Distrofia de Duchenne afeta células-tronco

Doença afeta aproximadamente um em cada 3,6 mil meninos e é causada por mutações genéticas

por Correio Braziliense 18/11/2015 14:00
Pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, descobriram que a distrofia muscular de Duchenne (DMD) prejudica o funcionamento de células-tronco que geram estruturas importantes para a manutenção muscular. A DMD afeta aproximadamente um em cada 3,6 mil meninos e é causada por mutações genéticas que resultam na perda da proteína distrofina, levando à fraqueza progressiva do paciente e à morte dele na segunda ou terceira década de vida. Detalhes da descoberta foram publicados na revista Nature Medicine.

Durante muitos anos, acreditou-se que a distrofina era encontrada apenas em fibras musculares. Mas a equipe liderada por Michael Rudnicki, autor-sênior do novo estudo, detectou que as células-tronco musculares também expressam a proteína. Na falta dela, essas células-tronco produzem 10 vezes menos moléculas precursoras de fibras musculares funcionais, que respondem pelo reparo muscular após lesões normais e exercícios. A equipe de pesquisadores também descobriu que a distrofina orienta as células-tronco musculares no tecido.

“Sem distrofina, elas não sabem dizer qual o caminho é para cima e para que lado é para baixo”, conta Rudnicki, em comunicado à imprensa. “Isso é crucial porque as células-tronco do músculo precisam sentir seu ambiente para decidir se produzem mais células-tronco ou formam novas fibras musculares. Sem essa informação, elas não conseguem se dividir corretamente nem reparar o músculo danificado”, detalha. A pesquisa foi feita com camundongos, mas acredita-se que os resultados se apliquem também em humanos porque que a distrofina é quase idêntica em todos os animais.

Os tratamentos atuais para a DMD estão limitados a intervenções que impedem a progressão da doença. Abordagens experimentais, como terapia genéticas, são investigadas. Agora, a pesquisa da Universidade de Ottawa sugere que as abordagens se dirijam a células estaminais musculares e às fibras. “Eu não tenho certeza se curaremos a DMD, mas estou muito esperançoso de que, algum dia, tenhamos novas terapias que corrijam a capacidade das células-tronco musculares de reparar os músculos dos pacientes, transformando a doença devastadora e letal em uma condição crônica e controlável”, aposta o pesquisador.