Com foco em autoconhecimento e equilíbrio, a antiginástica traz um conceito diferente de atividade física. Sobretudo, a atividade não é apenas um exercício — é um trabalho pedagógico. As sessões de antiginástica trazem uma variedade de movimentos suaves, que proporcionam consciência corporal e despertam questões psicológicas.
Conhecida desde a década de 1970, a técnica foi divulgada primeiramente pela autora francesa Thérèse Bertherat. Ela escreveu o best-seller O corpo tem suas razões e mais cinco obras sobre o tema. Hoje, a técnica é aplicada em mais de 20 países. Qualquer pessoa pode aderir, a não ser que tenha alguma limitação séria para exercícios em geral.
Claudia Chabalgoity, 44 anos, é ex-atleta e viu sua vida mudar após a antiginástica. Ela conta que conheceu a abordagem por meio de uma amiga, há 2 anos. “Eu era atleta e, claro, sofria muita pressão. Tem a questão dos traumas corporais também”, conta. A maior dificuldade era a ansiedade. “Eu vim de um ritmo muito acelerado. Sofri muito com essa cobrança que todo atleta tem. Além (do alívio) das tensões musculares, eu mudei muito quanto à ansiedade”, afirma Claudia.
Sobre o autoconhecimento, Chabal garante: “Eu já tinha a questão de me conhecer porque o esporte trabalha isso em você. Mas, com essa pedagogia, eu encontrei uma nova forma de me enxergar. Eu conheci meus limites”. A atividade também ajudou a diminuir as dores no corpo e ela diz que, em termos de relaxamento, foi a melhor atividade que já experimentou. “Eu me sinto mais leve, mais equilibrada, até mesmo para outras atividades. Faço caminhadas e exercícios de baixo impacto. Inclusive, sono mudou. Hoje, durmo muito melhor.”
Principais benefícios
- confiança
- consciência corporal
- autoestima
- autoconhecimento
- melhor qualidade do sono
- melhor respiração
- melhor circulação
- postura
- preparação para outras atividades físicas
- redução da ansiedade
Indicação para
- hérnia de disco
- dores musculares
- problemas posturais
- artrite
- enxaqueca
Origem contestadora
O nome “antiginástica” gera muita confusão. Pois saiba que a antiginástica não é contra a ginástica. Muito pelo contrário. O termo foi criado na época da antipsiquiatria, quando os herdeiros do maio de 1968 francês questionavam padrões sociais. É importante entender a história para aprender a essência da pedagogia.
Thérèse Bertherat era contra a abordagem corrente dos exercícios físicos e resolveu desenvolver um novo modo de alongamento. Para a criadora, o importante não era adestrar o corpo nem esculpir uma forma. Em vez disso, queria resgatar a forma natural do corpo. “Thérèse criou o termo pois não aceitava o corpo sendo tratado como uma máquina. Muitas vezes, impomos um ritmo que nossa cabeça suporta, mas o físico não acompanha. É uma ligação direta com o psiquismo”, detalha Isabel Nabuco.
A frequência é uma diferença notável. A antiginástica é praticada apenas uma vez por semana. “É um trabalho de consciência corporal, com o objetivo de colocar o corpo no eixo”, explica. “Além das cadeias musculares, olhos, boca e língua são trabalhados. Durante as sessões, conversamos bastante. Isso faz muita diferença no resultado final”, afirma Nabuco.
Outra ideia central na pedagogia é que existe uma memória corporal, ainda que as células se renovem constantemente e as lesões seja efetivamente curadas. Trata-se de um mecanismo regido pela mente. “Algumas pessoas não conseguem fazer alguns exercícios por fatores emocionais. A antiginástica trabalha nesses pontos de bloqueio”, explica o ortopedista Julian Machado. “Existem doenças que comprovam como o corpo comanda a mente. A síndrome do pânico é um exemplo claro disso”, complementa o médico.