de saúde é essencial. As restrições existem, mas variam de um caso para o outro. Não se pode generalizar” alerta.

Propriedades nutricionais presentes em 100g de chia
* 545 kcal
* 16g de proteína
* 44g de carboidratos
* 31g de lipídios