Brasil pode bater meta em relação à aids em 2020

Taxa de detecção da doença caiu 5,5% e objetivos para supressão da carga viral estão perto de ser alcançados. No entanto, jovens preocupam

por Estado de Minas 02/12/2015 14:47
EM/ D.A Press
Meta de '90/90/90' deve ser alcançada até 2020: 90% da população infectada com o vírus com diagnóstico da sua condição, 90% em tratamento e 90% da carga viral suprimida (foto: EM/ D.A Press)
Brasília – O Brasil pode conseguir alcançar a meta de 90/90/90 até 2020 no que diz respeito à Aids – 90% da população portadora do vírus com diagnóstico da sua condição, 90% em tratamento e 90% da carga viral suprimida. O indicativo é do boletim epidemiológico da doença, feito pelo Ministério da Saúde e divulgado nesta terça-feira (01/12), dia mundial da doença. O documento mostrou ainda que a taxa de detecção de Aids no país caiu 5,5%, de 2013 para 2014. Ano passado, foram identificados 19,7 casos por 100 mil habitantes. No ano anterior, a marca era de 20,8 por 100 mil. Em valores absolutos, foram constatados 39.951 casos de Aids em 2014 e, em 2013, 41.814.

Os números foram comemorados pelo diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita. “Nunca testamos tanto, e, mesmo assim, as taxas foram mais baixas”, comentou. Os dados demonstram que, em 2014, foram realizados 7,8 milhões de testes e, neste ano, 9,6 milhões. De acordo com Mesquita, o Brasil já alcançou, entre a população adulta, a meta de suprimir a quantidade de vírus circulante no organismo em pacientes testados. O objetivo é alcançar a supressão viral (níveis de HIV equivalentes a zero) em 90% dos pacientes tratados.

“Precisamos ainda melhorar os números entre crianças. No momento, estamos a dois pontos porcentuais para alcançar a meta geral”, disse. Na avaliação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, o comportamento da epidemia, revelado pelo boletim epidemiológico, indica que o país vai conseguir alcançar a meta de 90/90/90 até 2020.

Indicadores expressivos
O ministro afirmou ser necessário sobretudo melhorar os indicadores de Aids entre jovens. Os indicadores nessa população ainda preocupam de forma significativa. “Esse é um problema que não é exclusivo no Brasil, é um fenômeno mundial e é resultado de vários fatores”, comentou. A faixa etária que mais preocupa, de acordo com Mesquita, é a que está entre 15 e 24 anos. “Não é comparativamente a população que tem os maiores indicadores. Em números absolutos, os números são mais relevantes entre maiores de 24 anos. Mas é no grupo entre 15 e 24 que a velocidade de expansão é mais alta”, afirmou.

Em 2014, a taxa de detecção por 100 mil habitantes era de 6,7 por 100 mil na população de homens de 15 a 19 anos. Um indicador muito mais expressivo do que o apresentado, por exemplo, em 2007, quando eram identificados 2,8 casos a cada 100 mil habitantes. Na faixa etária de homens entre 20 e 24 anos, o avanço também foi muito significativo: saltou de 5,2 para 30,3 por 100 mil. Entre mulheres, o comportamento não foi o mesmo. Entre 15 e 19 anos, o indicador passou no período de 3,7 para 4,2 por 100 mil. Na faixa etária de 20 a 24 anos, o comportamento foi oposto: uma queda de 14,5 para 12 por 100 mil habitantes. Um dos pontos considerados essenciais pelo governo é a disponibilização, prevista para o próximo ano, de autotestes de HIV. “É uma ferramenta útil, sobretudo para pessoas que se sentem constrangidas de pedir o exame para o médico”, disse o ministro. A estimativa é de que, atualmente, 781 mil pessoas vivam no Brasil com HIV. Desse total, 649 mil sabem da condição.

Tratamento preventivo é validado
Resultados de um estudo francês que mostra que um tratamento preventivo contra a Aids feito antes e após as relações sexuais permite reduzir em 86% o risco de infecção foram publicados ontem pela revista médica americana New England Journal of Medicine. Os resultados do ensaio Ipergay, conduzido com 414 homossexuais franceses e canadenses HIV negativos, já havia sido apresentado publicamente em fevereiro na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, nos Estados Unidos. Mas eles não tinham sido publicados em revista médica de referência, como é a regra na comunidade científica. A publicação coincidiu com o Dia Mundial contra a Aids e foi divulgada uma semana depois de a França dar sinal verde para o uso do Truvada – combinação de antirretrovirais do laboratório norte-americano Gilead já usada pelos pacientes – como uma ferramenta para a prevenção. O estudo coordenado pela Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids (ANRS) baseou-se num tratamento avulso, com dois comprimidos de Truvada tomados antes da relação de risco, um terceiro no dia seguinte e um quarto dois dias mais tarde. Metade do grupo estudado recebeu Truvada, e a outra metade, um placebo. Dezesseis infecções ocorreram durante os nove meses de follow-up dos participantes, incluindo 14 no grupo placebo e dois no grupo Truvada, mas os autores observam que ambos interromperam o tratamento várias semanas antes da infecção. Para Jean-Michel Molina, um dos autores do teste, “os resultados do estudo mostram, por um lado, que o risco de infecção pelo HIV é muito elevado na França e no Canadá nas populações de risco e, por outro, que o tratamento preventivo permite uma redução import